Jornal Voz da Verdade

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21.02.2016

Papa |

Roma

Papa encoraja jovens a enfrentar as amea�as da droga e do crime

O Papa Francisco visitou o M�xico, tendo tocado nas feridas do narcotr�fico, da viol�ncia, da corrup��o, do tr�fico de pessoas e da exclus�o. O Santo Padre desafiou os jovens, as fam�lias e os ind�genas. Antes, em Cuba, encontrou-se com o Patriarca de Moscovo.

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1. Os jovens mexicanos encheram o est�dio de Morelia para ouvir o Papa Francisco dizer-lhes que eles s�o o tesouro daquele pa�s. “V�s sois a riqueza do M�xico, v�s sois a riqueza da Igreja. Compreendo que muitas vezes se torna dif�cil sentir-se tal riqueza, quando estamos continuamente sujeitos � perda de amigos ou familiares nas m�os do narcotr�fico, das drogas, de organiza��es criminosas que semeiam o terror. N�o � verdade que a �nica forma poss�vel de viver, de poder ser jovem seja deixar a vida nas m�os do narcotr�fico ou de todos aqueles que a �nica coisa que fazem � semear destrui��o e morte. � gra�as a Ele que podemos dizer que n�o � verdade que a �nica forma que os jovens t�m de viver aqui seja na pobreza e na marginaliza��o: marginaliza��o de oportunidades, marginaliza��o de espa�os, marginaliza��o da forma��o e educa��o, marginaliza��o da esperan�a. Jesus Cristo � Aquele que desmente todas as tentativas de vos tornar in�teis, ou meros mercen�rios de ambi��es alheias”, garantiu Francisco, que � entrada do est�dio foi acolhido aos gritos de “esta � a juventude do Papa”, no encontro que decorreu ter�a-feira, dia 16 de fevereiro. Antes, o Papa encontrou-se com os religiosos, tendo dito a padres, freiras, consagrados e seminaristas que n�o podem ser “funcion�rios do divino”. A resigna��o � “uma das armas preferidas do dem�nio”, alertou.

Para quarta-feira, dia 17, ficou reservada a visita � Cidade Ju�rez, conhecida como um centro de narcotr�fico e que j� foi uma das cidades mais perigosas do mundo. � noite, Francisco regressou a Roma, onde dever� ter chegado na quinta-feira por volta da hora do almo�o, ap�s o fecho desta edi��o.

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2. O Papa Francisco diz que prefere uma fam�lia ferida a uma sociedade com medo de amar. Num discurso proferido durante um encontro com fam�lias, na capital do Estado de Chiapas, no M�xico, na segunda-feira � tarde, dia 15 de fevereiro, Francisco comparou a fam�lia � Igreja. “Como disse j� mais de uma vez (referindo-me � Igreja, mas penso que se possa aplicar tamb�m � fam�lia), prefiro uma fam�lia ferida que cada dia procura harmonizar o amor, a uma sociedade enfermi�a pelo confinamento e a comodidade do medo de amar. Prefiro uma fam�lia que procura uma vez e outra recome�ar a uma sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto. Prefiro uma fam�lia com o rosto cansado pelos sacrif�cios aos rostos embelezados que n�o se entendem de ternura e compaix�o”, salientou o Papa, ap�s ter ouvido testemunhos de alguns mexicanos, em representa��o da multid�o de fam�lias que encheu o recinto. Da parte da manh� deste dia, em San Crist�bal de Las Casas, no Estado de Chiapas, o Papa apelou a um “exame de consci�ncia” pela forma como os ind�genas foram tratados. Francisco pediu depois aos jovens das comunidades ind�genas do M�xico para manterem a sabedoria dos seus antepassados para combater uma “cultura do descarte”.

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3. No Domingo, 14 de fevereiro, o Papa presidiu � Missa em Ecatepec, nos arredores da Cidade do M�xico, perante cerca de um milh�o de pessoas, e insistiu na den�ncia do tr�fico, da pobreza e da explora��o do homem pelo homem. “Desejo convidar-nos novamente hoje a estar na vanguarda, a ser pioneiros em todas as iniciativas que possam ajudar a fazer desta aben�oada terra mexicana uma terra de oportunidades; onde n�o haja necessidade de emigrar para sonhar; onde n�o haja necessidade de se deixar explorar para ter emprego; onde n�o haja necessidade de fazer do desespero e da pobreza de muitos ocasi�o para o oportunismo de poucos. Uma terra que n�o tenha de chorar homens e mulheres, jovens e crian�as que acabam destru�dos nas m�os dos traficantes da morte”, referiu.

Neste dia, Francisco visitou o hospital pedi�trico na Cidade do M�xico e foi surpreendido por uma crian�a que cantou o ‘Ave Maria’. “Quero pedir a Deus que vos aben�oe, que vos acompanhe e aos vossos familiares, a todas as pessoas que trabalham nesta casa e procuram que estes sorrisos continuem a crescer cada dia; a todas as pessoas que, n�o s� com medicamentos mas sobretudo com a ‘carinhoterapia’, ajudam para que este tempo seja vivido com maior alegria”, disse.

No s�bado, dia 13, o Papa celebrou Missa na Bas�lica de Guadalupe, o maior santu�rio mariano do mundo, refor�ando que Nossa Senhora � sempre fonte de esperan�a. “Faz-nos bem um pouco de sil�ncio e olhar para Ela intensamente e com calma. Ela diz-nos que tem a ‘honra’ de ser nossa M�e. Isto d�-nos a certeza de que as l�grimas daqueles que sofrem n�o s�o est�reis. S�o uma ora��o silenciosa que sobe at� ao c�u e que, em Maria encontra sempre lugar no seu manto”. Tamb�m neste dia, nos dois primeiros discursos em terras mexicanas, no pal�cio presidencial e no encontro com os bispos, Francisco falou do narcotr�fico como “um cancro, cujas met�stases devoram a sociedade mexicana e podem p�r em causa o futuro do pa�s”. Francisco tocou nesta e noutras feridas, como a viol�ncia e a corrup��o, o tr�fico de pessoas e a exclus�o.

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4. O Papa Francisco e o Patriarca Kirill de Moscovo tiveram um encontro hist�rico e privado em Cuba, no dia 12 de fevereiro. Nunca um Papa e um Patriarca de Moscovo se tinham encontrado, at� porque o Patriarcado foi fundado apenas algumas d�cadas antes do grande cisma entre a Igreja Cat�lica e a Ortodoxa. Os dois l�deres religiosos estavam sorridentes quando se encontraram e cumprimentaram-se com tr�s beijos, como � caracter�stico entre os ortodoxos. Francisco usou a palavra “irm�o” e as express�es “finalmente” e “somos irm�os”. Por sua vez, Kirill referiu que agora “as coisas s�o mais f�ceis”. O Papa respondeu: “� claro que esta � a vontade de Deus”.

O Papa Francisco e o Patriarca Kirill assinaram uma declara��o conjunta onde apelam � comunidade internacional que proteja os crist�os. “Em muitos pa�ses do M�dio Oriente e do Norte de �frica, fam�lias inteiras, cidades e aldeias dos nossos irm�os e irm�s em Cristo est�o a ser completamente exterminadas. As suas igrejas est�o a ser barbaramente devastadas e saqueadas, os seus objetos sagrados profanados, os seus monumentos destru�dos”, alertam.

O Papa deixou uma palavra de agradecimento a Cuba, ao seu “grande povo” e ao presidente Raul Castro. Francisco e Kiril estiveram reunidos durante cerca de duas horas, no sal�o do protocolo do aeroporto de Havana, no primeiro encontro entre os primados da Igreja Cat�lica e Ortodoxa desde a cisma de 1054.

Aura Miguel, � conversa com Diogo Paiva Brand�o