Mundo |
Etiópia: 10 milhões podem morrer à fome por causa da seca
As mãos vazias de Aregawi
<<
1/
>>
Imagem

Dia após dia, a vida torna-se mais inquietante para Tsega Aregawi. Esta mulher tem oito crianças para alimentar e as prateleiras de sua casa estão vazias. Cada vez mais vazias. A terrível seca que está a afectar o país atinge já milhões de pessoas. Aregawi é apenas uma delas…

 

Os campos estão secos. Estão tão secos que tudo aquilo que foi semeado por Tsega Aregawi não conseguiu romper o pó castanho da terra, emprestando algum verde à aridez da paisagem. Todos os dias esta mulher olha para esse pedaço de terreno com a expectativa de que algum grito de vida comece a despontar. Todos os dias, Aregawi vai ficando mais aflita, mais desesperada. Ela tem oito filhos. Ainda amamenta um. A sua voz já não esconde o medo do futuro. Ela olha à sua volta e só vê desespero. Para sobreviver, já são obrigados a comer cactos selvagens. Não têm rigorosamente mais nada. “Nunca vi uma seca como esta em dias da minha vida. Nenhuma das sementes que plantámos cresceu. Até agora, conseguimos sobreviver comendo cactos selvagens e alimentando o nosso gado com o que sobeja dos cactos. Mas esta comida também secou. Tenho medo do que possa acontecer.”

 

Sem força para caminhar

Hagosa Gebru tem nove filhos. Também ela não sabe mais o que fazer para conseguir alimentar a família. Também ela está de mãos vazias. “Um dos meus filhos deixou de ir à escola porque já não aguenta um caminho tão longo.” Tal como o filho de Hagosa Gebru, também o Padre Haile Meleku, vice-secretário-geral da Conferência Episcopal da Etiópia, conhece muitas crianças que já estão tão fracas que nem se atrevem a fazer-se à estrada, seja para irem à escola, seja para frequentarem a catequese. E o mesmo se passa com os mais velhos, que deixaram, pura e simplesmente, de assistir à Missa. A viagem é longa de mais. “Muitos fiéis já não têm força para caminhar três ou quatro horas até à igreja mais próxima.”

 

Sinais de alerta

A Etiópia é um país tão pobre e, ao mesmo tempo, aparentemente tão insignificante que o mundo parece não se comover com o que se passa por lá. Apesar de todos os sinais de alerta: Mais de 10 milhões de pessoas podem morrer na Etiópia devido à pior seca dos últimos 30 anos. Esses 10 milhões de etíopes têm nome. São pessoas. São famílias, como as de Tsega Aregawi e Hagosa Gebru e os 17 filhos destas duas mulheres. São pessoas desesperadas por não terem nada para comer e que estão de mãos vazias. São pessoas que precisam da nossa ajuda.

 

Ajuda de emergência

A Igreja Católica da Etiópia concebeu já um plano de emergência. O país está todo a viver uma calamidade extraordinária, que mal cabe já nas palavras mais sombrias. Há 13 dioceses particularmente atingidas. Distribuir água, alimentos e medicamentos passou a ser uma prioridade. Passou a ser a prioridade. A Fundação AIS decidiu apoiar a Igreja da Etiópia com uma ajuda de emergência de 460 mil euros. Para a imensidão do país, pode dizer-se que é apenas uma gota de água. No entanto, esta ajuda poderá significar, para muitos, a diferença entre a vida e a morte. Neste momento há 10 milhões de etíopes que podem não sobreviver por causa da seca extrema que aflige o país. São pessoas aflitas que estão de mãos vazias e imploram a nossa ajuda.

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
A OPINIÃO DE
Pedro Vaz Patto
Foi muito bem acolhida, pela generalidade da chamada “opinião pública”, a notícia de que...
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES