Especiais |
Natal
Isto vos servirá de sinal
<<
1/
>>
Imagem

Na Noite de Natal de 2012, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, então Arcebispo de Buenos Aires, na Argentina, hoje Papa Francisco, pronunciou uma homilia onde se dirige aos que “estão em certa marginalidade da existência”. O texto que publicamos nesta edição, com a devida autorização, é retirado do livro ‘O espírito do Natal’, da Paulus Editora.

 

No anúncio do anjo foi dado aos pastores um sinal para encontrar o Menino: «Isto vos servirá de sinal, encontrareis um menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura.» A simplicidade, a pureza, o evidente em si mesmo, isto é o sinal. Todo o relato desta passagem do Evangelho tem este ritmo de serenidade, de simplicidade, de pacificação, este ritmo de mansidão. O que poderá existir com mais mansidão que um menino recém-nascido e ali recostado, naquele berço. Estava bem acomodado, com bom alimento, tinha um bom colchão. Ali estava, com serenidade e mansidão e cativando-nos nessa atitude.

Revelava o que realmente tem valor, e todos os que são convocados, são convocados para isto: para participarem da paz que se entoa no cântico evangélico, participar da unidade e participar da mansidão, porque este Menino, depois quando for homem e pregar, dirá às multidões: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração.» Uma mensagem que vinte séculos depois continua a ter vigência perante a petulância, a prepotência, a autossuficiência, a agressão, o insulto, a crispação, a guerra, a desinformação que desorienta, a difamação e a calúnia. A mansidão e a unidade… é toda uma coerência que aqui nasce, desde este primeiro sinal. «Isto vos servirá de sinal», esta é a contrassenha que nos veio ensinar.

Outra coisa que chama a nossa atenção é que os que são convocados são aqueles que estão em certa marginalidade da existência. Os pastores eram uma barreira difícil naquela época, quase se poderia dizer uma máfia, e toda a gente lhes tinha medo, nem pegavam nas coisas que lhes pertenciam porque tinham má fama. Aqueles pastores não são como os pastorinhos de Fátima, que passavam o tempo no meio das suas ovelhinhas; aqueles matavam-nas, e por isso são convidados à mansidão, são convidados à unidade.

Também uns intelectuais do Oriente, honestos e coerentes, são convidados a virem de muito longe, e fazem um longo caminho até chegarem. Este Menino, um pouco mais à frente, quando pregar dirá: «Vinde a Mim todos vós que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.»

Desde o princípio da sua pregação põe-Se a chamar os que se sentem marginalizados. Porém, o grande engano a que nos levará na nossa autossuficiência será acreditar que somos algo por nós mesmos – e este é o engano de não sentirmos a própria marginalidade. Se não nos sentirmos marginalizados, não seremos convidados.

Este Menino, mais tarde, quando for grande, vai contar uma parábola dizendo que os que se dão importância e se dão ao luxo de recusar o convite para as bodas serão ignorados, e a festa será preenchida por homens e mulheres procurados e encontrados nos cruzamentos dos caminhos.

Este é o sinal, esta é a contrassenha: um Menino recém-nascido deitado numa manjedoura, que convoca todo o que está marginalizado. E ninguém pode dizer que não seja marginalizado. Abre o teu coração, olha para dentro de ti e pergunta a ti mesmo: Em que é que eu estou marginalizado, em que me automarginalizei do amor, da concórdia, da colaboração mútua, da solidariedade, de me sentir um ser social?

Ele convoca-nos para a mansidão, para a paz, para a solidariedade, para a harmonia; por isso, esta noite é chamada a noite da harmonia, a noite da paz, a noite do amor.

Junto do presépio, faz duas coisas: primeiro, sente-te convidado à beleza da humildade, da mansidão, da simplicidade; segundo, busca no teu coração em que ponto estás excluído, em que estás marginalizado, e deixa que Jesus te convoque com essa tua carência, desde esse teu limite, desde esse teu egoísmo. Deixa-te acariciar por Deus, e entenderás melhor o que é a simplicidade, a mansidão e a unidade.

  

___________________


‘O espírito do Natal’

O livro ‘O espírito do Natal’, ilustrado com iluminuras, apresenta uma série de homilias e reflexões do Papa Francisco (enquanto cardeal de Buenos Aires e já como Papa) sobre o significado, a importância e o espírito do Natal. “Indispensável para preparar e viver profundamente tão bela festa”, salienta a Paulus Editora, que publica a obra.

 

Informações: www.paulus.pt/o-espirito-do-natal

A OPINIÃO DE
Pedro Vaz Patto
Foi muito bem acolhida, pela generalidade da chamada “opinião pública”, a notícia de que...
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES