Domingo |
À procura da Palavra
A esperança é uma coisa boa
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DOMINGO XXXIII TEMPO COMUM Ano B
"Hão-de ver o Filho do Homem vir sobre as nuvens,
com grande poder e glória."
Mc 13, 26


Eis o que dizia um dos personagens do filme “Os condenados de Shawshank”, enquanto, sem ninguém saber, escavava o túnel por onde iria fugir da prisão em que se encontrava inocentemente condenado. Perante as mais desesperadas situações, torna-se difícil acreditar nisto, principalmente porque as nossas referências são sobretudo os passados “felizes”, mas, como dizia há dias o psicólogo Eduardo Sá, a propósito de adolescentes com saudades da infância, “o melhor do mundo é o futuro.” Não sei se é este dinamismo do futuro que desde cedo me fez ter o “bichinho” da ficção científica, mas encanta-me toda a expectativa de surpresa que cada momento e cada dia traz consigo.

As descrições evangélicas do fim dos tempos apontam-nos, em linguagem simbólica, um horizonte de esperança. Mesmo o tema do juízo final sublinha o encontro com a verdade de nós mesmos e a verdade de Deus, e essa já nos foi revelada por Cristo como amor. Não pretendem atemorizar-nos, mas despertar-nos para o essencial, iluminar as nossas escolhas. O futuro não é simplesmente a consequência do presente, pois há surpresas que não determinamos, mas depende muito da orientação que escolhemos. Há quem se instale num passado ideal que nunca consegue reproduzir, ou num presente acomodado e se deixa ir com o vento, ou ainda num futuro pintado de negro que produz cegueira no presente. Por isso, a esperança é a melhor aposta, mas não a podemos limitar nem impor condições. Gosto de lembrar o que dizia Charles Péguy no seu “Pórtico do mistério da segunda virtude”: “Mas a esperança, diz Deus, cá está o que me espanta. / A mim mesmo./ Isso é que é espantoso.// Que essas pobres crianças vejam como tudo isso corre e creiam que amanhã as coisas irão melhor. / Que elas vejam como as coisas correm hoje é creiam que irão melhor amanhã de manhã.” E chamava-lhe “uma miudinha de nada. (...) Só ela, levando as outras [Fé e Caridade], é que há-de atravessar os mundos revolvidos.

Como a esperança é uma virtude, quer dizer, força e dinamismo, ela é dom de Deus e responsabilidade nossa, como é próprio de todos os dons. É importante pedi-la e exercitá-la, pois não é com exercício que se musculam os atletas e as “célulazinhas cinzentas” produzem inteligência e sabedoria? Que pena o crescimento da obesidade física e mental tão propagado por um ambiente que limita a esperança ao próximo modelo de telemóvel ou ao bilhete premiado do Euromilhões. Que esperanças vivemos e semeamos? Pois trata-se de uma sementeira este caminho de mãos dadas com a esperança. Como nos poderíamos parecer um pouco com o Barão Bodo von Bruemmer que a “Notícias Magazine” de Domingo passado nos deu a conhecer, e que aos 96 anos começou a produzir vinho e aos 104 diz: “Todos os dias compreendo coisas novas. E gosto de ficar mais velho porque aprendo mais e mais”?

Passarão o sol e a lua, a terra e os astros, mas a esperança que nos anima tem o rosto glorioso e feliz do Filho do Homem. Por isso, nada do que é belo se perderá, nada do que é bom será esquecido, nada do que é verdadeiro será apagado. A esperança vence o medo e abre-nos à surpresa, convoca o melhor que há em cada pessoa e situação, ilumina o que antes era escuro. Se acreditamos que é “uma coisa boa” o que falta para a abraçarmos mais?

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