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Conferência em Lisboa analisou Encíclica do Papa
Cuidar da Casa Comum
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A nova Encíclica do Papa Francisco - Laudato Si - sobre o Cuidado da Casa Comum, põe em paralelo o grito da Terra com o grito dos mais pobres e fragilizados deste Mundo. Um grito que temos ouvido cada vez mais forte por parte dos refugiados que chegam à Europa, desafiando-nos a alargar as nossas casas, o nosso coração. Desafiando a aceitar o desafio de viver verdadeiramente numa Casa Comum.

 

A força da Laudato Si está no conceito de ecologia que nos apresenta

A Encíclica, que surge na antecipação da Cimeira do Clima de Paris, que se realizará em Dezembro, marca com muita força a agenda política do combate às alterações climáticas. Mas a sua força vai muito para lá do ambiente. A sua força e luz, está no conceito de Ecologia que nos apresenta – Ecologia Integral – que não concebe o respeito pelo ambiente desligado da justiça social e do cuidado com a Pessoa, em especial com os mais pobres. A sua força está na forma com, ao mesmo tempo que marca a política internacional, apela a um processo de conversão ecológica a que todos somos chamados.

Respondendo ao apelo do Papa no sentido de se criarem espaços de diálogo que promovam o encontro e a conversão, base de uma vida centrada no cuidado do outro, aconteceu dia 11 de Setembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, a Conferência "Cuidar da Casa Comum: que Ecologia?", promovida pela Associação Casa Velha - Ecologia e Espiritualidade, em parceria com a Fundação Fé e Cooperação (FEC), a Fundação Gonçalo da Silveira (FGS), a Agência Ecclesia, a Rede Inaciana de Ecologia e a Rede CIDSE.  Com mais de 150 participantes, esta iniciativa contou com a intervenção de Michael Czerny S.J. (jesuíta, integra o Gabinete do Presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz em Roma, em 2014 o Papa Francisco encarregou este órgão de preparar o primeiro esboço da Encíclica Laudato Si.), Elena Lasida (doutorada em ciências sociais e económicas, professora do Instituto Católico de Paris com vários estudos e publicações nas áreas de economia social e solidária, desenvolvimento sustentável e economia e teologia), Filipe Duarte Santos (físico da Universidade de Lisboa, coordenador dos primeiros estudos multidisciplinares sobre o impacto das alterações climáticas em Portugal) e Vasco Pinto de Magalhães (jesuíta, membro da Direção da Associação Casa Velha).

 

“A ecologia é muito mais do que conservar”

Na abertura desta conferência o Padre Vasco Pinto Magalhães lançou uma reflexão que se alargaria ao longo de todas as intervenções: «A ecologia é muito mais do que conservar, é uma atividade criativa.»

Na sua intervenção, o Padre Michael encorajou todos os presentes a ler a Encíclica, de forma pausada e refletida: “Ao apresentar-vos a “Laudato Si”, quero sobretudo encorajar-vos a lê-la devagar, sem pressa, mais como ao Evangelho do que como o jornal. Leiam-na de forma inteligente, mas sobretudo séria, para apreender de facto o que está a ser dito. Convido-vos a lê-la do princípio até ao fim, levem esse tempo, porque a “Laudato Si” é uma viagem, uma viagem de vida e de esperança. Para ser ainda mais específico, encorajo-vos a lê-la regularmente – façam um plano: tem uma introdução e 6 capítulos; leiam-na durante 7 dias, por exemplo.”. Dividindo a Encíclica nos seus 6 capítulos apresentou uma análise em 4 passos: Ver, analisar, agir e celebrar. Em cada um destes passos, incitou à reflexão e à conscientização de que somos todos filhos do mesmo Criador (homem e ambiente) e por isso tudo está interligado e tem de ser vivido como tal.

Elena Lasida afirmou que uma palavra que poderia resumir toda a Encíclica é a palavra diálogo: “As encíclicas são feitas para falar com todo o mundo, e não só com os católicos. Devemos, por isso, sublinhar que a Laudato Si está escrita com uma linguagem acessível a todos. Se há uma palavra para qualificar a encíclica, é “diálogo”; Às vezes, esperamos da Igreja uma palavra perentória, que nos diga o que fazer, e não é essa a abordagem da Igreja. Claro que ela denuncia alguns comportamentos, mas ela convida permanentemente ao diálogo”. Apresentando um pouco do que se vive em França na preparação da Cimeira de Paris, relacionou o que a Encíclica nos apresenta com as transformações que tem vindo a acontecer em França em várias dimensões. “A COP21 levou a Igreja a envolver-se no domínio da ecologia, que não lhe era tão tradicional - era mais para os ambientalistas e para os políticos “verdes”. A encíclica levou a Igreja a dizer que não podemos estar ausentes desta mobilização. A Conferência dos Bispos de França está envolvida com muitas outras organizações que se mobilizam para a COP21."

O especialista Filipe Duarte Santos fez a ponte entre as evidências científicas e a encíclica do Papa, salientando que a encíclica abre um novo espaço de simplicidade, desprendimento dos bens materiais e trabalho para o bem do próximo. "Há um enorme vazio ideológico de alternativas credíveis ao sistema económico e financeiro atual."

texto por Fundação Fé e Cooperação
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