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A uma janela de Roma
Que não haja excluídos da sociedade e que todos se estimem e saibam dialogar
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O Papa Francisco visitou o Equador, a que seguiu a Bolívia e o Paraguai. Nesta visita à América Latina, o Papa estreou o novo báculo que provavelmente vai passar a utilizar nas suas viagens fora de Itália. Durante a viagem, Francisco enviou um telegrama aos portugueses. Bento XVI discursou pela primeira vez desde que resignou, em 2013.

 

1. No final da primeira parte deste périplo pela América Latina, Francisco deixou, no Equador, palavras de apelo à unidade na diversidade, à estima recíproca e ao diálogo. Que ninguém fique de fora, que não haja excluídos da sociedade e que todos se estimem e saibam dialogar. Pode ser este o fio condutor do que o Papa foi dizer ao Equador, que teve o seu ponto alto na cidade de Quito, sobretudo na Missa que juntou um milhão e meio de pessoas e no encontro com representantes da sociedade civil.

As palavras de Francisco foram várias vezes interrompidas por aplausos. Foram palavras de apelo à unidade na diversidade, à estima recíproca e ao diálogo – elementos indispensáveis para construir pontes e crescer na gratuidade e solidariedade.

A defesa da família, como célula-base da sociedade e referência fundamental para a harmonia da nação, foi outro tema sublinhado pelo Papa como a defesa da criação e salvaguarda dos bens da terra, a começar pelos abundantes recursos naturais das terras do Equador que devem ser usados a pensar nas gerações futuras.

O drama da emigração, das bolsas de pobreza, do desemprego (sobretudo juvenil) não ficaram de fora das preocupações de Francisco que soube encorajar o povo equatoriano, não só com palavras de esperança, mas sobretudo com a sua permanente atenção e disponibilidade para todos sem exceção, desde os mais poderosos aos simples fiéis que esperaram horas só para o ver e receber a bênção.

A título de exemplo, à porta da Nunciatura, milhares de pessoas estiveram todas as noites para o ver e todas as noites Francisco saiu à rua para umas breves palavras. Nesta terça-feira, dia 7, como sempre, rezou uma Ave-Maria, deu-lhes a bênção e despediu-se dizendo: “Boa noite e sonhem com os anjinhos”.

Francisco chegou esta quarta-feira à Bolívia, que aguarda há 27 anos a visita de um Papa. Segue-se ainda o Paraguai. A viagem do Papa decorre até ao dia 13 de julho. No total, Francisco vai percorrer 24730 quilómetros (equivalente a mais de meia volta ao mundo) em sete voos que totalizam cerca de 33 horas.

 

2. A viagem do Papa Francisco ao Equador, com que deu início a uma visita de dez dias à América Latina, que inclui ainda uma passagem pela Bolívia e pelo Paraguai, já foi marcado por uma série de curiosidades. Na Missa de segunda-feira, em Guyaquil, por exemplo, Francisco apareceu com um báculo de madeira (ver foto na pág.16 deste jornal), diferente do habitual, isto depois de na sua viagem à Bósnia o báculo prateado se ter apresentado aparentemente preso com fita adesiva. O báculo é usado pelos bispos para simbolizar o cajado dos pastores.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, explicou esta terça-feira aos jornalistas que acompanham a visita que nessa visita a Sarajevo o báculo caiu e partiu-se. Na altura, encontrou-se essa solução, mas para esta viagem à América Latina Francisco tinha optado por trazer um novo. E que báculo é esse? A sua história diz muito sobre as prioridades e preferências do Papa. Este báculo é esculpido em madeira de oliveira por artesãos cristãos palestinianos e é uma cópia de outro, que lhe foi oferecido por reclusos italianos, mas que posteriormente se perdeu ou foi danificado. Segundo o padre Lombardi, é natural que Francisco passe a adotar este báculo como o que usa nas suas viagens fora de Itália.

Já esta terça-feira, Francisco compareceu na Missa em Quito, capital do Equador, com um paramento fora do comum. Aos jornalistas foi explicado que o paramento tinha a forma e um padrão típico dos ponchos dos indígenas do Equador, o que se tornou ainda mais evidente quando um indígena foi ler a segunda leitura vestido de forma tradicional e na língua quíchua.

O Papa argentino tem sido recebido muito bem em todos os locais por onde tem passado, sempre com banhos de multidão, e mostrando-se claramente à vontade e ‘em casa’, no ‘seu’ continente. Alguns equatorianos, contudo, estão a aproveitar a presença de um grande contingente de jornalistas para se manifestarem contra o Governo do presidente Rafael Correa.

 

3. O Papa Francisco enviou, no dia 5 de julho, um telegrama ao presidente da República Portuguesa, quando sobrevoava Portugal a caminho da América Latina, desejando a todos os portugueses “harmonia e bem-estar”. “Ao sobrevoar Portugal numa visita pastoral que me leva ao Equador, Bolívia e Paraguai, tenho o prazer de saudar Vossa Excelência formulação cordiais votos para sua pessoa e inteira Nação sobre a qual invoco benevolência divina para que seja consolidada nela esperança e alegria de viver na harmonia e bem-estar de todos seus filhos”, lê-se no telegrama do Papa a Aníbal Cavaco Silva, divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

Na mensagem enviada ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, o pontífice argentino disse levar “uma mensagem de esperança” à América Latina e de apoio à “missão da Igreja local”.

 

4. O Papa Emérito discursou pela primeira vez desde que resignou em 2013 e o discurso foi publicado no boletim do Vaticano. Bento XVI agradece os dois doutoramentos que reforçam ainda mais a sua ligação a Cracóvia e à Polónia, e diz mesmo que sem João Paulo II, o seu caminho espiritual e teológico não seria imaginável. O discurso valoriza o contributo da música sacra ocidental e o seu papel na liturgia. O Papa Emérito considera que nenhum outro âmbito cultural no mundo tem a grandeza da música ocidental que nasceu no âmbito da fé e que isto deve-nos pôr a pensar. A música de Bach, para Ratzinger, é a demonstração da verdade do cristianismo, mas também as músicas de Palestrina, Mozart, Haendel, Beethoven e Bruckner.

Bento XVI recorda a beleza das liturgias celebradas por João Paulo II nos cinco continentes, em articulação com a música ocidental, e espera agora que o dom da música proveniente desta tradição se articule com a força criativa da fé.

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