Lisboa |
Ordenações nos Jerónimos
“Ser sacramento de Cristo Pastor para a salvação de quem O espera”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa desafiou os novos padres a serem “homens para os outros”. Na celebração das ordenações de quatro sacerdotes e um diácono, que decorreu nos Jerónimos, no passado dia 28 de junho, D. Manuel Clemente convidou ainda os ordinandos a levarem muito ‘a peito’ o Jubileu da Misericórdia convocado pelo Papa. Familiares destacaram ao Jornal VOZ DA VERDADE a felicidade vivida pelos novos padres.

 

“Caríssimos ordinandos: Consciência do amor misericordioso do Pai, já a tendes decerto, pois só assim se explica este momento absoluto das vossas vidas entregues. De tal consciência decorre o único programa que levais: ser sacramento de Cristo Pastor para a salvação de quem O espera. Nisto vos ajudará sempre a Mãe de Misericórdia, como também os Santos Pedro e Paulo. Assim prosseguireis seguros, na caridade pastoral de Cristo”. Foi desta forma que terminou a homilia do Cardeal-Patriarca de Lisboa na celebração das ordenações, que decorreu no passado Domingo, 28 de junho, na Missa da Vigília da Solenidade de São Pedro e São Paulo. Na “magnífica igreja de Santa Maria de Belém”, no Mosteiro dos Jerónimos, D. Manuel Clemente ordenou um diácono, o irmão José Gregório Valente, da comunidade de Linda-a-Velha da Congregação da Paixão de Cristo (Passionistas), e quatro sacerdotes para a Diocese de Lisboa: os portugueses Alfredo Plácido e Ricardo Figueiredo, alunos do Seminário dos Olivais, o italiano Paolo Lagatta e o colombiano Jean Carlos Castilla, ambos do Seminário ‘Redemptoris Mater’, em Caneças. “Diz-se e ouve-se dizer – até para adiar conversões ou ‘justificar’ desistências – que ‘o padre é um homem como os outros’. Esta afirmação, parecendo verdadeira, redunda em quase mentira. Na verdade, o padre não é apenas, nem sobretudo, «um homem como os outros». O padre, sacramento de Cristo Pastor na Igreja e no mundo, é «um homem para os outros». E assim mesmo assinala e ativa idêntica disposição na inteira comunidade dos crentes, para a cura e salvação duma humanidade realmente prostrada e tantas vezes moribunda de si mesma”, observou.

O Cardeal-Patriarca convidou estes cinco jovens a aproximarem-se com Cristo de toda a humanidade. “Pelo caminho vocacional que fizestes, pela escolha que a Igreja fez de vós, entrastes nesta ‘proximidade’ de Jesus que salva. Como podem testemunhar-vos tantos ministros ordenados que hoje vos acompanham nesta celebração, a graça, o encargo, a realidade e a beleza do sacramento da Ordem residem especialmente aqui, em aproximar-se com Jesus de toda a humanidade, prostrada por tantos males e carências”.

 

Levar ‘a peito’ a misericórdia

Nesta celebração de ordenações, D. Manuel Clemente lembrou também o Jubileu da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco e que tem início a partir de 8 de dezembro próximo. “É uma graça particular para vós, os ordinandos, o facto do vosso ministério se iniciar assim e sob este lema. Levai-o muito ‘a peito’, que é o lugar do coração – vosso e de Cristo – outro modo de dizer ‘misericórdia’”.

Às comunidades cristãs, o Cardeal-Patriarca pediu para serem “sinais vivos e ocasiões certas da misericórdia divina”, realmente atentas “a quem mais precisa”.

 

Felicidade

No dia da ordenação do seu único filho, o sorriso não saía da face de Albertina Gonçalves, mãe do agora padre Alfredo Plácido. “Só sei dizer que é uma graça. É uma graça, mas não tenho palavras para a explicar. Não me acho merecedora, mas se Deus assim entende… Estou felicíssima! É um momento que não tem explicação”, testemunha Albertina, ao Jornal VOZ DA VERDADE. “Sinto-me muito feliz por ver e sentir o meu filho feliz. Ele está super feliz!”, garante esta mãe.

Emocionada, Albertina recorda-se bem quando o seu pequeno filho, então com cerca de 10 anos, lhe falou pela primeira vez que queria ser padre. “Houve um dia em que o Alfredo chega da catequese, na Póvoa da Galega, Milharado, e disse que queria falar comigo. Pediu-me para sentar na sua cama e teve uma conversa de ‘adultos’, com a graça de Deus. Ouvi-o, deixei-o falar e apoiei-o sempre em tudo. Sempre, sempre, sempre”, conta. Passados uns anos desta conversa, chegou o dia, no ano pastoral 2004/2005, que o seu único filho, com 15 anos, entrou no Pré-Seminário. “Nunca chorei junto do Alfredo, mas passei noites, dias, horas a chorar. Mas hoje só posso agradecer a Deus esta maravilha de ter um filho padre e de o ver felicíssimo”, frisa Albertina, mãe do agora padre Alfredo Plácido.

 

Decidido

“É um orgulho ter um filho sacerdote. É uma emoção!”. É desta forma que Ofélia Figueiredo fala, ao Jornal VOZ DA VERDADE, da ordenação presbiteral do seu filho mais novo, Ricardo. Ofélia, da paróquia de Belas, onde mora há 42 anos, diz que aguardava há muito o dia da ordenação do seu filho. “Há 10 anos que estava à espera deste dia. Com as notas que o Ricardo tinha na escola, desde pequeno, ele podia escolher o curso que quisesse, mas o sacerdócio foi mesmo o que ele sempre quis”, assegura quem melhor conhece um dos novos sacerdotes de Lisboa, garantindo ainda que “o estudo da Teologia foi sempre algo que apaixonou” o filho.

Ofélia Figueiredo lembra-se bem do dia em que Ricardo contou à família que queria ser padre. “Primeiro fiquei parada e depois fui aspirar… nunca aspirei tanto a minha casa!”. Quando Ricardo saiu de casa para ir para o seminário, Ofélia voltou a ‘refugiar-se’ no aspirador. “A falta dele era tão grande, eu tinha tantas saudades que gritava enquanto aspirava, aspirava, aspirava. Eu aspirei tanto aquela casa”, recorda, hoje, com um sorriso na cara. A viagem de carro de Ricardo para o seminário foi também inesquecível para esta mãe. “A cerca de dois quilómetros de chegarmos a Penafirme, voltei a perguntar-lhe se ele tinha a certeza de que queria ir para o seminário. Ele respondeu: ‘Se não me querem levar, eu vou a pé o resto do caminho’. E ele estava muito carregado com as coisas dele, até uma esfregona levava para limpar o quarto. Ele estava mesmo convicto que era o que queria”, conta Ofélia, lembrando que no período em que o filho saiu do seminário, para depois voltar, “nunca deixou de ir à Missa e de estar envolvido na paróquia, com os escuteiros e os acólitos”.

Para o futuro, Ofélia revela que tem “pedido muito a Deus” para que o agora padre Ricardo seja colocado, pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, “numa paróquia não muito longe de casa”. “Mas, sabendo que o meu filho está feliz e em paz, eu também estou”, assegura Ofélia Figueiredo.

 

Agora

Lizbeth Picaza Castilla, jovem colombiana de 35 anos, é irmã do agora padre Jean Carlos Castilla e garante ao Jornal VOZ DA VERDADE que “na Colômbia, e na Venezuela, há um sentimento de grande alegria com a ordenação” do seu irmão. “Estamos todos muito emocionados, muita gente nos pediu fotos, fotos, fotos”. Da Colômbia veio um grupo com quase 30 pessoas para estarem presentes na ordenação do jovem sacerdote. Salientando ser “a primeira vez” que veio a Lisboa “com o pai e a mãe”, Lizbeth considera “um milagre” a ordenação sacerdotal do seu irmão e explica porquê: “Quando o Jean Carlos disse que queria ser padre, pensei que ele estava louco ou que estava a querer esconder algo… Nós somos de uma terra da costa norte da Colômbia, perto da Venezuela, e vivemos numa região costeira onde há muitas ‘rumbas’, festas, licor. Como éramos uma família católica não praticante, sempre pensei que o Jean Carlos fosse seguir por outro caminho”. Lizbeth recorda igualmente que o seu irmão era “um aluno brilhante de Matemática” e assume que o aconselhou a “primeiro terminar a universidade e só depois pensar na vocação”. “Ele sempre me respondeu: ‘Deus diz-me que é agora’”.

Lizbeth Picaza Castilla assegura que a família está consciente de que a missão do agora padre Jean Carlos Castilla vai ser cumprida noutro continente, a Europa, mais concretamente em Portugal. “Colômbia só de férias, mas temos de aceitar totalmente a vocação do meu irmão. Deus deu-nos a capacidade de nos fazer entender isso mesmo, pouco a pouco”, frisa.

 

Indescritível

Igualmente de longe, mas apesar de tudo de bem mais perto, veio Michele Lagatta, pai do padre Paolo Lagatta. Italiano, Michele refere ao Jornal VOZ DA VERDADE que a ordenação do filho “é uma alegria imensa, indescritível”. “É como se Deus me tivesse agarrado, juntamente com o Paolo e toda a minha família, e me tivesse levado a Ele. O que nos sustenta são os sofrimentos que tivemos na família para continuar a seguir o Senhor”, aponta este pai de oito filhos, que pertence ao Caminho Neocatecumenal.

Paolo, de 31 anos, é o mais velho entre os irmãos. Os encontros no Domingo de manhã que a família promovia, à luz do Evangelho do dia, tiveram um papel decisivo no discernimento vocacional do jovem Paolo. O pai explica o que pretendia com a promoção desses momentos semanais: “Com esses encontros em família, queria transmitir a vida, falar de Deus e resolver os problemas pessoais de cada um de nós à luz da Palavra de Deus. Todos os nossos filhos foram ajudados a aceitarem a história assim como é”.

Acompanhado da mulher e dos restantes filhos, além de mais de 50 pessoas que chegaram de Itália, Michele Lagatta esteve presente na ordenação do filho Paolo, nos Jerónimos. A missão do agora padre Paolo Lagatta passará também por Lisboa. “Fiz uma oração à Virgem Maria de ‘espalhar’ a minha família pelo mundo, para anunciar a graça de Jesus nesta vida. Isso é algo que se está a realizar”, refere.

  

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Datas das Missas Novas

 

Padre Paolo Lagatta
Dia 4 de julho, às 19h00, no largo do Santuário da Nazaré

 

Padre Jean Carlos Castilla
Dia 5 de julho, às 11h00, na igreja do Bombarral

 

Padre Ricardo Figueiredo
Dia 5 de julho, às 16h00, no adro da igreja paroquial de Belas

 

Padre Alfredo Plácido
Dia 12 de julho, às 10h30, junto da igreja do Milharado

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