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Entrevista ao casal Ana e Fernando Neves, membros do Departamento Nacional da Pastoral Familiar
“Cristãos devem rejeitar propostas políticas contrárias à salvaguarda da vida humana”
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Membros do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, Ana e Fernando Neves salientam que a Semana da Vida (10 a 17 de maio) deste ano vem recordar “a urgência de serem encontradas respostas eficazes e dignas para as inúmeras dificuldades vividas pelos mais desprotegidos”. Em entrevista ao Jornal VOZ DA VERDADE, este casal, que colaborou na elaboração do guião desta Semana da Vida, defende também uma “clarificação dos partidos políticos” quanto às propostas sobre a defesa dos valores da vida.

 

Iniciamos neste Domingo, dia 10 de maio, a Semana da Vida. Este ano o tema é ‘Vida com dignidade – Opção pelos mais fracos’. De entre os “mais fracos”, quais os que merecem uma resposta mais urgente?

Anualmente, a celebração da Semana da Vida renova o desafio de sabermos acolher os verdadeiros valores da vida, desde a sua conceção até à morte natural. O tema escolhido para este ano vem recordar-nos a urgência de serem encontradas respostas eficazes e dignas para as inúmeras dificuldades vividas pelos mais desprotegidos, sem primazias, sejam nascituros, crianças, doentes, pobres, ou idosos.  

Naturalmente que devemos ter presentes as palavras do Papa Francisco na sua primeira Exortação apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), onde afirma que “entre estes seres frágeis, que a Igreja quer cuidar com predileção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir” (EG 213).

 

Que importância tem a Semana da Vida para a Igreja?

A Semana da Vida corresponde ao apelo feito pelo Papa João Paulo II para uma celebração anual em defesa da vida, com o objetivo de “suscitar nas consciências, nas famílias, na Igreja e na sociedade, o reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos e condições”.

Nesta semana celebra-se também, a 15 de maio, o Dia Internacional da Família, o que representa uma oportunidade para cada um de nós refletirmos, a nível pessoal, familiar, profissional, ou comunitário, sobre as atitudes concretas de solidariedade que devemos tomar para combater o que o Papa Francisco, na sua Mensagem para a Quaresma 2015, designou de “globalização da indiferença”, e que exige de todos a renúncia ao egoísmo que faz esquecer os problemas concretos daqueles que mais sofrem. 

 

Quais os momentos do Guião, preparado para esta semana, que gostavam de destacar?

Destacamos a Agenda que apresenta propostas concretas (gestos, leituras e orações) e que convida as famílias a descobrirem momentos de interioridade e partilha, onde possam refletir sobre o tema da opção pelos mais fracos, através da especial atenção em cada dia às diferentes circunstâncias e fragilidades: Acolher a Vida Nascente; Dom das Crianças; Cuidar dos Doentes; Partilhar com os Pobres; Celebrar e Valorizar a Família; Amparar os Idosos.

 

Recentemente, a Conferência Episcopal Portuguesa, em comunicado, diz estar a aguardar as propostas dos partidos políticos sobre a “salvaguarda da vida humana em todas as suas fases, a valorização da vida familiar e da educação dos filhos”. Como pode a Igreja tornar esta discussão possível? O que tem sido feito nesse sentido?

Pensamos que os partidos devem ser claros nas suas propostas quanto a estes temas vitais. Cabe aos cristãos empenharem-se na defesa dos princípios da Igreja e avaliarem, com sentido crítico, as respostas dos que apresentam valores contrários à doutrina cristã. Em consciência e liberdade, cada cristão deve rejeitar as propostas políticas que sejam contrárias a questões essenciais como são a salvaguarda da vida humana em todas as suas fases, a valorização da vida familiar e da educação dos filhos. Daí a importância, em termos de cidadania responsável, de que os partidos sejam claros nas suas posições para podermos optar, de forma esclarecida, pelos valores que defendermos.

 

Como definem o papel dos movimentos eclesiais na promoção e na defesa da vida?

Consideramos que os movimentos ligados à Igreja, sendo compostos por cristãos leigos que estão inseridos na sociedade, têm um papel importante na promoção da defesa da vida, uma vez que sabem sensibilizar a sociedade civil para diferentes dinâmicas desta temática, além da forte capacidade de mobilização, por regra fundada no excelente trabalho e atividades que são amplamente reconhecidas pela generalidade da população.

 

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Sínodo sobre a Família vai permitir a redescoberta do papel das famílias como Igrejas domésticas


Que leitura fazem da preocupação do Papa Francisco, ao convocar um Sínodo dos Bispos sobre a Família?

A atual crise económica e financeira e o grave problema demográfico veio tornar muito visíveis as debilidades dos países e as dificuldades com que estes se confrontam para fazer face ao sofrimento de tantos. O elevado nível de desemprego, um dos graves problemas da atualidade, tem vindo a colocar sob grande pressão a estabilidade das famílias, as quais representam um dos pilares essenciais da sociedade, onde tudo começa e se consolida. A convocação do Sínodo sobre a Família vem salientar o valor desta célula essencial e acreditamos que as suas conclusões vão permitir a redescoberta do papel das famílias como Igrejas domésticas e escolas de formação do bem, onde se aprende a bondade e o perdão, se fortalecem os laços de amor recíproco e de respeito pela dignidade da vida humana em todas as suas etapas, onde se aprende a dar testemunho do amor de Deus e a cuidar dos que precisam de nós, dando assim um sinal luminoso de esperança e vida nova à Igreja e ao mundo.

 

Como estão as famílias portuguesas a responder ao desafio de fazerem parte da reflexão?

As famílias portuguesas estão cientes da importância duma resposta refletida e verdadeira ao questionário enviado às Igrejas locais, de modo a serem corretamente identificadas as suas maiores preocupações, e também sinalizadas algumas questões mais fraturantes que hoje são colocadas numa cultura alegadamente moderna, mas que está ligada a um profundo egoísmo e à opção por critérios do mais fácil e do descartável.

Teremos oportunidade de refletir e compreender os resultados que vierem a ser obtidos, e esperamos que as conclusões do Sínodo sobre a Família possam apontar para propostas adequadas aos novos tempos que vivemos, mas baseadas no reconhecimento das famílias como critério de vida e de construção de uma Igreja que saiba ser uma família de famílias. 

 

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Perfil

Ana e Fernando Neves, com 50 e 52 anos de idade, estão casados há 25 anos, celebrados no passado mês de outubro de 2014, e pertencem à paróquia do Campo Grande, em Lisboa. Têm dois filhos: a Maria, de 24 anos, estudante de Mestrado em Engenharia de Materiais no Instituto Superior Técnico, e o João, de 21 anos, finalista de Gestão de Informação, na Universidade Nova – IMS (Information Management School).

O casal integra as Equipas de Nossa Senhora e, desde outubro de 2012, faz parte da equipa do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, pertencente à Comissão Episcopal do Laicado e Família, que tem a responsabilidade pela organização de três eventos anuais: as Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar, o Encontro Nacional com os serviços diocesanos da Pastoral Familiar e com os coordenadores nacionais dos Movimentos ligados à área da Família, e a Semana da Vida, que se inicia neste dia 10 de maio.

 

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Cartaz e guião da Semana da Vida

Está disponível no site da Comissão Episcopal do Laicado e Família (www.leigos.pt) o cartaz e o guião para a Semana da Vida 2015. A proposta elaborada pelo Departamento Nacional da Pastoral Familiar tem como tema ‘Vida com dignidade – opção pelos mais fracos’ e contém “sugestões diárias de leitura, orações e gestos” que possibilitam “momentos pessoais e comuns de interioridade e partilha”.

 

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Lisboa assinala Semana da Vida com Festa da Família

Por ocasião da Semana da Vida, a Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa organiza a 2ª edição da Festa da Família, que vai ter lugar no próximo Domingo, dia 17 de maio, no Mucifal, Colares, em Sintra.

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