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Síria: Jean-Clement, o bispo que não se consegue reformar
Um milagre em Aleppo
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Todos os dias acontece o improvável numa das cidades mais flageladas pela guerra na Síria. Milhares de pessoas recebem das mãos de Jean-Clement um saco com pão, azeite, arroz, açúcar… E um sorriso. Todos os dias acontece um milagre nas ruas de Aleppo.

 

Tem 70 anos e garante que todos os dias recomeça a sua missão. Chama-se Jean-Clement Jeanbart, é Arcebispo de Aleppo e provavelmente nunca falou tão intensamente da sua vida em Igreja como agora. Aleppo é uma cidade ferida. A guerra civil chegou há quatro anos e em pouco tempo deixou um rasto de destruição impressionante. Os que sobreviveram aos combates arrastam-se pelas ruas manchadas de sangue. Procuram comida, água. Procuram chegar vivos a outro dia. Aleppo é uma cidade marcada pela morte. Para Jean-Clement todos os que habitam nela são o seu povo, a sua gente. Quando alguém se aproxima deste bispo é sempre acolhido com um sorriso. Aí acontece sempre um milagre. Apesar dos dias de tumulto, é possível haver alguma esperança. Quem chega junto de Jean-Clement é acolhido, abraçado. E o milagre é esse. Como um simples sorriso transforma tanto em tempos de guerra…

 

Sobreviver

Não importa o nome, a religião, de onde se vem. Em que trincheiras se andou a lutar. Não há dia em que alguém não lhe implore ajuda. Não há dia em que alguém não lhe peça o impossível. Sobreviver é tarefa quase impossível. Aleppo é uma cidade derrotada. Há lágrimas em todas as esquinas, em todos os olhares, em todas as conversas. Lágrimas. Quando Jean-Clement sorri para alguém em Aleppo, acontece sempre um pequeno milagre. Há sempre um horizonte de paz, uma expectativa de vida para lá do cheiro da pólvora, do sangue das feridas, do horror da morte. Não é possível Jean-Clement reformar-se aos 70 anos em Aleppo. Há sempre tanta coisa para fazer. Tanta gente para acudir. Jean-Clement sorri. “Sabem? Sinto-me como se tivesse 45 anos.” Um cristão não se reforma, mesmo quando é difícil ultrapassar tanta dor.

 

Distribuir pão

Nem parece um bispo. Dir-se-ia apenas uma criança, não fossem os seus cabelos bancos. Tem a energia de um jovem, mas conhece a vida como um adulto. Todos os dias ajuda na distribuição do pão. É duplamente simbólico. O pão da padaria mistura-se com o pão eucarístico. É sempre pão que mata a fome. São 1400 famílias. Pão, azeite, açúcar, arroz, manteiga, chá. Nem todos os dias há todas as coisas para distribuir. Os preços são altíssimos, a inflação ronda os 200%. Não há dinheiro que resista.

 

Parar com a guerra

Uma das batalhas de Jean-Clement é promover o emprego. É preciso acabar com a guerra para começar com a reconstrução da cidade. Será por aí que tudo terá de passar. Mas primeiro é preciso parar com os tiros, os bombardeamentos, a violência. A guerra civil na Síria dura há já quatro anos e ceifou a vida de mais de 200 mil pessoas. Em Aleppo, o Bispo Jean-Clement não tem mãos a medir. O seu rebanho é composto por homens, mulheres e crianças. São milhares de pessoas que dependem totalmente da sua ajuda. Muitos são cristãos. Outros são muçulmanos. Não importa. Todos têm fome e medo. Todos procuram sobreviver. Todos dependem da Igreja, ou seja: dependem do Bispo Jean-Clement, que, por sua vez, depende da ajuda que lhe chega da Fundação AIS. Dito de outra forma, há milhares de pessoas que dependem dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre. Todos os dias há milhares de pessoas que dependem de si. Em Aleppo. 

 

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"Os nossos padres celebram a Missa diariamente, essa é a verdadeira solidariedade em Cristo" D. Jean-Clement

As pessoas precisam de tudo, mas principalmente de ajuda espiritual. No meio desta guerra cruel, os Estipêndios de Missa são o único meio de subsistência para os padres da Síria e do Médio Oriente. Precisamos de apoiar 37 sacerdotes do Vicariato Apostólico de Aleppo. Peça-lhes a celebração de Santas Missas!

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