Lisboa |
Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré
Revitalizar as paróquias a partir do encontro
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O Patriarca de Lisboa entende que a Visita Pastoral a uma vigararia é “um momento muito importante” para “revitalizar as comunidades cristãs”. No passado Domingo, dia 11 de janeiro, na Nazaré, no início da Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré, D. Manuel Clemente sublinhou a importância de cada um ser Igreja.

 

“A Visita Pastoral é um momento muito importante, e muito capaz, para que nós revitalizemos as comunidades cristãs, com tudo aquilo que lhes pertence, ou seja, a catequese, a liturgia, a ação sociocaritativa, mas também outra pertença maior que é a da Igreja, aqui representada pelos vários Bispos que trabalham na Diocese de Lisboa, e este intercâmbio entre as comunidades cristãs”, definiu, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o Patriarca de Lisboa, no primeiro dia da Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré, que teve início no passado dia 11 e que se vai prolongar até 8 de março. Ao longo de cerca de três meses, as 15 paróquias (Pederneira, Turquel, Famalicão, Valado dos Frades, Benedita, Évora de Alcobaça, Maiorga, São Martinho do Porto, Vimeiro, Alfeizerão, Cós, Bárrio, Alcobaça, Vestiaria e Cela) que compõem a vigararia mais a norte da diocese vão receber a Visita Pastoral do Patriarca D. Manuel Clemente e dos seus Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes, D. Nuno Brás e D. José Traquina. “A Visita Pastoral é um ótimo momento para que todos percebam melhor o que é viver em Igreja e o que é ser o Corpo de Cristo no mundo, que é a Igreja. Nesse sentido, em geral, as comunidades cristãs ficam mais animadas, mais reconhecidas, mais em entreajuda umas às outras. É um momento muito bom”, observou, ainda, o Patriarca de Lisboa, em declarações ao jornal diocesano.

Salientando que “é muito importante” estar perto das comunidades, D. Manuel Clemente destacou a ‘presença’ do Papa Francisco junto de toda a Igreja: “O estar perto das comunidades é uma questão física, mas não só; hoje temos a graça de ter na Igreja alguém que não estando fisicamente presente, está muito perto, que é o Papa Francisco. Portanto, a Visita Pastoral é uma atitude de companhia, de reconhecimento, mas que é ativado de maneira muito especial nestes momentos”.

 

Visita Pastoral é “lufada de ar fresco”

O padre José dos Santos Dionísio, pároco de Valado dos Frades, Cós e Maiorga, é o vigário da Vigararia de Alcobaça-Nazaré desde há pouco mais de um ano e acredita que a Visita Pastoral vai fazer ‘mexer’ as comunidades cristãs locais. “Quando recebemos a notícia de que a nossa vigararia iria acolher a Visita Pastoral foi uma lufada de ar fresco! Mesmo sem ter muito tempo para a preparar, a Visita Pastoral, por si só, já é um sinal que faz mexer as pessoas, que as põe em movimento”, salienta, ao Jornal VOZ DA VERDADE, este sacerdote. Frisando que “as pessoas têm reagido com alegria à visita do Pastor”, o padre José Dionísio explica as dificuldades por que passam estas paróquias locais: “Na vigararia, sentimos ainda muito o peso do ser rural, com as suas vantagens e desvantagens. Esta é também uma vigararia um pouco afastada dos movimentos, que nunca tiveram muito eco nesta zona, e que vive uma certa falta de identidade porque, muitas vezes, as pessoas menos informadas confundem muito a Vigararia de Alcobaça-Nazaré pertencente à Diocese de Lisboa com a proximidade a Leiria e até ao Santuário de Fátima”. Sublinhando, por outro lado, que esta é “uma vigararia de gente motivada, mas talvez nem sempre muito estruturada”, este sacerdote, de 50 anos, destaca “a religiosidade muitas vezes popularucha, mas que tem muito eco de Evangelho e muita sabedoria evangélica na transmissão da fé que as famílias ainda vão fazendo aos filhos e aos netos”.

Questionado sobre o que foi pensado para cada uma das 15 paróquias da vigararia, o padre José dos Santos Dionísio aponta que “cada paróquia organizou o seu programa”. “A Visita Pastoral não é ocasião para grandes reflexões, mas é sobretudo de encontro. Neste encontro pretende-se também que as pessoas se encontrem a si próprias, em Igreja. Será também uma espécie de motivação acrescida, das pessoas que muitas vezes vivem uma religiosidade um pouco mais afastada. A presença do senhor Patriarca e dos senhores Bispos Auxiliares vai fazer, com certeza, que as pessoas se sintam parte da Igreja de Lisboa”, deseja.

 

Ser Igreja

No Centro Pastoral Stella Maris, na Nazaré, a Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré iniciou-se no passado Domingo, 11 de janeiro, com um encontro do Patriarca de Lisboa com os representantes dos Conselhos Pastorais das paróquias desta vigararia. Apontando, desde logo, que “as Visitas Pastorais são momentos fortes para a Igreja se redescobrir como Igreja”, D. Manuel Clemente falou do Corpo de Cristo. “Igreja é uma palavra que nós conhecemos, mas se formos fazer um inquérito às paróquias desta vigararia e perguntarmos às pessoas o que é a Igreja, a maior parte das pessoas responderá que é ‘aquela casa’ e aponta para a sua igreja. Outras responderão que a Igreja é o padre, se tiverem religiosas dirão que a Igreja são as freiras, e pouco mais que isto… mas não é! Nós sabemos – e quem está em conselhos pastorais das paróquias sabe isso, com certeza, de uma maneira ainda mais clara – que a Igreja é outra coisa! Igreja é uma palavra que em português podemos traduzir por assembleia, o grupo de gente que é convocada e que é reunida por Alguém, que se chama Jesus Cristo, e que com Ele forma um só Corpo”, apontou, reforçando: “A Igreja somos todos nós, aqueles que em cada uma destas terras, no conjunto do universo, recebemos o Espírito de Jesus Cristo e com Ele formamos um só Corpo. Onde podemos sentir Cristo Ressuscitado? Sabemos muito bem: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles’. Quando nos reunimos em nome de Jesus, correspondendo ao seu apelo, sentimos e experimentamos a sua presença entre nós”.

Neste encontro, que contou com a presença de D. José Traquina, Bispo Auxiliar de Lisboa, e de muitos sacerdotes da vigararia, o Patriarca lembrou aos membros dos Conselhos Pastorais das paróquias de Alcobaça-Nazaré que “a primeira experiência de vida cristã deve ser feita na família, na chamada Igreja doméstica”. Apontando que “a Igreja é uma experiência de comunhão” e que “quando uma paróquia vive em comunhão faz comunhão”, D. Manuel Clemente sublinhou que “a Igreja existe para ensinar Deus às pessoas”. Depois pediu a estes colaboradores diretos dos párocos para “as comunidades cristãs não estarem dependentes da presença do senhor padre, de estar este ou aquele, porque a comunidade como tal é que vale”.

 

Respeito por todos e cada um

Após este encontro, o Patriarca de Lisboa presidiu à celebração da Eucaristia, no Pavilhão Stella Maris, com que inaugurou a Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré. “A palavra religião é uma palavra muito usada, e também muito abusada, que significa essencialmente ligação, ou religação, que temos ou queremos ter com Deus. Nós não queremos viver desligados, mas se vivemos ligados a um Deus, que é este, o de Jesus Cristo, que é o Deus de todos, então vivemos ligados a todas as criaturas, sobretudo a todos os seres humanos que são obra e criação do mesmo Deus. É por isso que a religião cristã é absolutamente social e comprova-se na nossa atitude em relação aos outros, como na vida de Jesus”, apontou. Perante um pavilhão cheio de fiéis, vindos das 15 paróquias desta vigararia, D. Manuel Clemente retomou, na sua homilia, o tema dos ataques terroristas em França, que já tinha exposto em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE (ver capa desta edição). “Todos nós, desde quarta-feira, temos ouvido aqueles noticiários terríveis do que se passou em França e mais uma vez, usando e abusando do nome de Deus em vão, a mortandade que lá aconteceu. Não pode ser… é exatamente o contrário da religião. Quem vive ligado a Deus, vive ligado a todas as criaturas de Deus e sobretudo a cada homem e mulher, independentemente de acordo ou desacordo, nisto temos que ser unânimes no respeito por todos e cada um. Por isso, no nosso caso, é sobretudo em nome da religião que nós dizemos: ‘Não poder ser, é intolerável qualquer atendado contra a vida humana, contra a liberdade e a responsabilidade de cada um, concretamente no que à expressão diz respeito’”, manifestou, num tom forte e decidido, o Patriarca de Lisboa.

Para os três meses de Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré, D. Manuel Clemente expressou o desejo de que os fiéis estreitem a sua relação com Deus: “Gostaria que, nesta Visita Pastoral, cada comunidade e cada família desta vigararia reforçasse a filiação divina e com Jesus Cristo se tornasse, cada um e cada uma, mais atento a Deus que é Pai e que nos alimenta com o pão da sua Palavra”.

  

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Encontros Vicariais

Ao longo da Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré, são sete os encontros vicariais com o Patriarca de Lisboa. Depois do encontro com Conselhos Pastorais, na Nazaré, no primeiro dia de Visita Pastoral, decorreu na noite de terça-feira, dia 13, em Turquel, o encontro com os cristãos que colaboram na Liturgia e com os Movimentos (ver pág.09 desta edição). A 20 de fevereiro, às 21h15, no Vimeiro, vai decorrer o encontro com agentes da Pastoral Social, a 27 de fevereiro, às 21h15, na Benedita, o encontro com Catequistas, e a 1 de março, às 15h30, em Valado dos Frades, o encontro com os Escuteiros. Finalmente, no dia 8 de março, em Alcobaça, tem lugar o encontro com os Jovens (11h00) e com as Famílias (14h30), e a Eucaristia de encerramento da Visita Pastoral à Vigararia de Alcobaça-Nazaré, a partir das 16h30.

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