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Celebração do Natal na Sé de Lisboa
“O Natal é belo e a sua atração não acaba”
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Nas celebrações de Natal na Sé de Lisboa, o Patriarca D. Manuel Clemente apontou como exemplo o presépio de Belém, garantindo que a família é “objetivo prioritário e permanente da ação pastoral” da Igreja.

 

“Nenhum acontecimento sugeriu tantos outros, nas famílias, nas comunidades e em nações inteiras, tomando uma criança nascida como forma e figura da esperança mais profunda de todos”, lembrou o Patriarca, na habitual Missa do Dia de Natal, na Sé de Lisboa. Na manhã de dia 25 de dezembro, D. Manuel Clemente apontou a “surpresa e o espanto” que é mantido no tempo de Natal, quando é recordado o “despojamento de Deus naquela criança que Ele realmente foi”. “Daqui decorre para nós, adoradores do presépio, a mais exigente das coerências, como reconstrutores do mundo, deste mundo concreto, de esplendor tão sofrido. [...] Ao dizermos “carne”, dizemos o que somos, enquanto humanidade feliz e sofredora, ridente ou chorosa, saudável ou enferma, e tal e qual assim, como em nós e nos outros, sem omitir os momentos nem excluir ninguém. Aqui se encontrou Deus connosco, na vida daquele menino, depois jovem e adulto, do presépio à cruz”, lembrou.

Perante dezenas de fiéis que estiveram presentes na celebração, o Patriarca de Lisboa contrapôs a acusação de “alienação” dos problemas por parte do cristianismo. “Ainda hoje espanta como se pôde acusar o cristianismo de alienação, quando é precisamente o contrário, como incarnação de Deus na humanidade mais real e comezinha. Quando o presépio de Belém é agora a casa de toda a gente e mesmo – muito especialmente – a dos que a não têm, ou perderam entretanto. Mas, se ainda espanta, é certo que também dói, no que tem de omissão nossa, sempre que não dissemos nem testemunhamos a incarnação divina, falando de Deus como se O não reconhecêssemos em Cristo, como realmente foi e enquanto ‘Deus connosco’”, apontou.

Para D. Manuel Clemente, são vários os “exemplos e estímulos” que continuam a dar respostas concretas, “ativando” o “Natal de Cristo no mundo”. “Que dizer do nosso Papa Francisco e da sua constante preocupação por aproximar-se e aproximar-nos a nós de todas as periferias deste mundo, outras tantas ‘Beléns’ com seus presépios vivos? Que dizer, neste ano da vida consagrada, daquelas comunidades religiosas que não desistem de estar presentes em meios socialmente difíceis e até os procuram, para serem sinais dum Deus que não desiste de incarnar? Que dizer de tantas famílias, onde esta demorada crise reforçou laços de cuidado mútuo e intergeracional? Que dizer de paróquias e outras agregações e instituições cristãs que redobram esforços para responder às mais diversas necessidades, de ontem ou agora? Que dizer de tanto homem e mulher de boa vontade, que não deixa fechar o coração nem cair os braços, com uma persistência em que o próprio Criador certamente se revela?”.

Na conclusão da homilia da Missa do Dia de Natal, o Patriarca sublinhou que “a obra da verdadeira salvação” só “acontecerá com a mudança profunda do coração de cada um, para chegar ao coração de todos, ao coração duma história verdadeiramente humana, duma história finalmente divina”.

 

Mensagem do Natal é a do presépio de Belém

Na celebração da Missa da Noite de Natal, “noite sempre especial e mesmo única, incansavelmente bela”, também celebrada na Sé de Lisboa, o Patriarca, D. Manuel Clemente, apontou a beleza da novidade, revelada aos pastores e escutada na leitura da profecia de Isaías, como resposta a tudo o que “parece contrariar” o verdadeiro significado do Natal. “Porquê, ainda hoje, quando notícias de perto e de longe teimam em trazer-nos perigos, ameaças ou desilusões de pessoas, projetos e causas… Porquê, ainda hoje, quando se dá livre curso a toda a espécie de ‘pais natais’ consumistas, em que já nada resta dum longínquo São Nicolau amigo das crianças… Porquê, ainda hoje, quando motivos realmente importantes, como o convívio familiar e os votos de boas festas felizmente se repetem, mas esquecendo demais que a família e a mensagem do Natal serão sempre as do presépio de Belém, como foram anunciadas aos homens de boa vontade de todo o tempo e circunstância… Sim, o Natal é belo e a sua atração não acaba, porque se realizou a profecia que ouvimos, e tantos ouviram, ainda antes de acontecer, como realmente aconteceu naquela noite: «Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado […] e será chamado ‘Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz’»”, recordou o Patriarca de Lisboa.

Na tradicional Missa do Galo, D. Manuel Clemente considerou a família como “objetivo prioritário e permanente da ação pastoral”. “Parecerá pouco, mas é realmente tudo. A verdade que esplende e atrai nesta noite reside completamente aqui: na família, na criança e na manjedoura. E a razão de nos atrair tanto, só pode ser uma: o próprio Deus se manifesta assim, no que quer ser connosco e no modo indispensável de tal acontecer, isto é, a partir da família, como realidade central da humanidade, e na pobreza autêntica, que nos faz viver uns dos outros e uns para os outros. Estamos a falar de “amor”, de vida partilhada, que é a verdadeira essência de Deus”. Para o Patriarca, “a família, meio e ambiente” são “indispensáveis para a transmissão da vida, da conceção à educação dos filhos”. “A família, cuja constituição e acompanhamento devem ser objetivo prioritário e permanente da nossa ação pastoral. A família, cuja sustentação terá de ser igualmente a primeira preocupação da sociedade e do Estado, que não podem prescindir dela, como primeira realização social e insubstituível aprendizagem da vida em comum. A família, economicamente sustentada, profissionalmente garantida e pedagogicamente respeitada, no tocante à transmissão da fé e dos valores aos seus filhos”, observou. Também a relevância da criança, “cujos inegáveis direitos ainda esperam e muito pela realização cabal”, foi abordada na homilia, pelo Patriarca de Lisboa, referindo um exemplo de “Natal verdadeiro”. “Um casal com vários filhos ainda teve lugar para mais um, adotado e portador de deficiência. Uns amigos que souberam, desistiram de grandes enfeites ‘natalícios’ em sua casa, para acorrerem com gosto à dos adotantes e ali contemplarem esse presépio autêntico. E o facto é que nunca houve tanta alegria naquela casa, alegria que continua, para pais e irmãos adotivos. Aí sim, ouve-se a canção dos anjos”, contou D. Manuel Clemente.

Nesta celebração, na noite do dia 24 de dezembro, o Patriarca convidou todos os fiéis a repercutir o Natal, nas suas vidas, com “idêntica verdade comprovada”. “O mundo não será outro senão da mesma maneira – a sua maneira, concreta, simples, inteiramente verdadeira porque verificada nos bons efeitos que produz. Assim iremos ao todo, que atingiremos pela parte praticada. [...] A solução ficou patente e oferecida: começando por cada homem e mulher, de criança a idoso, com rosto, nome e situação; não deixando para amanhã o que devemos fazer hoje, do modo mais solidário e inclusivo que possa ser. E em cada pequena vitória de humanismo autêntico abrir-se-á um futuro capaz. Comecemos ou continuemos nós agora”, desafiou. 

 

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“Natal é um programa para as nossas vidas”

Na tradicional Mensagem de Natal, transmitida na noite de dia 24 de dezembro, na RTP1, Antena 1 e Rádio Renascença, o Patriarca de Lisboa apelou a uma permanente "atenção" à "fragilidade dos outros". "Que isto seja não apenas uma lembrança do que aconteceu, mas também um programa para as nossas vidas e que comece já onde estamos – nas nossas famílias, nas nossas casas –, tendo atenção às outras famílias, aos que não têm família e aos nossos irmãos mais frágeis que, precisando da nossa atenção, acabam por nos retribuir em humanidade e cem por um", expressou D. Manuel Clemente, falando do significado do presépio: “O presépio significa simplicidade, significa meios apenas os necessários. Tenhamos pressa, como os pastores tiveram, em encontrar a família, a criança, a fragilidade dos nossos irmãos. Mantenhamos assim, esta simplicidade também, onde tudo chegará para todos, numa ecologia completa e realizada, como tanto quer o nosso querido Papa Francisco”. 

 

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Concerto de Natal na Sé de Lisboa

O tradicional Concerto de Natal do Coro da Catedral de Lisboa decorreu no passado Domingo, dia 28 de dezembro, na Sé Patriarcal, com o tema ‘The Colours of Christmas’.

Informações: www.facebook.com/corocatedrallisboa

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