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Lei da blasfémia continua a aterrorizar cristãos no Paquistão
A última esperança
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A vida de Asia Bibi está nas mãos dos juízes do Supremo depois de o tribunal de recurso ter confirmado a primeira sentença: condenação à morte. Só uma forte campanha internacional poderá salvar esta cristã, mãe de 5 filhos. A sua vida está agora nas nossas mãos.

 

É uma lei cobarde e mentirosa. Ao abrigo de falsas acusações de blasfémia, centenas de pessoas perderam a vida no Paquistão com a cumplicidade criminosa das autoridades. As regras do jogo são simples: basta uma mentira para se lançar uma multidão contra alguém, normalmente os mais pobres, os mais fracos. Normalmente alguém que pertence a uma minoria religiosa. Como Asia Bibi.

Mas não só. No início de Novembro, duas pessoas foram queimadas vivas no Punjab, por uma multidão enfurecida, depois de alguém ter gritado que eles teriam destruído folhas de um livro do Corão.

Ele, Shehzab, tinha 26 anos. Ela, Shama, apenas 24. Eram marido e mulher. Pobres, muito pobres, analfabetos, trabalhavam numa fábrica de argila, num forno de tijolos onde acabaram por morrer. Dezenas de pessoas assistiram a tudo mas ninguém os defendeu.

É arriscado, no Paquistão, levantar a voz por alguém acusado de blasfémia. Dois proeminentes políticos paquistaneses, o muçulmano Salmaan Tasser e o cristão Shabhaz Bhatti foram assassinados por terem ousado defender Asia Bibi.

 

Dia 14 de Junho

Regressemos a Junho de 2009. Dia 14. Asia Bibi está no campo, a trabalhar, quando decide ir a um poço beber um copo de água. Está muito calor. Provavelmente, cerca de 40 graus. Ao regressar do poço, ofereceu água a duas outras mulheres, muçulmanas, que trabalhavam ali com ela. Elas recusaram, acusando-a de ter conspurcado a fonte, por ela ser cristã, infiel. Depois, acusaram-na de blasfémia, de ter insultado o profeta Maomé. A conversão resolveria tudo. Mas ela sempre recusou isso, mantendo-se fiel a Cristo, apesar do medo, dos insultos, da violência. Cinco dias depois, um muçulmano, Qari Muhammad Sallam, formalizou a acusação numa esquadra da polícia local.

 

Vida na cadeia

Desde então, Asia Bibi está confinada a uma cela minúscula, onde as horas se tornam intermináveis. Ela própria descreveu o medo e a angústia de estar ali fechada atrás de grades. “Não vejo mais nada senão as grades, o chão húmido e as paredes sujas de porcaria. Um cheiro a gordura, suor e urina invade tudo. Uma mistura insuportável, mesmo para uma rapariga do campo. Eu pensava que isto iria passar, mas não. É o cheiro da morte, ou do desespero…”

Dia 8 de Novembro de 2010. O juiz Naveed Iqbal está prestes a proferir a sentença sobre o caso de Asia Bibi. A sala está cheia de pessoas. Faz-se um difícil silêncio. “Asia Noreen Bibi, em virtude do artigo 295º C do código paquistanês, o tribunal condena-vos à pena capital por enforcamento e a uma multa de 300 mil rupias.” Mal o martelo soou sobre a secretária, proclamando que a sessão estava terminada, ouviram-se gritos de júbilo na sala.

A nossa vez

Dezembro de 2014. Depois de mais uma sentença desfavorável, Asia Bibi só tem como único recurso possível o Supremo Tribunal de Justiça. Cada vez tem menos tempo, menos argumentos. No entanto, esta jovem mulher não desiste de se afirmar cristã.
Ainda no início deste ano escreveu ao Papa Francisco, desde a prisão de Multan, enviando-lhe “uma carinhosa saudação”, na certeza “de que o senhor se lembrará de mim nas suas orações”. E assinou: “Asia Bibi, sua filha na fé”.

Quando se esgotam os argumentos jurídicos, sobra apenas a possibilidade de a comunidade internacional pressionar as autoridades do Paquistão para uma intervenção directa neste caso.

É preciso acordar consciências em todo o mundo para que a lei da blasfémia não cause mais vítimas, para que Asia Bibi seja libertada e possa voltar para casa, para junto do marido e dos filhos. Para que nunca mais se repitam assassinatos como os de Shehzab e Shama, queimados vivos porque alguém lançou sobre eles uma mentira. E isto é também para si. O que fizer, pode ser para Asia Bibi a última esperança!

 

 

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BEBA UM COPO DE ÁGUA POR ASIA BIBI

Beber um copo de água devia ser um gesto livre e natural para toda a gente. Ninguém deve ser condenado á morte por causa disto. Dia 10 de Dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos), pelas 17h00, venha beber um copo de água por Asia Bibi à Alêtheia (Rua do Século, 13 Lisboa) ou tire uma selfie a beber um copo de água e envie-nos por mail para salvemasiabibi@gmail.com ou coloque directamente no facebook.com/SalvemAsiaBibi. Ao final da tarde, pelas 18h30, estaremos no Chiado no Presépio na Cidade a rezar por esta mesma intenção. Junte-se a nós!

 

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