Papa |
A uma janela de Roma
“As obras de misericórdia são essenciais para a vida cristã”
<<
1/
>>
Imagem
A misericórdia foi tema da audiência-geral de quarta-feira. Na semana em que vai celebrar 20 casamentos, o Papa lembrou que os líderes religiosos devem ser "construtores da paz" e mostrou-se preocupado com o fim da trégua entre Kiev e os separatistas. Na Casa de Santa Marta, Francisco deixou mensagens fortes aos cristãos.

 

1. O Papa lembrou, na audiência-geral de quarta-feira, dia 10 de setembro, que segundo o Evangelho “o essencial é a misericórdia”, recordando também o ensinamento de Jesus para com os discípulos: “Sede misericordioso como o vosso Pai é misericordioso”. “Fiel a este ensinamento, a Igreja repete a mesma coisa aos seus filhos: ‘Sede misericordiosos’ como é o Pai e como foi Jesus”. Desta forma, continuou o Santo Padre, a Igreja comporta-se como Jesus, pois não faz lições teóricas, sobre o amor ou sobre a misericórdia mas ensina com o exemplo. “A Igreja ensina a dar de comer e a dar de beber a quem tem fome e sede e a vestir quem está nu”. O Papa Francisco referiu o exemplo de tantos santos e santas e, sobretudo, o importante exemplo das famílias que partilham os alimentos que têm com aqueles que têm fome. “A Mãe Igreja ensina-nos a estarmos próximos de quem está doente... A Mãe Igreja ensina-nos a estarmos próximos de quem está na prisão... A Mãe Igreja ensina a estar junto de quem foi abandonado e morre sozinho...”.

Na saudação aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa reforçou: ”Queridos amigos, as obras de misericórdia são essenciais para a nossa vida cristã. Olhai ao vosso redor, há sempre alguém que precisa de uma mão estendida, de um sorriso, de um gesto de amor. Quando somos generosos, nunca nos faltam as bênçãos de Deus”.

 

2. É a primeira vez que acontece neste pontificado: 20 casais italianos celebram matrimónio neste Domingo, dia 14, numa cerimónia presidida pelo Papa Francisco. Entre os noivos destacam-se Gabriela, que foi mãe ainda adolescente, e Guido, que teve um primeiro casamento declarado nulo. Conheceram-se há cinco anos e resolveram casar pela Igreja. Qual não foi o seu espanto, quando o pároco os convidou para integrarem o grupo dos 20 casais que vão ser casados pelo Papa. Claro que nos bancos da frente vai estar sentada a filha de Gabriela, já adulta.

Um outro casal, Giulia e Flaviano, apesar do seu trabalho precário e sem dinheiro para festas ou copo de água, resolveram casar. Esperam ansiosos dizer o “sim” perante Francisco e a paróquia destes noivos já se organizou para o banquete depois do casamento.

Estas e outras histórias de vida vão ser abençoadas por Francisco neste Domingo, a três semanas do início do Sínodo dos Bispos. De 5 a 19 de Outubro, em Roma, o sínodo será dedicado aos problemas que a família enfrenta no mundo contemporâneo.

 

3. O Papa defende que chegou o momento de os líderes religiosos cooperarem para resolver os conflitos e procurar a paz. “Chegou o momento em que os líderes das religiões devem cooperar com eficácia para curar as feridas, resolver os conflitos e procurar a paz", sublinhou numa mensagem enviada a um encontro inter-religioso organizado pela Comunidade de Santo Egídio, na Bélgica. Segundo Francisco, “os líderes das religiões são convocados a serem homens e mulheres de paz” e são capazes de “promover a cultura do encontro e da paz quando as outras opções fracassam ou vacilam”.

O Papa defendeu que todos os líderes religiosos “sejam construtores da paz” e as comunidades religiosas “escolas de respeito e de diálogo” e “lugares onde se aprende a superar as tensões e a promover relações pacíficas entre os povos”. Francisco salientou que atualmente há muitos povos que precisam de "ser ajudados para encontrar o caminho da paz".

Recordando que nestes dias se assinalam os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial, o Papa explicou que este aniversário "ensina que a guerra não é nunca um meio satisfatório para reparar as injustiças". "Cada guerra, como afirmou o Papa Bento XV em 1917, é um massacre inútil. A guerra empurra os povos para uma espiral de violência que não se controla e que derruba tudo o que foi construído pelas gerações e prepara o caminho para injustiças e conflitos ainda pior", acrescentou.

 

4. O Papa Francisco espera que o acordo de cessar-fogo na Ucrânia seja o início de um esforço para a “paz verdadeira” na região, mas manifestou receio quanto às notícias recentes de novos ataques. “Nestes últimos dias, foram cumpridos passos significativos na busca de uma trégua nas regiões atingidas pelo conflito na Ucrânia oriental. Apesar de ter ouvido notícias pouco reconfortantes, desejo que essas tréguas possam trazer alívio à população e contribuir nos esforços para uma paz verdadeira”, disse durante o Angelus do passado Domingo, 7 de setembro. "Rezo para que, dentro da lógica do encontro, o diálogo começado possa continuar e obter o fruto esperado".

 

5. O Papa Francisco considera que os cristãos incapazes de se reconhecerem como pecadores são “mornos” e que o encontro com Jesus deve “mudar a vida”. “O lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo são os próprios pecados. Se um cristão não é capaz de se sentir pecador, salvo pelo sangue de Cristo e por este crucifixo, é um cristão a meio caminho, é um cristão morno”, declarou, na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta, no Vaticano.

O Papa sustentou que as instituições eclesiais “decadentes” têm na sua origem cristãos que “nunca encontraram Jesus Cristo”. “A força da Palavra de Deus está no encontro entre os meus pecados e o sangue de Cristo, que me salva. E quando não existe este encontro, não há força no coração”, advertiu.

Aura Miguel, à conversa com Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Pedro Vaz Patto
Foi muito bem acolhida, pela generalidade da chamada “opinião pública”, a notícia de que...
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES