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Acampamento Regional de Lisboa decorreu em Ferreira do Zêzere
ACAREG foi a ‘direção certa’ para mais de 4.500 escuteiros
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De Lisboa a Alcobaça, foram milhares os escuteiros da diocese que participaram no XXIV ACAREG. Durante uma semana, Ferreira do Zêzere, em Santarém, acolheu o acampamento escutista da Região de Lisboa, que registou a maior participação de sempre. A partir das palavras de São João Paulo II ‘Não tenhas medo’, os escuteiros descobriram nos outros “o rosto de Jesus que se oferece como a única companhia que convence e vence”.

 

No primeiro dia do acampamento, o chefe de campo José Carlos de Oliveira, através do jornal diário ‘O Destemido’, criado para esta atividade escutista, dava as boas-vindas aos escuteiros de Lisboa. Sobre o ‘segredo’ para justificar a forte mobilização dos escuteiros, este dirigente enumera a “forte capacidade mobilizadora e motivadora dos agrupamentos, o tema escolhido ‘Não tenhas medo’ e o próprio centro de atividades escutistas de Ferreira do Zêzere”.

O recinto, com aproximadamente 17 hectares, localizado no Distrito de Santarém, começou a receber os primeiros escuteiros na manhã de sábado, dia 2 de agosto. Faseadamente, os agrupamentos iam chegando e sendo orientados para os espaços destinados. Para além dos escuteiros provenientes de toda a diocese, estiveram também presentes contingentes de escuteiros de Coimbra, Braga, Santarém, Angola, Espanha e Suíça.

 

Levar a paz

Na quinta-feira dessa semana, dia 7 de agosto, o chefe Frederico Aguiar, proveniente do agrupamento 75 do Estoril, relatava ao Jornal VOZ DA VERDADE algumas das peripécias que foram vividas nos dias anteriores. “Apesar das dificuldades, foi um tempo gratificante”, garante. “Dá-me alegria ver os jovens a divertirem-se num conjunto de atividades variadas. Desde atividades náuticas, raides, exercícios no campo aventura, jogos noturnos e até um ‘master scout’ - concurso culinário que fará certamente concorrência aos outros concursos televisivos da especialidade”, ironiza este dirigente, que é também professor de inglês.

Ao longo do percurso e enquanto se ia ouvindo, com alguma frequência, o hino do acampamento, Frederico fazia um breve resumo do dia-a-dia no ACAREG. “Começamos bem cedo, por volta das 6h30, com a passagem da equipa que traz os mantimentos para o pequeno-almoço. Depois, por volta das 8h00, são distribuídos os abastecimentos para as patrulhas. A saída para as atividades (dentro e fora do acampamento) acontece por volta das 9h00. Após o almoço, seguem-se as atividades da tarde e o dia só fica completo com as atividades noturnas que, em geral, têm como local de encontro a praça Karol Wojtyla (arena). É o local ideal para as atividades comuns, como por exemplo, atividades de vivência da fé, apresentações e outros momentos”, descreve este responsável.

Frederico Aguiar, que é também secretário pedagógico da 2ª secção no Núcleo da Barra, considera “muito especial” o imaginário criado a partir das palavras de São João Paulo II ‘Não tenhas medo’. Numa das viagens de João Paulo II a Portugal, este dirigente recorda-se de ter estado perto do então Papa. “Estive a poucos metros de João Paulo II. Foi muito gratificante ver os jovens a aplaudir e a gritar o nome dele. Desde então sinto que existe essa ligação, não só minha mas também dos mais novos. Penso que o apelo ‘Não tenhas medo’ é também um desafio para levar a paz ao mundo e neste ACAREG vejo escuteiros capazes disso”, afirma o dirigente escutista.

 

Sempre a aprender

Do agrupamento do Estoril participaram cerca de 40 escuteiros. Em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE, alguns deles afirmam já não imaginar as suas vidas sem o escutismo. Para o adolescente Ricardo Coutinho, de 13 anos, as atividades náuticas foram as que lhe despertaram maior atenção. “Foi uma atividade que correu muito bem, tal como toda a semana. Saio deste acampamento com a mensagem de que não podemos desistir daquilo que é realmente importante”. Já para o seu colega António Covas, o escutismo é uma fonte de ensinamentos. “Fiz imensos amigos e foi bom para a escola. Este é o primeiro ACAREG em que participo e levo para casa muitas amizades novas e também muitos ensinamentos. Estou sempre a aprender”, refere este adolescente que frequenta o 8º ano de escolaridade.

“Levo daqui vontade para ir e conseguir vencer aquilo que tenho medo, para poder seguir em frente”, aponta Matilde Soares, outra escuteira do mesmo agrupamento, como legado para o futuro. Segundo esta adolescente que frequenta os escuteiros desde os 6 anos, já se torna “impossível ver a vida sem o escutismo”.

 

Isto é o futuro

Na semana de realização do Acampamento Regional de Lisboa, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos escuteiros de todo o mundo por ocasião do quarto encontro internacional – Eurojamboree –, que decorreu em França. Nesse documento, convidou todos os escuteiros a serem ‘verdadeiros protagonistas deste mundo e não somente espectadores’. Para D. Manuel Clemente, é precisamente isso que se encontra no ACAREG. “Desde que acordam até que adormecem, os escuteiros são sempre chamados a intervir”, recorda ao Jornal VOZ DA VERDADE o Patriarca de Lisboa durante a visita que realizou ao acampamento regional, no dia 7 de agosto. “A alma do escutismo reside no facto de que a educação é, em grande parte, uma auto educação, pelo esforço e pelo serviço. Essa foi a grande descoberta de Baden Powell, fundador do escutismo”, lembra D. Manuel Clemente.

Para o Patriarca de Lisboa, o que se aprende no escutismo leva-se para o dia-a-dia. “Quem passa pelo escutismo, leva para a vida essa mesma atitude. Ao estarmos integrados em pequenos grupos, espontaneamente repartimos atividades para atingirmos objectivos. Isso é extremamente educativo. Não se trata de uma lição de moral, mas uma prática de vida”, refere. A experiência obtida a partir da participação nestas atividades é, para D. Manuel Clemente, um contributo importante para a sociedade. “Estamos todos juntos e disponíveis para levar para a sociedade este espírito que ganhamos de participação. Mais do que anunciar o futuro, isto é o futuro! Gente que procura ser parte da solução e não do problema. Trata-se de uma missão permanente, isto é, sair de si para ir ao encontro do outro. Essa experiência está aqui presente”, conclui o Patriarca de Lisboa.

Durante os dias em que decorreu o ACAREG, destacam-se também as visitas ao acampamento dos bispos auxiliares de Lisboa, D. Nuno Brás e D. José Traquina nos dias 5 e 6 de agosto que “no terreno” trocaram conversas por entre os milhares de escuteiros, chegando até a participar em algumas das atividades propostas para esses dias.

No fim da visita ao acampamento regional de Lisboa que coincidiu com o último dia de atividades antes da partida dos escuteiros para as suas casas, D. Manuel Clemente recorda também o bom ambiente que testemunhou. ‘Apesar de o acampamento estar a chegar ao fim existe um clima de boa disposição e disponibilidade. De facto, o escutismo está muito presente na nossa diocese. De Lisboa a Alcobaça reparamos que a grande participação dos adolescentes e jovens está ligada ao escutismo. Se nós, os mais velhos, padres, dirigentes e outros responsáveis, deixamos passar o espírito do evangelho, então a coincidência é total. Isto funciona por si’, lembra o Patriarca de Lisboa.

 

Não tenham medo

Antes de terminar a visita ao XXIV ACAREG, D. Manuel Clemente celebrou a Eucaristia, na capela erguida no recinto, e presidiu ao compromisso de alguns escuteiros espanhóis. Na homilia, o Patriarca de Lisboa fez referência à pergunta que Jesus fez aos discípulos – ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’, narrada no Evangelho desse dia –, e lembrou: “Nós, os cristãos, somos aqueles que sabemos que Jesus é, para nós, hoje, o nosso Salvador. Não é mais um. É Ele! Às vezes podem perguntar: ‘Mas como é que eu vou convencer os outros de que Jesus é tão importante?’. Não somos nós que vamos convencer os outros. Nós vamos ser, pelo nosso testemunho, pelo nosso exemplo, pela nossa presença, uma ocasião para que Deus abra os olhos dos outros para Jesus e O descubram como Salvador”, lembra o Patriarca de Lisboa.

Fazendo memória dos tempos de início da sua própria caminhada escutista, D. Manuel Clemente destacou a importância que outros escuteiros tiveram na sua formação. “Muitos escuteiros foram para mim ocasião de eu abrir os olhos para Jesus, porque me deram o exemplo”. O Patriarca concluiu a homilia, destacando a importância do serviço aos outros: “Que este acampamento tenha sido uma ocasião para perceber melhor como através da companhia dos outros, como através do exemplo cristão de serviço e disponibilidade que receberam e de encontros que tiveram durante estes dias, através disso tudo, Deus abriu-nos os olhos para Jesus que tem o rosto de todos os seus e se oferece como uma companhia a sério, para ir até ao fim. Não tenham medo! Vão com Jesus porque esta é uma companhia que convence e que vence”, conclui o Patriarca de Lisboa.

 

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Hino do XXIV ACAREG: Não tenhas medo’

Refrão

 

Acareg é a direção certa

Lisboa unida sempre alerta

 

Não tenhas medo de amar

De sorrir e cantar

Abraça a tua missão

Ergue os teus braços ao céu

Abre o teu coração

E sente o que Ele te diz

 

Dá-te sem medida,

Sem esperar recompensa

E serás feliz

Não tenhas medo

 

Letra e música: Luís Pintas

  

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XXIV ACAREG em números

 

Comunicação

- 1.200 jornais diários impressos e distribuídos no acampamento

- 80 mil pessoas alcançadas no Facebook

- 2.500 visualizações online da missa de abertura

- 2 programas diários emitidos na Emissora Regional do Zêzere

 

Logística do acampamento

- Pequenos Almoços: 27.000

- Alimentos disponibilizados para confeção em campo: 27.900

- Refeições quentes confecionadas pelos serviços: 5.600

 

Participação

- 4507 elementos (797 lobitos; 1455 exploradores; 1207 pioneiros; 284 caminheiros; 427 elementos destacados para os serviços gerais; 337 dirigentes)

- 104 agrupamentos

- 188 elementos pertencentes a agrupamentos fora da Região de Lisboa

 

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Novo assistente regional de Lisboa do CNE: “O escutismo é um local privilegiado para a missão”

 

A Região de Lisboa do Corpo Nacional de Escutas (CNE) tem, desde o passado mês de julho, um novo assistente regional. Em Ferreira do Zêzere, durante o XXIV ACAREG, o padre Ricardo Ferreira assinalou a forte participação como um “sinal da vitalidade do movimento na diocese” e apontou o escutismo como resposta ao desafio sinodal que a Diocese de Lisboa está a viver.

 

O ACAREG do passado mês de agosto foi para o padre Ricardo Ferreira a primeira atividade escutista enquanto assistente regional de Lisboa e marcou, por isso a “passagem do testemunho”. Para este sacerdote, que substitui no cargo o padre Paulo Franco, “a grande adesão dos escuteiros de Lisboa à atividade é um sinal da vitalidade do Corpo Nacional de Escutas na região e da importância que este tem na vida da Igreja”. Perante este facto, o padre Ricardo acredita que os escuteiros da diocese pretendem ser “protagonistas do futuro” e acrescenta que “sendo o ideal escutista a formação integral dos jovens, eles não podem ser meramente espectadores”.

Para além do número máximo de participações registadas (4.507), o novo assistente regional destaca igualmente a importância do movimento para a missão evangelizadora da Igreja. “É bom perceber que os jovens que viveram estes dias no ACAREG e os adultos que os prepararam estão contentes. O escutismo abre muito as portas da Igreja, não só aos jovens, mas também às suas famílias, acabando até por aproximar alguns familiares que se foram distanciando da Igreja, com o tempo. Assim, este movimento é um local privilegiado para a missão e vem responder ao desafio sinodal que a nossa diocese está a viver’, destaca ao Jornal VOZ DA VERDADE o novo assistente regional de Lisboa.

Quando questionado sobre aquilo que cada jovem procura num encontro como o ACAREG, o padre Ricardo Ferreira reforça a importância da disponibilidade dos responsáveis para ajudar os mais novos nessa busca. “Cada jovem, ao participar num encontro para escuteiros católicos, como este, procura várias coisas. No entanto, o que nós queremos é que ele se encontre com Deus, com ele mesmo e com os irmãos escuteiros e os seus irmãos na fé. Não sabemos se encontram tudo mas cabe-nos a nós, os mais velhos, ajudá-los nessa procura”.

Quanto às expectativas para os próximos anos pastorais, este sacerdote aponta a necessidade de continuar a promover um crescimento dos jovens, segundo o ideal escutista. “Um movimento que é dos jovens e para os jovens, à luz do método escutista onde eles crescem uns com os outros e aprendem juntos, sabendo que a verdadeira sabedoria é aquela que nos vem do Espírito Santo e é aquela que esperamos que todos possam encontrar neste ambiente”, conclui.

 

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Chefe nacional do CNE: “Como membro da Igreja, o escuteiro é construtor do futuro”

O chefe nacional do Corpo Nacional de Escutas (CNE), Norberto Correia, esteve de visita ao XXIV ACAREG da Região de Lisboa. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, o dirigente nacional destaca o “crescimento substancial” de participantes naquele acampamento. “Por todo o país notamos alguns recordes de participação, mas no acampamento da região de Lisboa esse crescimento é mais substancial”, revela.

Para Norberto Correia, escuteiro há mais de 45 anos, este tipo de encontros “são sempre muito importantes para a vida de um escuteiro porque abrem novos horizontes e criam novas perspetivas. Trata-se de um incentivo ao crescimento na formação humana. É assim que muitos colhem conhecimentos de convivência e visão global”, aponta.

O chefe nacional do movimento lembra também que, “para além de escuteiro, cada um é membro da Igreja e, como tal, deve ser o construtor do seu futuro e é isso que todos aprendem nestes acampamentos. Por isso, o CNE está a atingir os objetivos a que se propôs”, afirma.

  

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Português nomeado presidente do Comité Mundial do Escutismo

O dirigente português João Armando Gonçalves foi nomeado presidente do Comité Mundial do Escutismo, durante a conferência mundial daquele movimento, que decorreu entre os dias 11 e 15 de agosto, na Eslovénia. Na mensagem deixada no jornal ‘Flor de Lis’ após a sua eleição, o dirigente português admite estar “contente e orgulhoso mas um pouco receoso por ser um projeto de grande envergadura” e aponta a necessidade de “manter a unidade da organização” como o grande objetivo para o mandato de três anos que tem pela frente. No final, João Armando Gonçalves agradece ao Corpo Nacional de Escutas “a quem deve tudo” o que aprendeu para chegar a esta posição.

texto por Filipe Teixeira; fotos por Flor de Lis (CNE/Região de Lisboa) e FT
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