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Síria: recomeçar tudo de novo em Homs
Viver entre ruínas
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Mais de 30 mil pessoas, em Homs e no “Vale dos Cristãos”, precisam desesperadamente de ajuda. Mesmo com a saída das forças rebeldes que estavam sitiadas na cidade, ninguém está a salvo.

 

Desde há uma semana que não se escutam tiros em Homs. Com a saída das forças rebeldes que ocupavam a cidade desde Março de 2011, há um estranho silêncio no ar. Porém, praticamente mesmo sem tiros, nem explosões, sem o ruído da artilharia, a guerra está presente em todo o lado. Não há rua que não tenha sido destruída pelos tiroteios furiosos entre as forças rebeldes que ocuparam a cidade e o exército sírio. Casas esburacadas, carros esventrados, prédios desfeitos. Não há água nem electricidade e o que resta da maioria das casas não é habitável. A cidade é, toda ela, uma ruína. Milhares de pessoas fugiram, em pânico, quando os combates começaram. Depois, tornou-se cada vez mais difícil sair. Difícil e perigoso. Em cada esquina podia esconder-se um “sniper”. Nunca se sabia bem de onde vinham as balas. A cidade ficou literalmente sequestrada. Cercada por todos os lados. A morrer da violência e de fome.

 

Padre assassinado

Agora, com a saída das forças rebeldes e o regresso dos soldados do regime, em resultado de negociações entre as várias partes em confronto nesta guerra civil, Homs pode começar a viver uma nova etapa da sua vida. Quem gostaria seguramente de assistir a este recomeço seria o Padre Frans Van der Lugt, jesuíta holandês, assassinado no início do mês passado com dois tiros na cabeça depois de ter sido espancado, quando estava no jardim do convento, precisamente em Homs. Tinha 75 anos. Recusou-se sempre a deixar a sua casa, o bairro, a cidade. Foi sempre fiel ao povo que serviu durante dois anos. A sua missão em prol da comunidade - que desde a primeira hora é apoiada directamente pela Fundação AIS -, é prosseguida agora pelo Padre Ziad Hillal, também ele da Companhia de Jesus.

 

“Vale dos Cristãos”

Através do trabalho desenvolvido em Homs, pode dizer-se que todos os dias há alguém que é resgatado de uma situação de pobreza extrema, que volta a acreditar no futuro e que volta, por isso, a reaprender a sorrir.

Na região de Homs há muitas famílias refugiadas num lugar conhecido como o "Vale dos Cristãos", que fica situado a cerca de 45 quilómetros a oeste da cidade. Aí, quase todos perderam tudo o que tinham. Dependem agora totalmente do que lhes é oferecido. Quer sejam alimentos ou roupa. Ou medicamentos. Não têm nada. Nem trabalho. Neste momento, a Fundação AIS está a apoiar directamente 2 mil famílias no "Vale dos Cristãos" e mais 2 mil em Homs. O Padre Ziad, que conhece como poucos o mapa desta tragédia, diz que é preciso mais, pede ainda mais apoio. Ele fala em mais de 30 mil pessoas que precisam de ajuda desesperadamente.

 

Dias de terror

Depois de três anos de terror, os cristãos de Homs estão a descobrir como é viver sem o barulho dos tiros, o silvar das balas, o medo permanente da morte. Os cristãos de Homs viveram uma tragédia imensa. Agora, precisam da nossa ajuda para recomeçarem de novo. Eles sabem que é tudo muito precário ainda. Mas, mesmo que a guerra volte aos seus bairros, às suas ruas, mesmo que volte a destruir as suas casas, eles têm fé num futuro melhor e, por isso, pedem-nos ajuda.

Homs é só um dos palcos desta trágica guerra que teve início em Março de 2011. Em muitos outros lugares, vivem-se dias aterradores, como em Raqqa, de onde chegaram recentemente notícias de cristãos crucificados por se terem recusado a converter ao Islão ou a pagar “um imposto de protecção”. O mesmo já aconteceu em Maalula e em Abra. Na Síria, muito especialmente para os cristãos, ninguém está a salvo. E nós, não podemos fingir que ignoramos o que está a acontecer.

 

www.fundacao-ais.pt | 217 544 000

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