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A uma janela de Roma
Separação entre cristãos é um “escândalo”
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O Papa Francisco lembrou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Por estes dias, o Papa enviou uma mensagem ao Fórum Económico Mundial, condenou os “mercadores de carne humana”, falou de comunicação e o Vaticano confirmou que Bento XVI expulsou 400 padres por abusos a menores.

 

1. O Papa Francisco considera que a separação que ainda existe entre as diferentes confissões cristãs é um “escândalo”. “Não há outra palavra”, insistiu o Papa, durante a audiência geral de quarta-feira, referindo-se à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que decorre de 18 a 25 de janeiro.

Durante esta audiência-geral, que decorreu dia 22 de janeiro, o Papa falou também da situação na Síria, pedindo a todos que contribuam para a reconstrução daquele país que é palco de uma guerra civil há quase três anos. “Desejo para a querida nação Síria um caminho decidido de reconciliação, de concórdia e de reconstrução, com a participação de todos os cidadãos, onde cada um possa encontrar no outro não um inimigo, não um concorrente, mas um irmão a acolher e abraçar”, referiu, no dia em que teve início a conferência internacional de paz ‘Genebra 2’. A cimeira internacional de paz para a Síria, uma iniciativa da Rússia, Estados Unidos da América e Nações Unidas, começa na cidade suíça de Montreux, seguindo-se negociações em Genebra, entre o Governo e oposição sírios. As conversações vão ser acompanhadas por mais de 30 países, incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, representantes da Liga Árabe, da União Europeia e da Santa Sé. “Rezo para que o Senhor toque os corações de todos, para que, procurando unicamente o maior bem do povo sírio, tão provado, não poupem nenhum esforço para chegar com urgência ao fim da violência e do conflito, que já causou demasiado sofrimento”, declarou o Papa.

 

2. O Papa Francisco desafiou os membros do Fórum Económico Mundial, reunidos nestes dias em Davos na Suíça. Numa mensagem enviada para a abertura deste encontro anual, Francisco falou de fome e de morte para alertar os responsáveis mundiais a favor de políticas e medidas económicas mais humanas. “O desenvolvimento alcançado e os esforços para combater a pobreza têm visto alguns avanços, mas não chega para acabar com a exclusão social”, salienta o Papa. Por isso, sublinha, “as instâncias políticas e económicas devem promover medidas centradas no bem comum e no respeito pela dignidade de cada pessoa, sobretudo dos mais frágeis e indefesos”.

O Papa usa palavras fortes. Diz que não se pode “tolerar que milhares de pessoas morram todos os dias de fome, quando estão disponíveis enormes quantidades de comida, tantas vezes desperdiçada”. Francisco considera que “não se pode ficar indiferente perante numerosos refugiados à procura de condições minimamente dignas que não são acolhidos e que às vezes encontram a morte em viagens desumanas”.

Francisco reconhece usar palavras fortes e dramáticas para assim desafiar o auditório do Fórum Económico Mundial, pedindo que “usem a sua capacidade profissional, o seu engenho e a sua competência para a promoção de um crescimento económico integral, sem esquecer a dimensão transcendente da pessoa”. Só assim se poderá formar “uma nova mentalidade política e empresarial, numa ótica económica e financeira realmente humanas”.

 

3. Na Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, a 19 de janeiro, o Papa Francisco recordou todos os que trabalham com quem se encontra nesta situação. “Agradeço aos que trabalham com os imigrantes, que os acolhem e acompanham nos momentos de dificuldade, para os defender daqueles que o beato João Baptista Scalabrini apelidava os mercadores de carne humana, que querem escravizar os imigrantes”, afirmou Francisco, no final da oração do Angelus, antes de pedir aos presentes para rezar uma Avé Maria por esta intenção.

Da parte da tarde, o Papa visitou a paróquia romana do Sagrado Coração: "Tende fé em Jesus, que nunca dececiona. É a chave do sucesso”, assegurou. Foram quase quatro horas de visita, marcadas por um clima familiar e por momentos significativos: o encontro com os refugiados, os sem-abrigo, as crianças, os recém-casados e a comunidade religiosa.

 

4. O Papa Francisco considera que uma comunicação social de qualidade depende da existência de consciências bem formadas. “A qualidade ética da comunicação é fruto, em última análise, de consciências atentas, não superficiais, sempre respeitosas das pessoas, tanto daqueles que são objeto da notícia como dos destinatários da mensagem. Cada um, no seu próprio papel e com a sua própria responsabilidade, é chamado a estar vigilante para ter um alto nível ético de comunicação”, declarou Francisco, numa audiência concedida aos funcionários da RAI, nos 60 anos da emissora, onde elogiou o papel da emissora italiana de televisão e rádio e a sua colaboração com a Santa Sé.

 

5. A Santa Sé confirmou que, durante os anos 2011 e 2012, o então Papa Bento XVI expulsou 400 padres do sacerdócio por abusos a menores. Os dados que a agência Associated Press revelou terão sido coligidos no âmbito da sessão de quinta-feira, dia 16, em Genebra, em que um representante da Santa Sé teve de responder perante uma comissão das Nações Unidas, dando conta do que a Igreja tem feito para combater os abusos sexuais sobre menores no seio da Igreja. Durante a sessão, o arcebispo maltês Charles Scicluna defendeu que a Santa Sé não pode ser responsabilizada por más-práticas nas dioceses e paróquias individuais, explicou o que tem sido feito para melhorar a conduta quando existem suspeitas de abusos.

Entretanto, no dia em que o Observador da Santa Sé nas Nações Unidas falou sobre os casos de abusos sexuais perante a comissão da ONU para os direitos da criança, o Papa referiu que é preciso sentir vergonha dos escândalos que abalam a Igreja. "Tantos escândalos que não quero mencionar individualmente, mas todos sabemos deles, sabemos onde estão. São a vergonha da Igreja. Envergonhamo-nos desses escândalos, dessas derrotas de padres, de bispos, de leigos? A Palavra de Deus nesses escândalos era escassa; nesses homens e nessas mulheres, a Palavra de Deus era rara, não tinham uma ligação com Deus: tinham uma posição na Igreja, um lugar de poder, inclusive de comodidade, mas a Palavra de Deus não!”, sublinhou o Papa Francisco, durante a homilia na Missa matutina, celebrada na Casa de Santa Marta.

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