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Paróquia de Vialonga recebe Visita Pastoral
“Vale a pena ser cristão!”
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Vialonga recebeu a visita pastoral, com D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, a desejar que a comunidade cristã seja “uma casa que acolhe” e “que evangeliza”. Esta paróquia da Vigararia de Vila Franca de Xira-Azambuja tem como pároco, desde 2001, o padre João Prego que garante “ser importante” a presença do Pastor junto dos cristãos e da sociedade civil.

 

“O principal desafio da paróquia de Vialonga, tal como em qualquer outra comunidade, é dar a conhecer Cristo. A paróquia existe para anunciar! Olhando para a sociedade, que cada vez mais se torna secularizada, o desafio para a paróquia, e também para toda a missão da Igreja, é encontrar formas para fazer chegar a Palavra e a mensagem de Deus aos paroquianos, de uma maneira que toque as pessoas e que faça sentido às suas vidas do dia-a-dia”. O padre João Prego, de 45 anos, chegou a Vialonga em setembro de 2001. Desde então, tem procurado ser testemunho com a sua vida e missão. “Desejo que as pessoas sintam que, realmente, vale a pena ser cristão!”.

 

Mudança do paradigma social

Vialonga é uma freguesia do concelho de Vila Franca de Xira, com 17,92 quilómetros quadrados de área, que pertence à Vigararia de Vila Franca de Xira-Azambuja. “Esta é uma terra onde o comunismo se tinha instalado e, parecendo que não, havia um certo afastamento das pessoas à Igreja e até alguma resistência, embora hoje em dia isso seja mais pacífico”, assegura o pároco, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Segundo os Censos de 2011, Vialonga tem 21033 habitantes. “A população de Vialonga é muito heterogénea. Há muita gente que veio de África, da América Latina e da Europa de Leste; mas a população é também composta por muita gente que veio sobretudo do Norte do país. Há uns anos, a Vialonga tinha muitas fábricas e as pessoas instalaram-se por cá, constituindo aqui a sua família”, conta este sacerdote, observando que “a população nativa de Vialonga é bastante reduzida em comparação com os que vieram de fora”.

Natural de Benguela, em Angola, o padre João Prego foi ordenado em 1998 e passou os primeiros três anos como sacerdote a trabalhar na formação, no seminário diocesano desta terra no oeste angolano. A chegada a Portugal aconteceu há 13 anos. “Em janeiro de 2001, quando cheguei ao Patriarcado de Lisboa, fui para as paróquias dos ‘Tojais’, São Julião, Santo Antão e Fanhões, como vigário paroquial”. Esta foi a primeira experiência do padre João Prego numa paróquia. Após cerca de meio ano de ‘estágio’ nestas paróquias, este sacerdote foi nomeado pároco de Vialonga. Uma missão que cumpre há mais de 12 anos. “Fui pároco, pela primeira vez, aqui na Vialonga”, observa este sacerdote, que conta com a colaboração do diácono permanente Manuel Hélder Teixeira de Carvalho.

Em 2001, quando o padre João chegou a esta paróquia, a realidade social era muito diferente da que se verifica nos dias de hoje. “Quando cheguei, havia emprego! Portanto, não havia a situação que estamos a viver agora, de crise. A vida era boa, em todas as classes, não havia praticamente situações de desemprego e as que existiam eram apenas temporárias. Nestes 12 anos, a realidade mudou muito. Com a crise, há locais, como em Vialonga, onde o desemprego é muito acentuado, em especial devido ao encerramento de muitas fábricas”, lamenta.

Apesar de ser uma paróquia “com uma população muito envelhecida”, Vialonga tem conhecido, nos últimos anos, uma renovação de gerações, com a chegada de casais jovens a dois novos bairros desta terra. “Em termos proporcionais, a população é ainda envelhecida, mas têm chegado casais novos da classe média aos bairros da Quinta da Maranhota e da Quinta da Flamenga”.

 

Quatro comunidades, três igrejas, um terreno

A paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Vialonga é uma paróquia com quatro comunidades: igreja matriz, Granja, que tem como padroeiro São Sebastião, Santa Eulália e Nossa Senhora do Cabo. Além da igreja paroquial, as comunidades da Granja e de Santa Eulália têm também uma igreja própria, mas a do Cabo não tem templo, pelo que a comunidade celebra, atualmente, num espaço cedido pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. “No bairro de Nossa Senhora do Cabo celebramos a Eucaristia numa espécie de loja. Há um terreno que foi cedido pela câmara para a futura igreja, mas neste momento não há projeto, nem há dinheiro para a construção”, frisa o pároco de Vialonga, salientando que “há a intenção futura, quando houver dinheiro, de fazer uma igreja no Cabo”.

A igreja matriz de Vialonga é um templo do século XVI, renascentista e barroco, que nestes últimos anos tem sofrido obras de restauro. Em especial os nove altares laterais. “Quando cheguei vi que o meu antecessor, padre José Gil, tinha um projeto para restaurar os altares. Era um projeto que deveria avançar! Neste sentido, e ao longo de mais de oito anos, fomos restaurando um altar por ano”. Para cumprir este projeto, o padre João Prego teve que mobilizar toda a comunidade. “Dadas as dificuldades financeiras da paróquia, demorámos todos esses anos a concluir o restauro”, aponta.

Em termos pastorais, a aposta nestes 12 anos tem passado pela implementação dos programas pastorais da diocese. “A nível da paróquia, temos tentado aplicar os programas pastorais diocesanos aos vários grupos, movimentos e comunidades da paróquia, esperando que tenha impacto na vida das pessoas e dos cristãos”.

 

“Escutar, conhecer e seguir Cristo”

Vialonga tem atualmente 321 crianças e adolescentes na catequese, a cargo de 32 catequistas. Durante a visita pastoral, que teve início no dia 14 de janeiro, D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, encontrou-se com estas crianças e adolescentes na celebração da Eucaristia. Foi na tarde do passado sábado, 18 de janeiro, na igreja matriz, com o Bispo Auxiliar do Patriarcado a convidar os mais pequenos a “escutar, conhecer e seguir Cristo”, para depois “passar aos outros esse testemunho”. Após a celebração, D. Joaquim manteve um encontro com os catequistas desta paróquia, agradecendo, “em nome da Igreja”, a missão destes educadores da fé. Em Vialonga, a catequese procura envolver os pais na transmissão da fé. D. Joaquim sublinhou este dado, garantindo que essa experiência “é bonita e é significativa”. “A nossa catequese só atinge verdadeiramente os seus objetivos se nós tivermos a colaboração dos pais e os envolvermos, porque somos colaboradores deles na missão da transmissão da fé”, frisou o Bispo Auxiliar.

 

Atrair os jovens

A paróquia de Vialonga procura que, no final da catequese, a juventude que recebe o Crisma entre no grupo de jovens Maranathá. Um desejo que não tem sido fácil de cumprir, nas palavras do pároco. “Em termos numéricos, o grupo de jovens da paróquia é muito reduzido, não passando de dez, e não tem um impacto muito grande. A única atividade que eles cumprem, além de se encontrarem de vez em quando, é animar a Missa vespertina, ao sábado”, expõe. Questionado sobre os motivos para os jovens não aderirem à proposta da Igreja, o padre João Prego observa: “Não consigo apontar uma causa concreta. Todos os anos desafiamos os jovens que fazem o Crisma a ficar connosco, mas até ao momento não temos conseguido. Ao longo do ano vamos sensibilizando e explicando-lhes que o local onde podem dar continuidade à sua missão na Igreja é no grupo de jovens. Na véspera da receção do Crisma entusiasmam-se, juntam-se ao grupo, mas depois acabam por ficar apenas dois ou três… Tem sido difícil”, lamenta este sacerdote, fazendo um mea culpa: “Não sei se é por eu estar sozinho na paróquia e ter muita coisa para fazer, mas se calhar devia estar mais presente com os jovens. A realidade da paróquia é tão vasta, que eu tenho de estar em todos os lados e por vezes a juventude fica para trás. Esta é uma hipótese…”, refere.

Na área da juventude desta paróquia destaca-se, por outro lado, o Agrupamento 342 - Vialonga do Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português, que é composto atualmente por cerca de 150 elementos.

A paróquia de Vialonga conta igualmente com diversos movimentos que estão presentes na comunidade. “Cada movimento tem dado o seu dinamismo para a comunidade, em função do carisma e da espiritualidade de cada um. Temos os Cursilhos de Cristandade, a Legião de Maria, a Liga Missionária, as Oficinas de Oração e Vida, o Caminho Neocatecumenal, o grupo dos vigilantes, que vigiam a igreja, e os zeladores”, enumera o padre João.

Ao nível da caridade, a paróquia de Vialonga procura responder às necessidades da população. “Neste momento estamos a apoiar 104 famílias, através do Banco Alimentar. Quinzenalmente faço um apelo à paróquia para que quem possa ajudar, monetariamente ou em bens, também o faça. Com o dinheiro, ajudamos algumas famílias que nos vêm pedir para ajudar a comprar medicamentos ou a pagar as contas da luz ou da água; com os géneros, vamos repondo os bens que são dados às famílias carenciadas”, conta o pároco, referindo que “está em estudo, desde há um ano, a reativação do grupo Cáritas Paroquial”.

 

«Casa» que acolhe, paróquia que evangeliza

Ao longo de cinco dias, a paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Vialonga recebeu a visita pastoral. D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, encontrou-se com os diversos grupos e movimentos, visitou as comunidades, os doentes e também diversas entidades civis da freguesia. “As pessoas ficaram muito felizes com a visita pastoral. Nestes mais de 10 anos que estou cá, nunca tinha havido visita pastoral e lembro-me, quando anunciei à comunidade a visita do Pastor, que uma das paroquianas veio ter comigo no fim da Missa e disse-me: ‘Senhor padre, já há muito tempo que nós não temos visita pastoral e já há muito que precisávamos de uma visita do senhor Bispo!’. Esta reação exprimiu o sentimento da comunidade”, assegura o pároco de Vialonga, padre João Prego.

Na manhã do passado Domingo, 19 de janeiro, na Missa de encerramento da visita pastoral nesta paróquia, D. Joaquim Mendes agradeceu o acolhimento que sentiu em Vialonga. “Ao encerrar a visita pastoral, gostaria de agradecer o acolhimento, as atenções recebidas, e o testemunho de fé e de boa convivência entre a comunidade cristã e as diversas instituições da freguesia, assim como a colaboração e o empenho conjunto no bem comum. Peço à Senhora da Assunção, padroeira e titular da paróquia, que continue a acompanhar-vos com a sua solicitude materna. Que Ela cuide com o seu carinho de mãe das crianças, adolescentes e jovens; acompanhe as famílias, os idosos e os doentes, ajude a todos a vencer as dificuldades, a confiar em Deus, a caminhar na esperança. Que Ela ajude a comunidade cristã a ser «casa» que acolhe, paróquia que evangeliza, testemunho de comunhão e de unidade”, desejou o Bispo Auxiliar do Patriarcado, esperando que a visita pastoral “tenha contribuído para reavivar a fé e a adesão ao Senhor e à sua Igreja”.

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