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Werenfried van Straaten, uma história com 100 anos
O segredo do Padre Toucinho
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Foi um lutador pela paz. A escolha do próprio nome, Werenfried, já o prenunciava muito antes de imaginar que, um dia, iria lançar uma Obra internacional em favor da Igreja que sofre. Hoje, no final das comemorações do centenário do seu nascimento, pergunta-se: qual foi, afinal, o segredo do Padre Werenfried van Straaten?

 

Obstinado, nunca desistiu perante um desafio, e isso viu-se logo no início, quando, praticamente sozinho, resolveu acudir aos milhares de alemães que deambulavam pelos escombros da Europa, no final da II Guerra Mundial. Começou tudo nesse instante. Onde os outros viam o antigo inimigo, ele olhava mais longe e percebia que eram apenas pessoas, seres humanos com fome, com frio, perdidos entre ruínas. Muitos eram católicos. Não havia tempo a perder. Cada dia que passava mais alguém corria o risco de morrer, de não resistir ao Inverno, à falta de alimentos, às doenças. E o Padre Werenfried começou a bater às portas a pedir ajuda.

 

Instinto de amor

Foi apenas a primeira vez em que seguiu o seu instinto, contrariando todas as probabilidades. Afinal, todos passavam por necessidades. Vencedores e vencidos da II Guerra Mundial partilhavam um continente destroçado. Pedir a quem tinha pouco, quase nada, que o compartilhasse com aqueles que foram os antigos inimigos, era quase loucura. Mas foi precisamente essa loucura pelo amor ao próximo, na certeza de que Deus nunca o iria deixar de mãos vazias, que mobilizou o Padre Werenfried ao longo de toda a sua vida. Essa loucura pelo amor aos outros, à Igreja necessitada, foi o seu grande segredo.

 

Gigante da caridade

O Padre Werenfried deixou um legado enorme. Recordado como um “gigante da caridade”, chegou a ser nomeado para o Prémio Nobel da Paz. Toda a sua vida foi assim. Calcorreou dezenas de países e conheceu, como poucos, o mapa-mundo da miséria, da pobreza mais extrema. Partilhou as lágrimas dos que sofreram por causa da perseguição religiosa, dos que foram marginalizados, oprimidos. Conheceu a Madre Teresa de Calcutá, no início dos anos sessenta, quando quase ninguém tinha ainda ouvido falar na religiosa franzina que cuidava dos moribundos na Índia, e rapidamente entre os dois se estabeleceu uma amizade que duraria a vida inteira, tal como aconteceu, mais tarde, com o Papa João Paulo II.

 

Secar as lágrimas de Deus

O Padre Werenfried testou até aos limites a confiança em Deus. “Prometia o que não tinha e Deus dava-lho.” Foi sempre assim. Desembaraçado, não havia problema que não tivesse solução. No final da guerra, com as cidades destruídas, era necessário improvisar igrejas: converteu camiões em capelas sobre rodas e fez igrejas flutuantes em barcos que navegavam ao longo dos rios. Era preciso fazer, fazia-se! O seu chapéu de mendigo ficou famoso e ele ganhou a alcunha de “padre toucinho”. Ao longo da vida, ajudou milhões de pessoas, “secando as lágrimas de Deus”, mostrando a um mundo indiferente que Cristo continua a ser crucificado nos dias que passam, que é preciso acudir às multidões famintas, aos que são perseguidos por causa da sua fé, aos que não têm voz, àqueles que ninguém parece querer escutar.

 

Continuar a Obra

Hoje, continuar a Obra do Padre Werenfried van Straaten é tão urgente como no princípio, no Natal de 1947. Em demasiados países há multidões de homens, mulheres e crianças que vagueiam sobre os escombros de cidades dilaceradas pela guerra, que fogem da morte, que têm estampados no rosto o medo e o horror da violência. Hoje, o mundo continua a fingir que não ouve os gritos de ajuda. O mundo continua a fingir que não vê as mãos estendidas de quem implora ajuda, de quem foge, dos que agonizam. Hoje, o mundo precisa de quem continue a desafiar a lógica e, sem medo, colocando tudo nas mãos de Deus, ajude os mais necessitados. Hoje, o mapa-mundo da miséria e da perseguição religiosa é mais vasto do que nunca. Hoje, são precisos muitos “werenfried” para ajudar a Igreja que Sofre. Ele pode contar hoje consigo?

 

www.fundacao-ais.pt | 217 544 000

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