Missão |
João Sarilho
Deixar o que nos prende, para aceitar o que não conhecemos
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João Sarilho é natural de Mira, onde nasceu em Agosto de 1986. Cresceu em Aveiro. Estudou Economia no Porto, de onde rumou a Lisboa para iniciar a sua carreira profissional. Entre a Invicta e a Capital, teve ainda oportunidade de viver uma enriquecedora experiência de estudo em Paris.

 

João fez o percurso de catequese habitual, primeiro em Aveiro e mais tarde em Mira, com alguns momentos e catequistas marcantes. Foi após o Crisma que esta vivência se fortaleceu em, no Movimento Juventude Cristã de Portomar (MJCP), na Diocese de Coimbra, onde mais tarde assumiu o papel de dinamizador de atividades, tendo iniciado também aí a sua experiência de dirigente associativo jovem (IPDJ), à qual ainda hoje continua ligado.

 

A graça de servir em São Tomé e Príncipe

Para João, “partir em missão significa isso mesmo… partir!”. “Deixar aquilo que no dia-a-dia interessa e, muitas vezes, nos prende, para aceitar algo que, à partida, não conhecemos… ou que, pelo menos, não dominamos ou foge de certa forma ao nosso controlo. A partida foi fruto de uma decisão pessoal e ponderada, mas não exclusivamente isso! Foi o aceitar de uma missão que me foi confiada por Ele! A mim coube-me a parte mais fácil: dar o SIM!” Na verdade não foi de um dia para o outro… “se me tivessem dito um ano antes que estaria nessa posição, a minha reação poderia perfeitamente ter sido uma gargalhada de estranheza ou indiferença. Não foi algo planeado, de todo! Aliás, foi algo que me caiu literalmente à frente, no email! E graças a alguém que decidiu desafiar-me a ir numa noite de terça-feira à apresentação do Projecto SABI, na paróquia do Parque das Nações. Não foi algo planeado, como dizia, mas algo descoberto! E a descoberta foi acontecendo ao longo da caminhada de formação, sólida, rica, profunda, em que fui crescendo em simplicidade, entrega, partilha!”

João não se sente melhor ou especial por isso, antes um privilegiado por ter tido a graça de lhe ser dada a oportunidade de embarcar nesta entrega radical.

 

Transformado pela Missão

Em missão, esteve na paróquia de Santana (São Tomé e Príncipe), que é geminada com a Paróquia do Parque das Nações. O seu trabalho centrou-se, sobretudo, nas áreas da animação e ocupação de tempos livres e na área da educação.

“Há histórias que ficam, gestos que marcam, sorrisos que contagiam… Mas a maior marca é a interior, após esta experiência em S. Tomé”, afirma. “Partilhar a alegria e felicidade de tantas pessoas que, com tão pouco, conseguem Ser tanto e sê-lo genuinamente, dar valor a pequenas coisas do quotidiano, e não apenas a grandes feitos ou aspirar a Ter muito. Não saber se no dia seguinte (ou seguintes…) teria água para tomar banho, não era algo que fizesse parte das minhas preocupações porque, simplesmente, não era o essencial. Como posso eu, aqui e agora, ficar chateado com uma falha de uma hora na eletricidade ou internet, se lá a exceção era poder ter um par de horinhas de luz diária apenas para o estritamente necessário?”

A vivência em comunidade e a proximidade com as pessoas, trouxe a João um nível de cumplicidade e experiência cultural mas, sobretudo, humana, que faz valer em si ter partido.

 

Missão, aqui?

Ao regressar a Lisboa, “e ainda sem ter ‘aterrado’ completamente e digerido uma das experiências mais transformadoras” da sua vida, foi-lhe proposto passar a integrar a equipa de animadores do grupo no ano seguinte, sendo agora chamado a testemunhar aquilo que tinha vivido na primeira pessoa, a ser farol para outros jovens que, tal como João anteriormente, vêm à procura de uma experiência de voluntariado missionário, com a enorme e ao mesmo tempo fantástica oportunidade de ser Seu instrumento de uma forma muito concreta. A sua primeira reação foi questionar se, volvido apenas um ano do início desta aventura, estaria já preparado para aceitar tal missão e conseguir dar bons frutos. Mas a alegria e entusiasmo que o preenchiam não permitiram outra atitude que não a da confiança e, de novo, o SIM foi a resposta. “Afinal, isto representava comprometer-me de uma forma mais firme com algo que já fazia parte do meu caminho.”

A cada novo ano nesse papel, o receio de ‘Como vou conseguir conciliar tudo’ pela garantia de longas noites e fins-de-semana de preparação de atividades, ‘não sei se continuo a ter algo novo a dar/transmitir’ acaba por aparecer. Mas João continua, na certeza de que o que faz não é apenas fruto da sua vontade. “Depois, cada novo voluntário é uma oportunidade de Servir.” A forma que cada um tem de encarar o Serviço na sua vida ou, simplesmente, a vontade genuína e ao mesmo tempo um pouco ‘inconsciente’ de partir para um outro país em missão, a forma como cada um se dedica e acolhe as nossas propostas, se deixa moldar, tudo isso tem sido caminho de crescimento para mim, enraizando esta certeza de que a missão continua hoje e aqui, a mesma que começou há quatro anos atrás em S. Tomé.” João procura vivê-la, não por um par de horas no seu dia e em determinado contexto, mas a cada rotina ou tarefa, conversa ou momento.

“Acredito que sendo um colega de trabalho empenhado e alegre, estou a servir. Procurando ser um melhor filho, estou a honrar aquilo que os meus pais têm sido para mim nestes 27 anos. Vivendo a esperança e alegria característica de um Cristão, estou a dar o melhor testemunho que consigo a um amigo ou a um desconhecido, a um sem-abrigo ou a quem for que se cruzar no meu caminho. Termino com um convite a que cada um se deixe desinstalar. Que aceite ser desafiado. E confie.”

texto por Ana Patrícia Fonseca, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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