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DOMINGO II COMUM Ano A

"Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer

é que baptiza no Espírito Santo”.

Jo 1, 33

 

A notícia ia-me passando desapercebida no olhar rápido pelo interior do jornal. Como se fosse mais uma desgraça entre muitas outras, bem longe das minhas preocupações. Mas parei e li. Dizia assim: “O número de cristãos mortos pela sua fé quase duplicou em 2013. Só na Síria, foram mortos mais do que em todo o ano anterior – segundo o relatório anual da Open Doors (Portas Abertas), uma organização de apoio a cristãos perseguidos”(Público 9.01.2014). Sim, era longe: na Síria, na Coreia do Norte (“50 mil a 70 mil estão em campos de presos políticos”), na Somália, no Iraque, na Nigéria, no Egipto, no Afeganistão. Lugares onde se morre por muitas razões (como se vê na tv), e parece que também por ser-se cristão (e também por professar-se outras religiões). Tenho em comum com eles o baptismo, não só na água, mas no Espírito Santo como João Baptista diz no Evangelho de hoje. A fé no Senhor Jesus e a alegria de sentir-me Igreja. Mas vivo a anos-luz do seu sofrimento, e é tão fácil não arriscar nada para poder ir a uma igreja ou falar publicamente do amor de Deus. Sem que me prendam ou me atirem pedras! Mas também sem ser eu a atirá-las ou a defender a violência como única resposta!

Não defendo o martírio de sangue como a melhor expressão da fé. “Dar a vida aos bocadinhos”, na fidelidade e coragem quotidianos, mesmo num ambiente favorável tem tanto ou mais valor. Claro que me questiono se há “risco de viver guiado pelo Espírito Santo” numa sociedade de “tradição cristã”, com valores humanos minimamente assumidos, mas onde a corrupção e a injustiça às vezes até acontecem com um pouco de “àgua benta” ou alguns silêncios comprometidos. O perigo de um acomodamento da fé em Jesus Cristo caminha de mãos dadas com o deixar de escutar o Espírito Santo, de não arriscar viver mais atento aos débeis que as sociedades “desenvolvidas” também geram, de calar os apelos à verdade e à justiça sempre necessários. Lembro-me da história daquele Bispo (podia ser um padre ou leigo) que dizia: “os primeiros cristãos onde iam e falavam de Jesus eram atirados aos leões; eu, aonde vou, dão-me chá!” Claro que não são precisos leões ou outras feras para comprovar a força do Evangelho, mas o que arriscamos em ser cristãos, hoje?

E porque as notícias são como as cerejas aqui deixo uma sugestão de aprofundamento para um estudo apresentado esta quinta-feira sobre “Literacia social: os valores como fundamento de competência” onde se constata que “86,4% das pessoas que ganham até 500 euros considera muito importante ajudar os outros, percentagem que vai baixando à medida que os rendimentos aumentam e que atinge o valor mais pequeno – 46,7% – quando chega ao grupo dos que ganham mais de 4 mil euros por mês” e se conclui: “Os portugueses com mais habilitações e mais rendimentos são os que dão menos importância à solidariedade, à justiça e aos valores democráticos.”. Houve tempos em que nós cristãos fomos considerados pobres e pouco letrados!

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