Lisboa |
Encerramento Diocesano do Ano da Fé, em Peniche
Novas testemunhas da fé
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Os cristãos da diocese foram desafiados pelo Patriarca de Lisboa a serem “sinais ativos” da “misericórdia” de Deus. Na Missa de encerramento diocesano do Ano da Fé, no Santuário de Nossa dos Remédios, em Peniche, D. Manuel Clemente garantiu que esse é o “único modo” de os cristãos serem “testemunhas do seu Reino”.

 

Há quem fale em dez mil pessoas. Alguns sacerdotes não vão tão longe e apontam sete mil. O facto é que os cristãos das paróquias do Patriarcado de Lisboa encheram por completo o terreiro do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Peniche. Tendo como pano de fundo as Berlengas e os Farilhões, a celebração diocesana de encerramento do Ano da Fé ficou marcada pelo mar de gente que acorreu a Peniche. “Em união com o Santo Padre Francisco, que encerra hoje, em Roma, o Ano da Fé, também nós queremos concluir o caminho pessoal e comunitário que vivemos. Agradecemos a Nosso Senhor pelo tempo de renovação que nos foi concedido. Unidos à Igreja universal, reflitamos sobre como o vivemos e se foi renovado o nosso compromisso com a fé”, observou o Patriarca de Lisboa, no início da celebração.

 

Reconhecimento a D. José Policarpo

O dia estava esplendoroso, como salientou o Patriarca. O céu azul, sem nuvens, o mar e o santuário compunham o cenário para esta celebração de ação de graças pelo Ano da Fé. Após a entrada solene no Patriarcado, no dia 7 de julho, esta foi também a primeira grande celebração de cariz diocesano presidida pelo novo Patriarca, D. Manuel Clemente, que não esqueceu o seu antecessor, o agora Patriarca Emérito, Cardeal Policarpo, que esteve presente em Peniche. “Quero saudar-vos muito cordialmente a todos, em primeiro lugar com a grande alegria que me dá a presença, aqui, do nosso caríssimo Patriarca Emérito, Senhor D. José Policarpo”, referiu D. Manuel Clemente. A multidão, como que reconhecida pelos quinze anos de pontificado do Cardeal Policarpo, irrompe então numa longa salva de palmas, que é acompanhada pelos mais de cem sacerdotes e diáconos presentes.

A escolha de Peniche para acolher a Peregrinação Diocesana de Encerramento do Ano da Fé foi feita por D. José Policarpo e confirmada por D. Manuel, que, na sua homilia, começou por destacar a importância de celebrar aquele momento num santuário mariano. “Reunimo-nos aqui, caríssimos irmãos, para concluir o Ano da Fé. E fazemo-lo neste Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, porque é em lugar mariano que melhor celebraremos a fé de todos, que antes de mais foi a d’Ela. Sim, a fé com que aderiu inteiramente ao propósito divino de vir a este mundo e viver entre nós. Como em Jesus Cristo, o Filho de Maria, finalmente aconteceu”. O Patriarca sublinhou depois o papel de Maria na Igreja. “Estamos aqui, provindos de tantos lugares do nosso Patriarcado, para com Maria nos salvarmos na cruz do seu Filho. E assim mesmo compreenderemos como a Igreja tem em Maria o seu resumo e imagem, pois se trata de repercutir nas nossas vidas pessoais e comunitárias os sentimentos com que Ela recebeu, seguiu e assinalou a vinda de Cristo ao mundo”.

 

Acolhimento e seguimento de Cristo

Convocado pelo Papa Bento XVI, o Ano da Fé teve início a 11 de outubro de 2012 e terminou no passado Domingo, 24 de novembro. “Eu creio e quero crer que tudo quanto aconteceu nas nossas vidas e comunidades ao longo do Ano da Fé, hoje concluído, serviu de facto para nos convencer ainda mais de que, enquanto cristãos, só podemos ser assim, definitivos e totais no acolhimento e seguimento de Cristo. Cristo nas Escrituras, sempre ouvidas e lembradas. Cristo nos sacramentos, outros tantos sinais da sua entrega e companhia, pedindo-nos coerência e progresso na comunhão com Ele. Cristo nos irmãos, em que clama pela nossa atenção e serviço, para afinal nos retribuir a cem por um”.

O ano pastoral 2013/14 tem como tema, no Patriarcado de Lisboa, ‘A fé atua pela caridade’. Em Peniche, na conclusão do Ano da Fé, D. Manuel Clemente lembrou o programa diocesano. “Compreendemos pois que, concluindo o Ano da Fé, o nosso programa diocesano seja agora “atuá-la pela caridade”. Direi até que, com este ou outro lema, nesta ou noutra oportunidade, sempre teria de ser assim, para ser autenticamente cristão. E nunca nos faltam ocasiões para crescer na fé, atuando a caridade”.

 

Misericórdia

A misericórdia de Deus foi também sublinhada pelo Patriarca. “Se já vivemos da sua misericórdia, sejamos também sinais ativos dela, junto de todas as necessidades do próximo, único modo de sermos concidadãos e testemunhas do seu Reino”, apelou D. Manuel. “E não nos pareça grande demais o enunciado, pois se trata dum único sentimento, repercutido nos diferentes campos em que a nossa vida se desdobra, em relação indispensável com os outros. Trata-se sempre da caridade de Cristo, única naturalidade do seu Reino, a alargar no mundo pelos que queiram ser realmente seus. Deste Reino somos e queremos ser. Por isso aqui estamos e assim daqui partimos, para os compromissos diários da nossa fé, que sempre atua pela caridade, e apenas nesta se credibiliza e demonstra”, terminou.

 

A importância de fazer caminho

A Peregrinação Diocesana de Encerramento do Ano da Fé, em Peniche, teve início com três catequeses, proferidas cada uma pelo Patriarca e pelos dois Bispos Auxiliares, em três locais diferentes desta cidade piscatória. No Campo da República, vulgo Campo da Torre, bem perto da Fortaleza de Peniche, acompanhado dos cristãos das paróquias do Termo Oriental da diocese, o Patriarca de Lisboa sublinhou a importância de caminhar. “É muito bom vê-los, aqui neste sítio tão bonito e num dia assim tão esplendoroso. Com tanta alegria, vamos iniciar uma caminhada até ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. Não é por acaso que fazemos uma caminhada, é por causa daquele hino, que também cantámos, ‘Caminhamos em Cristo’. É o hino do Ano da Fé e nós repetimos várias vezes esta frase: caminhamos em Cristo! Ele próprio disse: ‘Eu sou o Caminho!’”.

Nesta catequese inicial, D. Manuel Clemente sublinhou ainda que aquele era um momento significativo, pela experiência que cada cristão iria viver. “É muito importante [a peregrinação até ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios], porque na nossa experiência cristã nós nunca percebemos as coisas enquanto não começamos a praticá-las. Com certeza, temos as nossas famílias cristãs, quando temos a graça de nascer nelas, que nos falam de Cristo, falam de Deus, falam destas coisas da fé, e depois a nossa catequese paroquial, onde também nos falam de Deus, mas enquanto nós não caminhamos, enquanto nós não nos comprometemos, enquanto nós não andamos, realmente, nestas coisas da fé e no mundo, segundo Cristo, nós não percebemos o que é que estamos a dizer! Daí que seja necessário caminhar e que nós comecemos esta celebração com uma procissão de entrada que vai daqui, e de outros dois sítios da cidade, até ao lindo Santuário da Senhora dos Remédios, onde Nossa Senhora faz aquilo que faz sempre, que é oferecer-nos o seu Filho, Jesus Cristo”.

Ao mesmo tempo que decorria a catequese do Patriarca, os cristãos das paróquias de Lisboa Cidade e Termo Ocidental reuniam-se no Largo da Misericórdia para escutar a catequese de D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, enquanto os peregrinos vindos da região pastoral do Oeste se reuniram junto à igreja da Ajuda, acompanhados de D. Nuno Brás, também Bispo Auxiliar do Patriarcado.

 

Andar com Cristo

Na sua catequese, D. Manuel Clemente lembrou também o Ano da Fé, que terminava naquele dia, para sublinhar a importância de andar acompanhado de Cristo. “Ao longo de todo este Ano, em que a convite dos Papas – primeiro, Bento XVI, até março, e depois, Francisco –, celebrámos, com todos os nossos irmãos cristãos e católicos do mundo inteiro um ano particularmente dedicado à fé cristã, nós com certeza compreendemos que essa fé sem obras é morta! E é exatamente caminhando na fé de Cristo, nas nossas famílias, nas nossas terras, nas nossas ocupações, que nós vamos percebendo o que é Cristo! Cristo percebe-se andando com Ele! Foi assim que esta história começou, há dois mil anos! Caminhemos em Cristo, nosso irmão!”, convidou o Patriarca de Lisboa.

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