Domingo |
À procura da Palavra
Uma realeza de serviço
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DOMINGO XXXIV COMUM  Ano C

CRISTO REI

"Jesus, lembra-Te de Mim,

quando vieres com a tua realeza.”

Lc 23, 42

 

A última frase que Jesus nos dirige na cruz é a um ladrão. A alguém que nos habituámos a chamar “bom” porque teve compaixão de Jesus e o defendeu das palavras do outro crucificado. Com-paixão significa comungar no sofrimento e isso toca o coração do Salvador. Ele que sempre se tinha apoderado do que não era seu, experimenta a humildade de pedir. E não pede nada em concreto mas apenas que Jesus “se lembre” dele quando vier na sua realeza. Em linguagem corriqueira “mete uma cunha”! Mas São Lucas guarda-nos este diálogo certamente para que, cada um de nós, seja capaz da mesma humildade. Adão, no paraíso, tinha colhido o fruto que não lhe pertencia, agora, a humanidade, herdeira desse desejo de ser dona de tudo, é chamada a ser como este ladrão que pede. Pede e não rouba, pede porque não se considera merecedor, pede porque se abre à graça que só pode ser oferecida em amor!

Reli, ainda que de relance, o “Sermão do Bom Ladrão” do P. António Vieira, proferido na Igreja da Conceição Velha aqui em Lisboa perante D. João IV e a sua corte. Do púlpito ele ataca e critica os que se valiam dos cargos públicos para enriquecer ilegítimamente, denuncia os que exploravam e eram corruptos, e indigna-se com o silêncio passivo dos responsáveis. A força das suas palavras não perdeu actualidade: “Rei dos reis e Senhor dos senhores, que morreste entre dois ladrões para pagar o furto do primeiro ladrão; e o primeiro a quem prometeste o paraíso foi outro ladrão; para que os ladrões e os reis se salvem, ensinai com vosso exemplo e inspirai com vossa graça a todos os reis, que não elegendo, nem dissimulando, nem consentindo, nem aumentando ladrões, de tal maneira impeçam os furtos futuros e façam restituir os passados, que em lugar de os ladrões os levarem consigo, como levam, ao inferno, levem eles consigo os ladrões ao paraíso, como vós fizestes hoje: Hodie mecum eris in paradiso.”

A realeza de Jesus é, sobretudo, de serviço, de amor, de misericórdia. Não se concretiza em nenhum reino sobre a terra mas na transformação do íntimo de cada pessoa. Não procura fausto nem grandeza mas ama a simplicidade e a verdade. Não oferece bens que se acumulem nem glórias passageiras que criam abismos entre as pessoas, mas convida a dar a vida como condição para a felicidade. Por isso, a fé neste Rei que ama incondicionalmente traduz-se em gestos de amor e salvação, em acolhimento e perdão, em promoção de uma vida em abundância. Jesus é o Rei que sempre tem esperança em relação a cada um. Que saibamos passar do egoísmo do “ladrão” à comunhão da verdade, da ilusão de um mundo centrado no “meu umbigo” à coragem de viver a justiça de Deus. Podemos talvez descobrir isso antes de estarmos presos numa cruz, não é verdade?

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