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Islândia: uma Igreja que cresce e precisa de ajuda
“O amor é contagioso”
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De muito rico a país falido. A Islândia viveu, nos últimos anos, um pesadelo que parecia impensável para uma das nações mais prósperas do mundo. Mas, quando a crise se abateu, depressa todos perceberam que havia muita coisa a mudar. E não era apenas a nível do Governo ou da economia…


“Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”, diz o povo. A história recente da Islândia dá plena actualidade a este provérbio. O país passou por uma provação de alguma forma semelhante à portuguesa. 

Em 2008, contrariando tudo o que seria expectável, a Islândia foi atingida por uma profunda crise financeira. A falência do gigantesco banco americano Lehman Brothers, em Setembro de 2008, foi o começo do desmoronar de uma das economias aparentemente mais sólidas do mundo.
Como os negócios da banca ocorrem essencialmente nos mercados internacionais, a queda em desgraça do Lehman Brothers arrastou para o desastre os três maiores bancos islandeses e o país, no final desse ano, entrou em falência.

Terra estranha

Para o Bispo Pierre Bürcher, esta crise só podia ser um pesadelo. A Islândia a entrar em falência e, um ano antes, em Outubro de 2007, o Papa Bento XVI a promovê-lo de Bispo Auxiliar de Lausanne, na Suíça, a responsável pela Diocese de Reiquiavique. Ainda D. Pierre Bürcher estranhava aquela terra de vulcões e gelo, com um Inverno praticamente todo coberto de noite e um Verão em que os dias quase não conhecem ocaso, e já tinha em mãos o drama maior da aflição dos Islandeses.
A crise veio mudar muita coisa. Onde antes havia abundância, onde a palavra “desemprego” era quase inexistente, de súbito tudo se alterou. As certezas deram lugar às mais perplexas interrogações: como era possível?
Antes da crise, na Islândia ninguém temia o futuro. De tal maneira que, há alguns anos, quando as Missionárias da Caridade, ordem fundada por Madre Teresa de Calcutá, decidiram abrir um pequeno centro em Reiquiavique, todos procuraram fazer-lhes ver que era insensato. Por certo haveria lugares no mundo onde seria mais necessário o seu abnegado trabalho em favor dos mais pobres. E repetiram a expressão vezes sem conta: não havia pobres no país. Mas elas insistiram e alugaram uma pequena casa começando por oferecer refeições aos mais necessitados. Hoje, mais de setenta pessoas dirigem-se todos os dias à modesta casa arrendada pelas Irmãs da Caridade para comer. E não havia pobres no país!

Igreja universal

A Islândia mudou. De país cheio de si, cheio de certezas, passou a ser uma nação mais solidária, mais rigorosa também com aqueles que os governam, levando até ao banco dos réus o primeiro-ministro de então, sob a acusação de incompetência.
Mas houve mais mudanças. Até ao nível da Igreja. De um total de cerca de 320 mil habitantes, apenas 10 mil são católicos, 3% da população geral. E são de muitas nacionalidades, por causa das comunidades migrantes que se estabeleceram no país, oriundas da Polónia, Filipinas, até de Portugal. “É uma Igreja Católica no seu verdadeiro sentido. É uma Igreja universal”, diz o Bispo Bürcher.
São poucos, mas a comunidade católica quase que triplicou desde que a crise bateu à porta da Islândia e o Bispo de Reiquiavique não tem mãos a medir. Com ele trabalham mais 17 padres. Pode parecer um número mais do que suficiente, mas é apenas mera ilusão. Dadas as longas distâncias a percorrer, por vezes o Bispo é obrigado a viajar de avioneta para administrar, por exemplo, o Sacramento da Reconciliação, pois muitas das estradas estão intransitáveis de Inverno. Os Católicos são poucos e estão muitas vezes isolados enquanto comunidade. Por não ser possível fazê-lo presencialmente, a maior parte das crianças só conseguem ter aulas de catequese através da Internet. Mas o futuro mostra-se radioso.
“Depois da tempestade vem a bonança” costuma também dizer o povo. A crise económica que se abateu sobre a Islândia veio demostrar que tudo se pode desmoronar de um dia para o outro e que mais importante do que as riquezas acumuladas nos bancos são os sentimentos de afecto, solidariedade e compaixão, que nunca se desvalorizarão, nem entrarão em falência, e que são gratuitos. “O amor é contagioso”, costuma dizer o Bispo Pierre Bürcher. E tem toda a razão!

 

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