Lisboa |
Semana da Fé
“O Senhor caminha connosco”
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A marca da saudade e a certeza do encontro na oração foram as últimas palavras do Cardeal José Policarpo, Patriarca Emérito, no final da Procissão do Corpo de Deus, em Lisboa, que encerrou a Semana da Fé. Celebrada pela primeira vez ao Domingo, foram muitos os milhares de pessoas que acompanharam a procissão com ‘Cristo vivo’ nas ruas da Baixa de Lisboa.

 

Milhares de pessoas acompanharam no passado Domingo, 2 de junho, a já tradicional Procissão do Corpo de Deus. Apesar da tarde solarenga e do imenso calor, as ruas da Baixa de Lisboa encheram-se, de turistas e fiéis devotos. Uns para ver, outros para acompanhar a Procissão do Corpo de Deus, aquela que é considerada a mais antiga procissão da cidade de Lisboa.

À frente, a guarda montada a cavalo, compõe a charanga que abre o cortejo da Procissão do Corpo de Deus. Jovens com cestos de verga na mão vão deitando pelo chão pétalas de flores, para preparar o caminho que o próprio Senhor Jesus vai pisar. Bandeiras, pendões, ordens terceiras, ministros da comunhão, irmandades da cidade de Lisboa e diversas ordens militares e religiosas vão vestindo de um colorido diverso esta procissão que marca uma caminhada diferente. Um caminho que, segundo D. José Policarpo, se traduz em peregrinação. “Esta caminhada com o Senhor no meio de nós, da nossa cidade, fez-me sentir que neste mundo a nossa fé, a nossa vida de fé é uma peregrinação. E esta peregrinação sabemos que tem momentos difíceis, obstáculos a vencer, tentações a superar, fraquezas a lamentar. Mas é tão consolador saber que o Senhor caminha connosco. Ele, vivo, realmente presente”, assegurou o Patriarca Emérito e Administrador Apostólico da Diocese, no final da procissão.

 

A última procissão como Patriarca

Sublinhando que esta Procissão do Corpo de Deus foi a última a que presidiu, confessando, por isso, já sentir “saudades”, D. José Policarpo garantiu aos milhares de pessoas presentes, a sua proximidade e união pela oração. “Vamos continuar unidos, somos membros desta mesma Igreja que amamos. A partir daqui não sei garantir-vos como me haveis de encontrar. Mas há um segredo que vos queria dizer: quando estiverdes a adorar o Senhor diante da Eucaristia, é muito provável que me encontreis lá”.

 

Reconhecer a divindade do Corpo de Jesus

A celebração do Corpo de Deus, que este ano foi pela primeira vez celebrada ao Domingo, é dotada de uma dimensão espiritual que estabelece a relação de Deus com o homem, reconhecendo a divindade do Corpo de Jesus. “Ao chamarmos a esta festa Corpo de Deus começamos por reconhecer a divindade do Corpo de Jesus. Jesus, Filho de Deus desde toda a eternidade, ao fazer-se homem no seio de Maria, exprimiu essa mesma divindade, o seu corpo humano. Fazendo, assim, uma ponte decisiva entre Deus e o homem”, explicou D. José Policarpo durante a Eucaristia a que presidiu da parte da manhã, na Sé de Lisboa.

 

“Cristo é nosso alimento”

Lembrando, ainda, aos cristãos católicos que “Cristo é o nosso alimento que nos redime”, o Patriarca Emérito justificou a afirmação: “Porque nos dá o Espírito Santo para aqueles que unidos a Ele o podem receber; porque é a fonte da caridade e não há vida cristã sem experiência da caridade. Porque só Ele pode enraizar e suscitar no nosso coração a esperança da vida eterna”. Neste sentido, D. José Policarpo salientou: ”A Eucaristia é um mistério central e decisivo da nossa vida humana e sobretudo da nossa vida cristã”. Explicando, relevou que este “mistério” é neste mundo “anúncio e antecipação dessa intimidade definitiva com Jesus, o nosso alimento”, e “pão que reúne em si toda a realidade humana que anuncia na nossa fé o destino dessa mesma realidade”. “Quando no altar oferecemos o pão e o vinho, oferecemo-lo exatamente assim, como fruto da terra e do trabalho do homem. Mas não é a terra nem o trabalho do homem que lhe dão a abundância dessa graça, o poder de nos alimentar para a eternidade. Eles são um símbolo de Cristo nosso alimento”, apontou.

 

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Conferência na Semana da Fé: “A fé torna Deus real”

O Cardeal José Policarpo apelou a que não se considere a fé “como um sentimento religioso, mas como algo que faz parte do que mais real existe na nossa vida e como abertura à realidade”. Numa conferência promovida pelo Patriarcado de Lisboa, no âmbito da Semana da Fé e realizada no auditório da Igreja de São João de Deus, em Lisboa, o Patriarca Emérito sublinhou que a “fé não é isolável da caridade” pelo que, salienta, “a fé e a esperança ou são expressão da caridade ou não existe”. “São expressão da caridade nesta fase da vida em que somos peregrinos deste mundo”, acentuou.

Nesta conferência, que teve transmissão em direto pela internet e pelo MeoKanal ‘Patriarcado TV’ e que foi acompanhada em toda a diocese em diversas vigararias e paróquias, inclusive com algumas intervenções em direto, D. José Policarpo sublinhou a dimensão da fé “como ato de amor”, observando que “nas experiências de aridez que atingem a oração de muitos de nós a caridade tem de estar presente”.

Apontando numa dimensão mais filosófica “o exercício da nossa liberdade” como “reação diante da realidade”, o Administrador Apostólico da Diocese de Lisboa relevou que “a experiência é componente fundamental da identificação da realidade”. Nesse sentido referiu que “a testemunha experimentou, e tem uma noção de verdade pela experiência”. Por isso, assegurou: “A realidade transcendente torna-se verificável, porque a fé, como atitude da inteligência e da vontade tem a mesma força da verificação científica. A fé torna Deus real e permite verificar que Ele é real”, concretizou.

Insistindo nesta ideia de que “a fé dá realismo ao mistério de Deus” na vida do homem, e “torna Deus presente, inevitável, concreto” a marcar o ritmo da vida e da própria liberdade, D. José Policarpo garante: “Deus torna-se real porque é dom e todos os dons de Deus na nossa vida supõem a nossa abertura a eles”.

  

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‘Credo - Arte e expressão da Fé’, em São Vicente de Fora

Nos Claustros do Mosteiro de São Vicente de fora vai estar patente até ao final do Ano da Fé, em novembro, a exposição ‘Credo - Arte e expressão da Fé’, que procura apresentar várias expressões artísticas do Credo.

Inaugurada no passado dia 27 de maio, esta exposição temporária integra-se na Semana da Fé e é composta por treze roll-ups sobre o Credo. Todas as imagens reproduzidas na exposição ‘Credo - Arte e expressão da Fé’ foram fotografadas em igrejas da cidade de Lisboa e entre elas encontram-se pinturas, ourivesaria, e azulejaria.

O suporte digital desta exposição será posteriormente disponibilizado a todas as paróquias que o desejem, para alguma iniciativa local.

 

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O desafio da caridade como resposta à fé

“Não podemos passar ao lado de quem necessita, de quem precisa de apoio”, defendeu o responsável do Departamento da Pastoral Sócio-Caritativa do Patriarcado de Lisboa, cónego Francisco Crespo, na inauguração da exposição ‘A Fé atua pela Caridade’, patente ao público no Centro Comercial Fonte Nova, em Benfica, Lisboa. Em declarações aos jornalistas, o cónego Crespo explicou que esta exposição “é uma forma de dizer à sociedade que a Igreja está viva”, e tem por objetivo “pedir às pessoas maior abertura à solicitude, à atenção do samaritano pelo mais carenciado, pelo mais pobre”. Deste modo, o responsável pela Pastoral Sócio-Caritativa aponta o trabalho realizado por diversas instituições da Igreja: “A Igreja tem de dar exemplo neste sentido. Tem de viver portas fora do seu espaço e vir para a rua”, defende.

Preocupado com as dificuldades que algumas instituições estão a atravessar, o cónego Crespo alerta: “Há instituições que dentro de algum tempo não vão conseguir aguentar. Com as grandes despesas que têm, no que se refere ao pessoal e ao aumento de solicitações, algumas instituições, sobretudo as mais pequenas, dentro de algum tempo terão de fechar portas”.

Na sessão de inauguração desta exposição, que decorreu no passado dia 3 de junho e que vai estar patente ao público até ao dia 14 deste mês, D. José Policarpo manifestou a sua preocupação com a forma como se pratica a caridade. “O problema da Igreja é organizarmo-nos para não deixar o exercício da caridade à espontaneidade da circunstância, mas ser uma organização que responde. E para isso, tem de estar marcada pelo sentido do amor cristão que é expressão da fé. A caridade é verdadeiramente uma expressão da fé”, concretizou.

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