O percurso de vida do José Vítor Adragão, que hoje procuramos conhecer melhor, começou no Barreiro em 1945. Desde esse início até aos dias de hoje têm sido muitas as histórias para contar que nos fazem querer conhecer melhor a vida por detrás de um rosto que tem sempre um sorriso generoso para oferecer.

A Linguística, esse “primeiro amor”

O seu percurso de vida está marcado desde muito cedo pela arte de ensinar e pela paixão pela literatura. Ainda antes de terminar o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, o José Vítor dedicava parte do seu tempo a ensinar numa escola técnica no Barreiro. “Dava aulas noturnas, a gente mais velho do que eu, que chegava à escola depois de um dia de trabalho, o que me permitiu compreender algumas dificuldades que experimentam os que procuram melhorar as suas condições de vida”. Terminada a licenciatura, foi convidado a ser assistente na Faculdade na área da Linguística, esse “primeiro amor” como refere com emoção. Com 29 anos, de forma inesperada recebeu o convite para presidir à primeira Comissão Directiva Paritária da Faculdade de Letras. Nas suas palavras ficou com uma “carga desmesurada às costas mas foram também meses de experiência riquíssima”. Os desafios profissionais não se ficaram por aqui e, mais tarde, assumiu o compromisso de organizar o Curso de Português para Estrangeiros, naquela que foi uma experiência de “abertura a outras realidades pedagógicas, desde a Suécia à Guiné-Bissau...”. Em 1985 deixou a Faculdade de Letras mas continuou fortemente comprometido com o ensino: começou a trabalhar na Escola Superior de Educação de Setúbal. Foi no âmbito deste novo desafio profissional que se envolveu em programas europeus de intercâmbio de professores e estudantes, e teve a oportunidade de visitar e desenvolver projetos de educação em quase todas as antigas colónias portuguesas.

 

O Concílio Vaticano II, uma viagem para a vida

Também o percurso cristão do José Vítor Adragão tem sido marcado por inúmeros desafios aos quais não consegue dizer que “não”. Neste peregrinar que é a vida, o nosso convidado de hoje destaca o tempo em que foi aluno no Seminário dos Olivais, precisamente durante os anos em que se preparou e decorreu o Concílio Vaticano II: “os textos pré-conciliares e os escritos dos peritos eram partilhados, comentados e saboreados por aquele grupo de jovens sedentos de uma Igreja mais aberta e comprometida.” Ele recorda-nos com o mesmo entusiasmo de então, que quis ir a Roma assistir a uma sessão do trabalho conciliar, um desejo que concretizou “depois de uma longa viagem de comboio e com o apoio espantado mas caloroso do Cardeal Cerejeira.”

 

Um compromisso de amor em família

Um novo desafio surgiu na vida do José Vítor quando em 1970 foi chamado por Deus a constituir uma família que se tem alargado desde então. Hoje conta com 3 filhas e 9 netos que enriquecem ainda mais este percurso de vida. Foi neste desafio de amor, no seio desta nova família, que continuaram a surgir novos desafios. O José Vítor recorda-nos um fim-de-semana de Encontro Matrimonial que foi decisivo para compreenderem em casal a sua vocação de ajudar outros a percorrem também o seu caminho de santidade. Depois de uma passagem muito rica por um grupo de oração do Renovamento Carismático, têm participado na formação de outros grupos ou na animação de seminários de vida no Espírito. Foi ainda em casal que aceitaram o desafio da Comunidade Emanuel de desenvolverem e levarem a muitos outros casais a formação “Amor e Verdade”. Com igual disponibilidade de coração, têm aceite outros desafios como a colaboração na animação de percursos Alpha, de cursos “Ela e Ele” e, no âmbito da comunidade paroquial da Portela, na formação de futuros sogros.

 

Um amor além-fronteiras

Esta caminhada cristã tem tido também muitos desafios fora das fronteiras nacionais. O José Vítor esteve no arranque do Renovamento Carismático em Cabo Verde e na Guiné-Bissau e, mais tarde, acompanhou também os primeiros passos da Comunidade Emanuel nesses países. Hoje, dedica grande parte do seu tempo à coordenação portuguesa da Fidesco, o ramo missionário da Comunidade Emanuel que recruta, forma e envia voluntários em missões pastorais e profissionais de um ou dois anos para mais de 30 países entre os mais pobres do mundo. Este forte compromisso com o Evangelho levou-o também a assumir o compromisso de coordenar a versão portuguesa do “Evangelho Quotidiano”, um serviço gratuito que envia as leituras da liturgia diária a cerca de meio milhão de leitores de doze diferentes línguas. Atrás de um computador, a coordenar um grupo de voluntários ou a partilhar em casal as riquezas de quem se deixa tocar pelo Senhor, o José Vítor Adragão continua hoje a responder generosamente aos desafios que Deus incansavelmente lhe coloca.