Lisboa |
Paróquia da Venda Nova recebe Semana Missionária
“Igreja tem de se distinguir pela caridade”
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Não têm igreja paroquial e celebram a Eucaristia no salão de um antigo cinema. A paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da Venda Nova, na Amadora, vive por estes dias a Semana Missionária e faz do acolhimento o grande impulso da evangelização.

 

Assim que se fala de carências ao pároco da Venda Nova, a resposta sai célere: “Nesta paróquia há muita pobreza… são cada vez mais as pessoas que nos batem à porta. Algumas até enviadas pela própria junta de freguesia”, salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Benjamim de Jesus Morais. Nesta paróquia da Amadora, a resposta da Igreja às solicitações é dada em especial pela intervenção dos Vicentinos. “Através da Sociedade de São Vicente de Paulo, e com a ajuda do Banco Alimentar, apoiamos mais de cem pessoas! Vamos fazendo peditórios, mas não podemos ajudar muito porque somos uma paróquia pobre... os ricos vão às paróquias vizinhas e os pobres batem cada vez mais à nossa porta a pedir ajuda”, assume este sacerdote, que pertence aos Padres Redentoristas. Apontando que é “muito sensível ao sofrimento e à dor”, o padre Benjamim acredita que a Igreja deve apostar na ajuda ao próximo. “A caridade está por cima de tudo! A caridade é o fundamental da vida cristã e a Igreja tem de se distinguir por esse lado!”, assegura.

É esta paróquia, às portas de Lisboa, que está a receber, por estes dias, a Semana Missionária. O desafio da paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da Venda Nova à comunidade cristã é, aparentemente, simples: anunciar Jesus Cristo pelas ruas, casas, escolas, lojas e instituições da Venda Nova. Para esta missão, a paróquia conta com a ajuda e colaboração de padres missionários – em especial Espiritanos, Verbitas, Combonianos e Missionários da Boa Nova – e diversas religiosas. “Já há muito tempo que eu queria organizar uma missão aqui, na Venda Nova! O objetivo desta Semana Missionária é despertar para a fé. Estamos no Ano da Fé e pretendemos que as pessoas ‘acordem’ para Cristo!”. Esta não é uma missão dirigida somente àqueles que estão mais afastados da Igreja. Para o padre Benjamim, a Semana Missionaria quer também “aumentar o empenhamento” dos cristãos na comunidade, para a tornar “mais dinâmica e mais viva”. “É um grande dom e uma grande graça ter uma missão na paróquia. É um novo Pentecostes que acontece na Venda Nova”, acentua o pároco.

 

Envelhecimento dificulta pastoral

A Venda Nova é uma freguesia do concelho da Amadora que, segundo os Censos de 2011, tem mais de oito mil habitantes. “Esta é uma terra com gente vinda das províncias, que vieram para cá noutros tempos, encontraram emprego e estão ‘encostados’ a Lisboa. A maioria das casas são praticamente todas iguais e tem agora um bairro novo, o Bairro do Girassol”, explica o pároco, sublinhando que “há uns anos a Venda Nova tinha muitos brasileiros e africanos, que entretanto se mudaram”. É também uma população envelhecida, o que por vezes dificulta a pastoral. “Há muitos pais que saíram da paróquia com os filhos e que ao fim-de-semana vêm buscar os avós. Isso dificulta a pastoral”, assume.

A paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da Venda Nova está desde há mais de 40 anos confiada aos padres Redentoristas. “Esteve cá o padre Manuel João, que depois saiu para a Diocese de Bragança, e o padre António Ferreira ficou na Venda Nova por 36 anos e foi o meu antecessor”, conta o padre Benjamim. Este sacerdote, natural de Carapelhos, em Mira, distrito de Coimbra, tem 76 anos mas diz que é um ‘padre novo velho’. “Ordenei-me em 1998, já com 61 anos! Professei como irmão leigo nos Missionários Redentoristas, quando tinha 18 anos, porque pensava que podia dar o meu contributo à Igreja como irmão. Com o passar dos anos, via que muitos jovens abandonavam o seminário e isso interpelou-me”, conta. Esteve no Brasil, onde iniciou os cursos teológicos e filosóficos, e em África, onde foi ordenado, tendo regressado a Portugal há cerca de seis anos, realizando a partir de então diversas missões, sobretudo em Lisboa, Cinfães e Guarda. Em setembro de 2011, assumiu a paróquia da Venda Nova.

 

Acolhimento evangelizador

Neste ano e meio na Venda Nova, o padre Benjamim diz que apostou forte na evangelização, partindo do acolhimento. “A minha primeira decisão foi acolher a comunidade: com carinho, com amor, compreensão! Estar sempre disponível, ser atencioso, saber falar e saber estar com as pessoas!”. Ao mesmo tempo que acolhe quem chega, o padre Benjamim Morais leva uma boa notícia. “Damos a conhecer a Boa Nova, Jesus Cristo! As pessoas estão a voltar à Igreja! E temos de continuar a ir ao encontro delas para depois as evangelizar!”.

Apesar de ser uma comunidade algo envelhecida, a paróquia da Venda Nova consegue ter atualmente na catequese cerca de cem crianças e adolescentes, a cargo de 15 catequistas. Nesta pastoral, de acordo com o padre Benjamim, são os pais quem mais precisa de catequese e formação. “Os pais é que precisavam de ser catequizados e evangelizados! Porque os pais mandam as crianças para a catequese apenas para terem o diploma, como se fosse um medicamento que vamos buscar à farmácia”, lamenta. “O desafio passa por evangelizar os casais novos, que nem sempre estão envolvidos na paróquia”, acrescenta.

No trabalho pastoral com as crianças, o padre Benjamim de Jesus Morais tem procurado formar um coro infantil na Venda Nova. “A ideia seria ter as crianças a cantar no coro. Isso não só as envolveria na celebração, como chamava os próprios pais a estarem presentes na Eucaristia!”, garante.

O grupo de jovens da paróquia está entregue ao movimento Shalom. “Há alguns jovens que após o Crisma ainda entram no Shalom, mas há muitos que não voltam mais. Temos de os ‘apanhar’ logo! Fazer encontros sobre namoro, sobre sexualidade, sobre temas que eles gostam!”, refere.

A Liga do Sagrado Coração de Jesus, o Apostolado de Oração ou a Confraria do Perpétuo Socorro são alguns movimentos presentes nesta paróquia da Vigararia da Amadora. “São movimentos que reúnem para a oração. Organizamos também peregrinações e novenas”, salienta o pároco.

 

“Jesus quer dar o seu amor a todos”

A Semana Missionária na paróquia da Venda Nova teve início no passado sábado, dia 13 de abril, com a Missa Solene de Envio, presidida por D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa. “Jesus quer que todos se salvem, quer dar o seu amor a todos, sobretudo através de nós!”, garantiu. “O fruto que o Senhor espera desta missão é que os homens e as mulheres com quem vamos contactar descubram que Deus os ama, que Deus os chama à comunhão com Ele, de que Deus quer ser seu amigo, quer oferecer a todos o dom da salvação, o dom da sua amizade e da sua vida!”, acentuou o Bispo Auxiliar do Patriarcado, garantindo a presença de Cristo junto de cada cristão: “Não tenhamos medo, porque o Espírito do Senhor está connosco!”.

 

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Paróquia da Venda Nova já tem terreno para igreja

A paróquia da Venda Nova, na Amadora, tem a particularidade de não ter uma igreja paroquial. “As pessoas estão desejosas que a igreja se faça! Há muitos anos que suspiram pela igreja! Quando vim para a Venda Nova e comecei a conhecer a comunidade, foi a primeira coisa que me falaram: a construção de uma igreja”, lembra ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco, padre Benjamim. Salientando que a paróquia, ao nível de espaços, “está muito desfragmentada”, este sacerdote Redentorista refere que “no passado dia 20 de fevereiro a Câmara da Amadora cedeu um terreno” e que neste momento “o processo está no Patriarcado”.

O projeto da igreja da Venda Nova contempla duas fases: uma primeira, com a construção da igreja, de salas e capelas mortuárias; e numa segunda fase o sonho passa pela construção de um centro social paroquial. “Seria muito bom termos tudo junto! Parecendo que não, assim se forma comunidade!”, garante o pároco.

Apesar de não ter ainda uma igreja, a paróquia da Venda Nova tem dois espaços onde concentra as atividades e celebrações. “Temos um espaço já há alguns anos, com salas para reuniões, para a catequese, para os grupos de jovens e para os vicentinos. Na rua abaixo, temos, desde há menos tempo, um salão, que era o antigo cinema, onde celebramos a Eucaristia. É um espaço que foi agora embelezado: colocámos uma Via Sacra, flores e fizemos uma capelinha com o Santíssimo”, aponta o padre Benjamim, pároco da Venda Nova.

 

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Redentoristas: o anúncio aos mais pobres

Fundada em 1732 por Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787), a Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas) nasceu para evangelizar os mais abandonados. “O nosso carisma é sobretudo missionário: o anúncio aos mais pobres. Nessa época, em Itália, havia muitos padres, que estavam sobretudo na cidade, deixando ao abandono os camponeses. Santo Afonso, que era de uma família muito rica, cria a congregação como resposta ao chamamento do que ouviu de Jesus através dos pobres”, observa ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Benjamim, pároco da Venda Nova.

No Patriarcado de Lisboa, os Redentoristas têm neste momento confiadas as paróquias da Buraca, Damaia e Venda Nova. Em Portugal, dão preferência ao anúncio da Boa Nova do Reino através de missões, retiros, cursos básicos, publicação de livros e da revista Miriam, além do trabalho missionário em Angola. Os Redentoristas têm residências em Lisboa, Damaia, Porto, Guimarães, Castelo Branco e Lagos.

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