Domingo |
À procura da Palavra
Pequenos gestos

DOMINGO DE RAMOS Ano C

Em verdade te digo:

Hoje estarás comigo no paraíso.”

Lc 23, 43

  

Escreveram os jornais que foi entre lágrimas que o Cardeal Jorge Maria Bergoglio pediu aos seus irmãos cardeais, no Conclave de 2005, que não o escolhessem para Papa. Oito anos depois, surpreendendo tudo e todos, é escolhido para suceder a Bento XVI. E de surpresa em surpresa temos andado estes dias a ser conquistados pela simplidade e autenticidade do Papa Francisco, que me lembra João XXIII, e fala como imaginamos que falava São Francisco de Assis, e se apresenta com a proximidade de um pároco de uma aldeia cada vez mais global, com palavras que acolhem e comprometem todos. Poderíamos começar a recolher as “fioretti” do Papa Francisco e, mais ainda, acolher o seu revolucionário desafio à ternura: “Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura”! Peço a Deus que o ajude a ser sempre autêntico (como dizia a sua irmã irmã mais nova: “Graças a Deus, Francisco continua a ser o Jorge”) e nos dê a coragem de agarrar a sua “pedalada”!

Os relatos da Paixão são o culminar dos evangelhos e a também as primeiras narrativas a passar a escrito. Eles aglutinarão a organização dos evangelhos e neles percebemos o impacto do sofrimento de Jesus e da sua entrega no coração dos discípulos e na vida da Igreja nascente. Da aclamação messiânica ao entrar em Jerusalém ao seu processo condenatório Jesus vai-se recolhendo num silêncio que impressiona. Está ali totalmente presente mas a palavra fez-se totalmente carne, e tudo o que disse faz-se agora entrega. São Lucas, o evangelista da misericórdia, apresenta-nos as suas particularidades: Jesus pede ao Pai o perdão para os que lhe dão a morte, promete o reino ao ladrão que se compadece, entrega o espírito nas mãos do Pai.

A páscoa da nossa vida precisa desta ousadia: o perdão, dar a vida salvando, tudo entregar a Deus. Como seria o mundo se nós, cristãos, assumíssemos o perdão (das ofensas, das dívidas, das indiferenças, da não-aceitação, do passado) como verdadeira opção de vida? E se entendêssemos que ninguém pode entrar na casa do Pai sózinho? E se amássemos a pobreza para colocar tudo (tudo mesmo: bens, projectos, fama, sucesso, realização) no regaço do Pai? Entrar nestes dias de Páscoa vale a pena se aceitarmos morrer para ressuscitar. Se as celebrações não forem comprimidos analgésicos ou tranquilizantes, que alienam ou impedem a coragem de amar em verdade e servir melhor. A beleza da liturgia celebra a alegria da fé mas esta só é verdadeira se aumentar a bondade e a ternura!

Os pequenos gestos do Papa Francisco podem ser um belíssimo guia para libertarmos o Espírito Santo das prisões em que, tantas vezes, O colocamos. Não sentem como ele sopra pequenos e belos gestos de alegria e de graça que podemos fazer uns pelos outros? Pois é, se nos deixarmos guiar por Ele, talvez se abalem algumas seguranças (como devem andar “à nora” os guardas pontifícios, mas imaginam Jesus com segurança privada?) mas não iremos ganhar em vida verdadeira?

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