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Nigéria: A história das Irmãs de Nossa Senhora de Fátima
O superpoder da ternura
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Não têm praticamente nada. O voto de pobreza é levado tão a sério que todos os dias ninguém sabe, por ali, o que será o jantar, se vão ter alguma coisa para comer. A sede da congregação não se distingue de uma casa vulgar. Lá dentro vivem apenas mulheres. São poucas, apenas quase meia-dúzia. Pertencem à Ordem das Irmãs de Nossa Senhora de Fátima. No Norte da Nigéria, onde os cristãos são brutalmente perseguidos, estas mulheres contrariam o medo com a força dos seus sorrisos, com o poder da ternura.

 

A aldeia é pobre como todas as aldeias na Nigéria, como quase todas as aldeias em África. Profundo crente em Fátima, o Bispo John Raddington, SME, fundou esta Ordem com um simples propósito: que a mensagem da Virgem fosse semente de oração, a vitamina que transformasse a vida destas mulheres consagradas a Deus, e que, através delas, fosse possível oferecer uma vida menos sofrida às populações da Nigéria. Mal sabia ele o poder do sonho. Hoje, o simples sorriso destas mulheres basta para que alguma felicidade se contagie em seu redor. A Irmã Lucy Quidadu, irradia uma simpatia genuína, cativante. Todos os dias, de manhã, as irmãs reúnem-se na sala maior da casa e partilham um momento de oração. Muitas vezes, algumas das mulheres da aldeia juntam-se a elas e rezem em conjunto, repetindo palavras, cânticos. Partilhando a mesma graça a Deus. Depois, as irmãs deixam a casa, normalmente rumo às aldeias em redor, palmilhando caminhos áridos que se tornam insuportáveis quando o sol se ergue, poderoso, e não há sombra possível que alivie o calor. No Norte da Nigéria a água é o bem mais escasso. A que existe, que brota de nascentes, que é recolhida em poços ou que corre nos rios é, geralmente, imprópria para consumo. Esta água impura é fonte de cerca de 75 % das doenças que afligem as populações locais.


Deitar mãos à obra

O Bispo Raddington sonhou com uma congregação simples, com um grupo de mulheres que vivessem o seu carisma junto das populações, que partilhassem com o povo as suas angústias e incertezas, as suas alegrias e sorrisos. Ali, no Norte da Nigéria, estas irmãs consagradas a Nossa Senhora de Fátima deitaram mãos à obra. É o que fazem todos os dias depois da oração. Elas inventaram um sistema de purificação da água. Nuns simples bidões de plástico, colocam camadas de pedra, carvão, areia grossa e areia fina. Nada mais, nada menos. A água que é vertida para estes bidões azuis vai sendo coada lentamente até que, por fim, é libertada por uma espécie de torneira que é colocada na sua base. Todos os testes laboratoriais asseguram a pureza desta água. Para as populações locais, isto é quase um milagre. Mas não é tudo. Como a base da economia local é a agricultura, é preciso fertilizar os campos. Mas como? Aproveitando a decomposição da matéria orgânica, as irmãs produzem biogás que se transforma em combustível, que serve como energia nas cozinhas, que auxilia na irrigação dos campos e, principalmente, na fertilização das terras.

Combater o medo com sorrisos

Há um antes e um depois, desde que as Irmãs de Nossa Senhora de Fátima arregaçaram as mangas para cumprirem a promessa feita a Deus, de que usariam toda a inteligência e energia para que as populações tivessem uma vida menos difícil, menos dolorosa.
A Irmã Lucy Quidadu tem uma energia transbordante. Fala com gestos largos, é expressiva até com o olhar, arrebatadora. As pessoas confiam nela naturalmente. Ali, no Norte da Nigéria, os cristãos são uma ínfima minoria e é raro o dia em que não há a história de um atentado, de violência gratuita, de opressão. No Norte do país, grupos de radicais islâmicos espalham o terror, procuram impor a “sharia”, a lei islâmica. Ninguém está a salvo. Os cristãos são, muitas vezes, o alvo preferido destes ataques, mas as irmãs, que se vestem de branco ou de azul e que se identificam com uma cruz que usam ao pescoço, não têm medo. Em todo o lado são acolhidas com simpatia. Nas aldeias sabem que “elas transformam a água doente em água boa”. Nas aldeias, todos dizem que as irmãs são gente de paz, de concórdia e de amor. Contra elas, as balas e as bombas dos terroristas são ineficazes. Ao medo, elas respondem com sorrisos. A paz é a última aventura deste punhado de mulheres consagradas a Deus por inspiração da Virgem de Fátima.

 

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