Lisboa |
Dia Mundial do Doente
Abordar os doentes com a força do Espírito Santo
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É o único hospital termal público do país e um dos mais antigos do mundo. O Hospital Termal das Caldas da Rainha recebeu a visita de D. Nuno Brás, por ocasião do Dia Mundial do Doente, com o Bispo Auxiliar de Lisboa a deixar uma palavra de esperança aos doentes.

 

“Nunca desistam de cumprir a vossa missão no hospital, em favor das pessoas. Acreditem que rezo por todos vós!”. Esta foi a principal mensagem que o Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, deixou aos médicos, funcionários e voluntários do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, uma unidade de saúde que integra também o Hospital Termal Rainha D. Leonor. Durante a visita pastoral que realizou a esta unidade hospitalar, por ocasião do Dia Mundial do Doente, assinalado no passado dia 11 de fevereiro, o Bispo Auxiliar do Patriarcado deixou aos doentes a certeza da presença da Igreja junto de cada um. Uma missão que está confiada à capelania, que tem como capelão, desde janeiro de 2011, o jovem padre Filipe Sousa. “A missão da capelania é visitar os doentes, fazer um trabalho de humanidade, porque os doentes nem sempre têm visitas e sabemos como o tempo no hospital é lento. Não é somente o sofrimento pela doença, é também a solidão. Estar ao lado das pessoas, conversar com elas, ouvi-las e, claro, fazer o trabalho da fé de lhes dar esta segurança que é Nosso Senhor, esta confiança de que Deus é Pai e guia as nossas vidas!”, aponta o capelão, ao Jornal VOZ DA VERDADE, salientando também o trabalho com os funcionários da instituição. “Com os funcionários também se faz um trabalho interessante de fé. É um trabalho de nova evangelização, em que a fé extravasa as paredes da igreja. A Igreja está presente num local muito particular, onde se decide a vida e a morte”, frisa o padre Filipe, de 30 anos.

 

A presença do Pastor

O Centro Hospitalar das Caldas da Rainha está incorporado, desde 2009, no CHON – Centro Hospitalar do Oeste Norte. É uma unidade de saúde que começou a ser construída em 1958, então com o nome Hospital Distrital de Caldas da Rainha, tendo sido concluída dez anos depois. “Esta é uma instituição onde muita gente passa, onde muita gente trabalha, incluindo muitos cristãos, por isso quisemos assinalar o Dia Mundial do Doente com a visita do Bispo Auxiliar de Lisboa! Não foi inocente a escolha deste dia para a visita, que pretendia que os doentes sentissem a presença do Pastor que é o bispo”, salienta o padre Filipe Sousa, lembrando ainda que a visita de D. Nuno Brás ao Centro Hospitalar das Caldas da Rainha decorreu no âmbito da Visita Pastoral à Vigararia de Caldas - Peniche. Ao longo de mais de duas horas, na tarde da passada segunda-feira, D. Nuno Brás visitou diversos serviços desta unidade hospitalar, como a Medicina, a Ortopedia, a Cirurgia, a Maternidade ou as Urgências. A todos, segundo o capelão, “o Bispo Auxiliar de Lisboa cumprimentava e dirigia uma palavra de conforto e esperança”.

 

Que futuro para o hospital termal?

O Centro Hospitalar das Caldas da Rainha possui o único Hospital Termal do Serviço de Nacional de Saúde, o hospital termal Rainha D. Leonor, fundado em 1485. “O Hospital Termal das Caldas nasce por vontade da Rainha D. Leonor. Ao passar por esta zona, a rainha descobre que estas águas eram benéficas para a saúde. Ela própria usufruiu e fez a experiência”, conta o padre Filipe. É o único hospital termal público, mas que poderá que ter de fechar portas. “O hospital termal tem passado por várias dificuldades, esteve fechado durante algum tempo, agora voltou a reabrir, mas não há um futuro promissor, neste momento, para a instituição. É uma pena porque é o único hospital termal que é público, segundo se diz é dos mais antigos do mundo, e tem uma tradição aqui na cidade das Caldas e nos arredores”, observa o capelão.

Na manhã do passado dia 11, após a Eucaristia do Dia Mundial do Doente (ver caixa), D. Nuno Brás visitou este hospital termal. Uma visita guiada onde o Bispo Auxiliar se inteirou acerca dos benefícios para a saúde proporcionados pelas termas e onde contactou também com diversas pessoas que estavam a realizar tratamentos.

 

Ouvir e confortar

Na missão de “ouvir e confortar os doentes”, o padre Filipe Sousa conta com a colaboração de duas voluntárias. Joaquina Nogueira Correia é voluntária do hospital há quinze anos e desde há dois que se entrega à missão da capelania na assistência aos doentes. “Este é um serviço que só se pode fazer com a graça de Deus, com o amor de Deus, que tem de ser renovado e fortalecido diariamente. De outra maneira, não é possível ser voluntária na capelania!”, assegura ao Jornal VOZ DA VERDADE esta paroquiana de Caldas da Rainha. A missão, segundo refere, é de presença. “Esta é uma missão de acompanhamento, de conforto, de procurar dar uma palavra de estímulo e de alento aos doentes que, por vezes, estão muito revoltados, depressivos, instáveis e abandonados”. A capelania, de acordo com esta voluntária, procura também dar a conhecer Cristo. “Procuramos levar Jesus aos doentes! Quando é oportuno, levamos ao doente a certeza de que nunca estão sozinhos, que Deus os acompanha na sua doença!”.

 

As voltas de Deus

Joaquina é voluntária no Hospital das Caldas três vezes por semana, à terça, quarta e quinta-feira, normalmente entre as 13 e as 17 horas. “Era muito importante que mais cristãos pudessem ter disponibilidade interior para este serviço”, afirma. Questionada sobre as motivações que a levaram a tornar-se voluntária na capelania hospitalar, Joaquina recorda o convite do padre Eduardo, anterior capelão: “Nunca pensei que alguma vez fosse abordada para este serviço, mas Deus trocou-me as voltas! Acho que Ele se serve dos mais fracos para os serviços mais difíceis”. Joaquina Correia confessa que foi “incapaz de dizer ‘não’” ao desafio da Igreja. “Depois da conversa com o antigo capelão amadureci a ideia e abracei-a muito receosa do que iria encontrar, porque este é um serviço difícil, mesmo tendo alguma formação. Porque cada doente é um doente, cada pessoa é diferente, assim como é diferente a maneira como cada doente convive com a sua doença. Todos são muitos diferentes, portanto a abordagem a cada um também tem de ser diferente conforme o seu estado de saúde e a sua maneira de sentir e de estar”, garante esta voluntária.

A missão da capelania não olha a credos, apenas à pessoa. “Na capelania tanto acolhemos e acompanhamos o doente que é católico, como aquele que se diz agnóstico ou que não tem qualquer religião. Aborda-se a pessoa com todo o amor!”, garante. Nesta sua missão junto dos doentes, a voluntária Joaquina diz ter uma ajuda preciosa. “Só é possível abordar o doente com a força do Espírito Santo. Só o amor de Deus nos impele a ir, porque sozinhos não teríamos coragem de entrar nos quartos e nas enfermarias e de estar com os doentes”.

Sobre a visita de D. Nuno Brás ao hospital, Joaquina destaca a receção dos doentes ao Bispo Auxiliar. “Viu-se que os doentes receberam o senhor bispo com alegria e que ficaram satisfeitos com a visita! Viu-se isso mesmo no rosto deles! Foi muito bom para todo o hospital e para os doentes perceberem que a Igreja não abandona as pessoas mais fragilizadas!”, assegura esta voluntária da capelania do Hospital das Caldas da Rainha.

 

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Ser presença silenciosa junto do doente

Na celebração do Dia Mundial do Doente, nas Caldas da Rainha, D. Nuno Brás pediu atenção à pessoa, convidando os cristãos a serem uma presença silenciosa junto de cada doente. “Todo o doente, qualquer que seja a sua enfermidade, se vê afetado na totalidade do seu ser: físico, psíquico-anímico, religioso. Não podemos nós, enquanto pessoas, enquanto crentes e enquanto instituições, ignorar a sua pessoa concreta, nestas diversas dimensões, e deixar de fazer aquilo que se encontra ao nosso alcance para as minorar, quanto mais não seja com a presença silenciosa de quem se encontra ao lado daquele que sofre e com ele partilha a sua dor”, apelou o Bispo Auxiliar de Lisboa, na celebração que presidiu na manhã do passado dia 11, na igreja de Nossa Senhora do Pópulo.

Neste templo do século XVI, que é a igreja matriz das Caldas da Rainha, D. Nuno Brás sublinhou que “o sofrimento e a dor permanecem como um grande ponto de interrogação que a todos não pode deixar de questionar”. Neste sentido, e na celebração que marcou o início da Visita Pastoral ao Centro Hospital das Caldas da Rainha, o Bispo Auxiliar lembrou a presença de Cristo junto dos doentes: “A resposta cristã a esta questão do porquê do sofrimento, não a encontraremos, contudo, numa qualquer dissertação intelectual e teórica; a resposta a esta realidade que a todos marca (porque todos, de uma forma ou outra, fomos ou seremos confrontados com o sofrimento, em particular com o sofrimento do inocente), encontramo-la antes na existência de Jesus de Nazaré”.

 

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A dimensão libertadora do sofrimento

O Cardeal-Patriarca de Lisboa defendeu que o sofrimento humano tem a capacidade de transformar e libertar as pessoas. “O sofrimento se não for amado, se não for oferecido, destrói. Se for oferecido, liberta, redime, não só a própria a pessoa mas também os outros”, garantiu D. José Policarpo, na homilia da Missa a que presidiu no passado Domingo, dia 10 de fevereiro, na capela das Irmãzinhas dos Pobres, em Campolide, Lisboa, antecipando o Dia Mundial do Doente que a Igreja celebrou no dia seguinte.

Aos que sofrem, o Patriarca de Lisboa convidou-os a unirem-se a Cristo:

“O sofrimento tem a força e potencialidade de ser uma realidade que me desafia a um outro horizonte de vida, porventura a pôr o coração noutras realidades, a mudar de ideais”.

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