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Igreja de S. Francisco Xavier
Tornar a vida da fé mais viva
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Há pouco mais de um ano a paróquia de S. Francisco Xavier, no Restelo, em Lisboa,  viu ser inaugurada e dedicada a nova igreja. Um projecto que o pároco considera “ousado”, mas onde deseja que a mensagem de evangelização seja  prioritária.

 

Numa tarde de sexta-feira subimos até ao alto do Restelo, em Lisboa e entrámos na nova igreja de S. Francisco Xavier, dedicada e inaugurada há um ano atrás pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa. Na capela lateral, sobre o altar, uma custódia expõe, para adoração, o Santíssimo Sacramento. "É assim todas as sextas-feiras, durante todo o dia", conta o pároco, padre António Colimão ao Jornal VOZ DA VERDADE. "Esta é uma prática que realizamos, aqui, há mais de vinte anos. A ideia surgiu quando tive conhecimento de que na Alemanha tinham iniciado uma oração, diante do Santíssimo Sacramento, para ‘mexer’ com os corações dos jovens que iniciaram um grupo chamado 'cabeça rapada', que provocava os emigrantes. Achei que em toda a parte, por vezes, há esta diferenciação. E então a ideia da oração pegou", explica o padre Colimão referindo que esta mesma prática se repete também na igreja de Caselas, à quinta-feira à noite. "Trata-se, apenas, de oração em silêncio. É um estar com o Senhor em silêncio", salienta o pároco.

 

A origem da paróquia

A paróquia de S. Francisco Xavier nasceu em 25 de Março de 1959, tendo sido, desde logo, agregada à paróquia de Santa Maria de Belém, nos Jerónimos. "Os livros de registo de Casamentos e Baptismos datam, precisamente, desse ano 1959", frisou o padre Colimão referindo que só em 1990 acontece a autonomia da paróquia. O primeiro pároco efectivo de S. Francisco Xavier, padre José Andrade, toma posse a 10 de Agosto de 1990. "Era um sacerdote, também goês", observa o padre António Colimão, natural de Silvassá, Nagar-Avely, Damão, na Índia. A presença do padre José Andrade na paróquia de S. Francisco Xavier não durou muito tempo por motivos de saúde. "O Senhor Patriarca D. António Ribeiro pediu-me que pudesse substituir o padre José durante a doença. Eu estava na Cruz Quebrada", refere explicando que ficou durante algum tempo com as duas paróquias a seu cargo.

No dia 21 de Novembro de 1991, o padre António Colimão é , então, nomeado pelo Cardeal-Patriarca, D. António Ribeiro, pároco efectivo de S. Francisco Xavier. A celebração de tomada de posse realizou-se numa missa concelebrada, no Salão da Escola Primária nº 30, no Restelo.

 

Do ‘barracão’ à caravela

Na falta de uma igreja própria para celebrar e congregar a comunidade de S. Francisco Xavier, durante 22 anos foi utilizado um espaço que o pároco designa por "barracão". E embora esse espaço não fosse o melhor, este sacerdote indiano lembra que essas instalações "serviram para formar uma comunidade". "Actualmente, na nova igreja, apercebo-me que têm aparecido caras novas", observa o padre Colimão acentuando o envolvimento dos paroquianos na comunidade que se reúne, actualmente, no novo espaço com forma de caravela.

 

Preocupações pastorais

Na dinâmica pastoral há diversas preocupações que vão fazendo movimentar toda a comunidade. Embora exista grupo de jovens na paróquia, o padre Colimão manifesta a sua apreensão em relação à pastoral juvenil porque, muitos jovens “fogem para os diversos movimentos” existentes nas redondezas. "Nesta área do Restelo, Belém, Ajuda, há um problema pastoral que se prende com a presença de alguns movimentos que congregam os jovens”, salienta o sacerdote. “Mas ainda assim já celebrámos crismas de jovens”, refere. A catequese é frequentada por cerca de duzentas crianças e tem cerca de trinta catequistas.

 

Acolhimento

Como forma de aproximar mais aqueles que frequentam a paróquia de S. Francisco Xavier, o padre António Colimão aposta no acolhimento. “As pessoas dizem que aqui se sente um clima de família, e isso acontece porque eu tenho essa 'mania' de integrar pessoas”, explica o pároco. Esta integração que passa por pedir "àqueles que vêm à missa para ler ou fazer o peditório" leva a que "as pessoas se sintam acolhidas", comenta.

Na paróquia existe, também, um pequeno quiosque com café, que tem o objectivo de criar "aquele espírito de encontro de família". Por vezes são promovidos almoços ou outras refeições para convívio familiar, o que permite ir "pouco a pouco quebrando o gelo", que possa existir entre as pessoas do bairro. "No mundo do Restelo, notei no início alguma dificuldade em promover esses encontros. Por isso verifico que, actualmente, esse espírito está a mudar e as pessoas novas sentem-se integradas", garante.

Nesta dinâmica de acolhimento, segundo o pároco, na comunidade paroquial de S. Francisco Xavier "misturam-se" os diversos estratos sociais que habitam naquela zona. E esta ‘mistura’ acontece no anonimato. Uma vez por mês a paróquia faz chegar um almoço às famílias mais necessitadas, e quando se promovem os almoços na comunidade são todos convidados. "Ninguém sabe quem é pobre e quem não é", refere. Deste modo "cria-se respeito por essa pessoas que assim não são expostas" publicamente sublinha o padre António Colimão.

 

Partilha com os mais necessitados

Este projecto de partilha criado pela paróquia “foi muito bem acolhido" e  nele participam jovens, adultos e casais garantindo a resposta às diversas necessidades. "Há quem ofereça coisas, quem cozinhe, quem transporte, e além disso temos um baú onde as pessoas vão colocando coisas que não se estragam. Isto mantendo o anonimato por respeito para com as pessoas”.

Segundo o pároco daquela paróquia do Restelo, naquela zona “também há situações de famílias que estão na chamada pobreza envergonhada”. E a paróquia “tem conseguido ir ao encontro destas situações onde todos são envolvidos”. Cada sector na paróquia tem a sua missão mas refere o pároco, “todos estão envolvidos” nesta partilha.

 

Centro social suspenso

Em S. Francisco Xavier, embora haja um centro social, encontra-se neste momento suspenso”. Neste momento não temos crianças mas desejo que a partir de Janeiro o centro possa reabrir”, observa o responsável. Explicando que “antes não havia espaço para a missão do centro social paroquial, o pároco garante que "agora” já é possível ter esse espaço. “Mesmo a antiga Igreja, que ainda é propriedade da paróquia, pode ser utilizado como tal”, salienta.

 

Outra preocupação naquela paróquia centra-se com “a formação, a evangelização, e até mesmo a vivência da própria fé”. Observando que “muita gente faz muitos cursos e há muitas propostas de formação”, o padre António Colimão adverte para a necessidade de "dar aos outros". “Não se pode ficar apenas com os cursos é preciso dar aos outros, e isso aprendemos do próprio S. Francisco Xavier”, sublinha.

 

Tornar a vida da fé mais viva

Por outro lado, com a construção da nova igreja e com os encargos que daí advêm, a preocupação em “cumprir os compromissos bancários” também é grande. Mas, segundo o pároco, “a comunidade paroquial tem ajudado muito”, frisando que, “não obstante esta situação de crise, a comunidade tem-se esforçado”.

No entanto, a grande preocupação pastoral é “a de tornar a vida da fé mais viva”. “Sei que é muito difícil porque o mundo proporciona outras linhas, mas é esse o desafio. Esta comunidade que ainda está no torpor da nova igreja, tem agora que acalmar para assumir determinada linha de orientação”, refere.

Reconhecendo que na paróquia não tem uma estrutura formal de decisões pastorais (conselho pastoral e económico), o padre Colimão garante que "por feitio" não faz nada "sem perguntar aos paroquianos". “Gosto de ouvir os paroquianos. Não consigo fazer tudo sozinho!”, observa.

Sobre o projecto da nova igreja de S. Francisco Xavier, da autoria do arquitecto Troufa Real, o padre António Colimão reconhece que foi "muito ousado" e está consciente de que "há quem goste e quem não goste". No entanto, adverte que não se pode ter uma opinião sobre o exterior da igreja porque a sua construção não está completa. "Faltam alguns blocos" que vão ser "difíceis de fazer", observa garantindo que este, é um projecto "muito bem pensado" ao qual a comunidade ainda "não está habituada".

Sobre este espaço de celebração tem um desejo: “Queria que este espaço fosse um espaço aberto a todas as comunidades antigas lusófonas ou outras, onde mensagem de evangelização tem de ser prioritária”. 

 

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Um sonho incompleto

Apesar de inaugurada e dedicada no dia 3 de Dezembro de 2011, a nova igreja de S. Francisco Xavier apenas começou a acolher as celebrações eucarísticas no passado dia 8 de Setembro deste ano 2012. Na celebração de dedicação, o Cardeal-Patriarca recordava que “a casa onde os cristãos se reúnem “tem de ter dignidade, mensagem e tem de ser na cidade um sinal visível daquilo que a Igreja das pessoas deve ser na cidade: testemunho de anúncio e amor fraterno, de fé e de prática da justiça”.

Actualmente, com a igreja “praticamente pronta”, o padre Colimão, lembra que “ainda falta ainda construir o restante complexo”, mas esse “não sonha” fazer na sua vida.

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