No passado final de semana, dias 26 e 27 de Outubro, decorreu em Fátima o IX Fórum Nacional das Vocações, promovido pela Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.

Dirigido a todos quantos estão mais directamente envolvidos no trabalho de coordenar o cuidado no suscitar de novas vocações de especial consagração – equipas diocesanas das vocações, delegados da pastoral juvenil e vocacional dos Institutos de Vida Consagrada, animadores paroquiais das vocações – foi aberto a todos quantos mais directa ou indirectamente cuidam da educação e transmissão da fé. Da nossa diocese estiveram presentes seis dos membros da equipa diocesana das vocações e vários consagrados em representação do seu Instituto, alguns dos quais também estão activamente empenhados nos dinamismos da pastoral vocacional do Patriarcado de Lisboa.

O tema deste ano foi “Fé e Cultura Vocacional”. O Fórum começou por abordar o dinamismo vocacional da fé, com a ajuda do professor João Duque, da Faculdade de teologia de Braga, que chamou a atenção que a fé é ela mesma vocação, enquanto resposta a um Outro – Deus – que nos interpela e dessa forma nos constitui na possibilidade de ser pessoa. A própria possibilidade de escolher abraçar esta ou aquela forma de viver a fé é já o segundo momento, de um caminho cujo início é o dom de Deus: a Vida e a própria liberdade de poder aderir a ela.

Houve também espaço para um painel de testemunhos subordinado ao tema “quando a fé dá fruto”, que nos apresentou o percurso de uma vocação nascida no contexto de uma comunidade paroquial (a do Pe. Nuno Folgado, oriundo de uma das paróquias da cidade de Portalegre), e a de uma outra amadurecida no horizonte de um movimento (a do Pe. Jorge Silva Santos, da diocese de Coimbra e membro da Comunidade Emanuel). Foi um tempo rico de reconhecimento dos tesouros do Espírito nas diferentes realidades eclesiais e também dos desafios que se colocam para o crescimento da comunhão na vida da Igreja.

No segundo dia a reflexão continuou apontando os diferentes sujeitos e destinatários da Cultura Vocacional, com a ajuda do Reitor do Seminário dos Olivais e director do Sector de Animação Vocacional da nossa Diocese. Para que os jovens sejam conduzidos a decidir a sua vida como resposta generosa ao chamamento de Deus, é necessário que respirem à sua volta um ambiente vocacional, a começar nas famílias e nas comunidades cristãs, em que as decisões e definições da vida manifestem que foram tomadas na escuta e obediência a Deus. Tal implica também cuidar de cada pessoa, na sua condição e etapa da vida distinta, para que vá encontrando novas formas de fidelidade vocacional: os esposos, os anciãos, os que sofrem, os que se aproximam da hora da morte, as crianças, os jovens, etc.

Houve ainda a apresentação do novo documento da Santa Sé com orientações pastorais para a promoção das vocações ao ministério sacerdotal, o que suscitou um debate sobre o específico do ministério sacerdotal e a necessidade de um conhecimento mútuo mais efectivo entre os sacerdotes e os fiéis que abraçam a vida consagrada, quanto à natureza, carisma e dinamismos de discernimento destas diferentes vocações na Igreja.

O Fórum teve ainda tempo para uma reflexão sobre os “desafios e perspectivas para uma Cultura Vocacional” apresentada pela Ir. Helena Oliveira, rad. Todo o trabalho para uma cultura vocacional tem de assentar na vida de fé enraizada no mistério da Encarnação de modo que a vocação, qualquer que ela seja, aconteça como resposta pessoal ao dom da configuração com o Homem Novo dado em Jesus Cristo.

Da quantidade de participantes envolvidos e da reflexão realizada resulta a confirmação da necessidade sempre renovada de aprofundar nas famílias e nas comunidades a consciência e o empenho por uma verdadeira cultura vocacional que favoreça a vivência da fé como vocação cristã.

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