Missão |
Em Bagamoyo, na Tanzânia
Espiritanos celebram o Capítulo Geral, pela primeira vez, em África
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O dia de S. João foi a data escolhida para a abertura oficial do XX Capítulo Geral dos Espiritanos, na Tanzânia, com o lema ‘Sede fervorosos no Espírito’. É histórico que aconteça pela primeira vez em terras africanas e Bagamoyo não foi local escolhido por acaso.

 

Os 22 Bispos da Conferência Episcopal da Tanzânia, bem como os Superiores e Superioras Maiores dos Institutos Religiosos, presentes na Eucaristia de Abertura, vieram dizer aos 115 participantes que a África de Leste agradece aos Espiritanos o primeiro anúncio do Evangelho.

 

Bagamoyo, 1868

Os Espiritanos alemães chegaram à Ilha de Zanzibar em 1863 para apoiar a libertação dos escravos e dali rumaram a Bagamoyo, na costa continental da Tanzânia, a 70 kms de Dar es Salam, a capital económica.

Bagamoyo, em meio muçulmano, tem uma cruz junto ao mar que marca a chegada dos primeiros missionários, em 1868. É um monumento respeitado por todos, pois os Espiritanos foram libertadores da escravatura.

 

Quase todos os Bispos…

A Missa, presidida pelo Cardeal Polycarp Pengo, de Dar es Salam, durou quatro horas, com uma multidão de povo na assembleia sempre a cantar e dançar ao ritmo dos batuques, porque o tempo é Deus quem o dá e não faltavam motivos para a festa. Na homilia, o Cardeal agradeceu a missão espiritana e lembrou que a escravatura continua, embora com outras formas. Os ricos não permitem que os pobres tenham acesso à educação e à saúde. Disse: ‘os traficantes de escravos foram os grandes opositores dos primeiros Espiritanos. Hoje há os grandes que querem manter as suas posições, escravizando os mais pobres’. Lembrou ainda que D. Augustine Shao, Bispo espiritano do Zanzibar, tem sido alvo de ataques por parte de extremistas islâmicos que até já lhe queimaram o carro, sem que as autoridades reagissem.

 

Incentivo de Bento XVI

O Núncio Apostólico leu mensagem de Bento XVI que recordou a importância de ser em Bagamoyo, onde os missionários lançaram a primeira semente do Evangelho na África Oriental e trabalharam pela libertação dos escravos. Ali se pode ver a coragem e o martírio dos Espiritanos, bastando olhar para as placas do cemitério. Do primeiro grupo, todos morreram com menos de 34 anos, não resistindo ao clima e às doenças tropicais. O Núncio concluiu que esta semente está já a dar frutos e disse que Bento XVI pede que o Espírito Santo inspire nas decisões a tomar. Na sua intervenção, o Núncio recordou que os Espiritanos construíram Igrejas, Escolas e Hospitais, mas o mais importante foi a construção das Comunidades Cristãs.

No fim da celebração, o responsável político pela cidade, muçulmano, deu as boas vindas e pediu que ninguém tivesse medo, pois o governo garantia a segurança deste grande acontecimento que, pelo significado, muito honra Bagamoyo e a Tanzânia.

 

Um Bispo sobre as águas…

A tarde, com muito calor e alguma chuva, foi marcada pela Sessão de Abertura do Capítulo. Tudo começou na praia, banhada Oceano Índico: de um barco à vela, saíram algumas pessoas que começaram a caminhar sobre as águas em direção à margem, onde os capitulantes se encontravam. Foi uma réplica da chegada dos primeiros missionários, vindos de Zanzibar. O mais curioso foi o facto de, a liderar este grupo que caminhava a vau sobre o mar estar D. Augustine Shao, Bispo de Zanzibar. Trazia uma Bíblia que, na praia, debaixo de uma estrondosa ovação, trocou por uma candeia acesa que levou, encabeçando a procissão dos Capitulantes, até junto à cruz memorial da chegada dos primeiros espiritanos. Ali se escutaram textos bíblicos sobre a Missão. Dali se rumou à Capela onde os Capitulantes foram chamados um por um.

 

Missão Espiritana hoje

Este XX Capítulo Geral tem 115 Participantes vindos do mundo inteiro e, até 22 de Julho, vai avaliar os últimos oito anos da Missão Espiritana, eleger o novo Superior Geral e seu Conselho, bem como lançar as bases da Missão para os próximos oito anos.

‘Bagamoyo’, na língua swahili que se fala em boa parte da África de Leste, pode traduzir-se por ‘deixa aqui o teu coração’. Era o grito que os familiares dos escravos lançavam aos que já estavam amarrados para ser levados para a Ilha de Zanzibar e, dali, para a Europa e Américas.

Na confraternização, à hora do jantar, a alegria espelhava-se nos rostos de todos. A África tem o fascínio de acolher bem e fazer festa. A continuar assim, os participantes deste XX Capítulo Geral vão honrar a palavra ‘Bagamoyo’ e deixar aqui o coração!

texto por Tony Neves, em Bagamoyo - Tanzânia
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