Jornal Voz da Verdade

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17.06.2012

Domingo |

� Procura da Palavra

Par�bolas ou discursos?

DOMINGO XI COMUM Ano B

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“E n�o lhes falava

sen�o em par�bolas.”

Mc 4, 34

“Eles falam, falam, falam…!” foi um “refr�o” que os Gato Fedorento popularizaram, caricaturando o vazio de muitos discursos e palavras ocas. Parece que foi sempre assim, e desde que os homens come�aram a juntar palavras, nasceram logo os especialistas na arte de n�o dizer nada. E quase sempre de fazer ainda menos. Talvez por isso come��mos cedo a gostar de escutar narrativas, hist�rias com quest�es na ponta e perguntas em busca de resposta, relatos que envolvam pessoas e situa��es que podiam ser nossas. Jesus bem sabia a for�a das par�bolas e como nelas ia revelando a beleza e a grandeza de Deus. Ah, se o C�digo de Direito Can�nico ou o Catecismo fossem escritos em forma de par�bolas!

No final do Encontro Mundial das Fam�lias em Mil�o, o Papa Bento XVI afirmou o apoio, seu e da Igreja, � dor dos divorciados recasados, encorajando-os a manterem-se unidos �s suas comunidades e convidando as dioceses a acolherem-nos com “a proximidade adequada”. N�o � um tema f�cil, nem de uma resposta imediata, mas imagino que par�bola nos contaria Jesus, para que a verdade e a justi�a do amor triunfassem. Que narrativa nos apresentaria, talvez com as hist�rias de muitos irm�os e irm�s, talvez pr�digos (como na mais bela das par�bolas que Lucas nos oferece!), com imagens da natureza ou da vida em que, tantas vezes, ficamos meio-mortos � beira do caminho?! Acredito que n�o ficaria em sil�ncio, nem deixaria a indiferen�a apagar as chamas de f� e de amor verdadeiros que vivem em tantos casais nesta situa��o! E n�o se trata simplesmente de “estar dentro” ou “estar fora”: que mudan�as de autenticidade e convers�o implicam este acolhimento, que festa exigiria realizarmos? Seria fragilidade e perda de poder? Tamb�m as par�bolas n�o deixavam ningu�m na mesma!

Na escurid�o da terra a semente faz quase o trabalho todo. Pode o semeador dormir ou afadigar-se; h� um mist�rio de vida que n�o depende dele. E � t�o bom quando deixamos Deus ser Deus, em vez de nos armarmos em seus fracos substitutos! A semente boa dar� frutos a seu tempo. Quando se tornar vis�vel pedir� a nossa ajuda, e n�o adianta pux�-la para que cres�a mais depressa. Custa muito a paci�ncia, mas ela anda de m�os dadas com outra verdade: tudo o que � grande come�ou por ser pequeno. Da� a for�a de uma pequena par�bola diante do mais palavroso dos discursos: a primeira est� gr�vida de vida, o segundo adormece e aborrece. Bem dizia aquele paroquiano que a homilia tinha sido linda, e o que mais tinha gostado foi quando o prior dissera, por fim: “Passemos � segunda parte”!

P. V�tor Gon�alves