Lisboa |
Visita Pastoral à Vigararia de Loures-Odivelas
“É preciso que se perceba que a comunidade é o rosto de Cristo”
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A paróquia de Santo Estêvão das Galés, no concelho de Mafra, enfrenta o desafio de saber ser testemunha. Localizada a cerca de 30 quilómetros de Lisboa, esta paróquia recebeu no passado Domingo, 6 de Maio, a visita de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, que em representação do Cardeal-Patriarca sublinhou a importância de ser comunidade.

 

“A principal preocupação da Igreja no mundo de hoje é a de sempre: anunciar Jesus Cristo”, disse D. Nuno Brás a cerca de uma centena de paroquianos de Santo Estêvão das Galés, no passado Domingo, dia 6 de Maio. Após a celebração da Eucaristia a que presidiu, com a administração do Sacramento do Crisma a 15 pessoas, este Bispo Auxiliar de Lisboa esteve reunido com a comunidade em assembleia paroquial a quem lembrou que “é importante perceber que a Igreja não vive para si própria. A Igreja vive para anunciar Jesus Cristo e essa é a sua grande preocupação”.

Para o pároco, padre Nuno Miguéis, este apelo leva ao “desafio de saber ser testemunha”, um desafio que afirma colocar-se à comunidade, e a visita do bispo à paróquia é oportunidade “de confronto saudável da fé, para que todos, unidos, possam dar passos importantes fortalecidos na fé que um bispo traz e a Igreja dá”, salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE. Nesse sentido aponta: “Há desafios muito grandes ao nível da vivência e do testemunho da fé que nos deixarão vivos e acordados para incentivar e convidar mais gente a fazer parte desta comunidade”.

 

Realidade rural

Santo Estêvão das Galés é uma comunidade rural, “dispersa” territorialmente, “dedicada aos ritmos da natureza, do campo e do trabalho árduo, onde a proximidade das pessoas dá origem a relações humanas, intensas e fortes”, observa o padre Nuno Miguéis.

Com cerca de mil habitantes, a paróquia afectada pelas mudanças sociais que se reflectem, sobretudo, no envelhecimento da população, “não reúne o número de habitantes suficiente para que tenha um peso muito forte a nível social”, refere o pároco adiantando que “a prática cristã não é muito grande, mas continua-se a mostrar que a comunidade está viva, porque muita gente ainda tem a consciência da fé, da exigência da fé”.

 

“Espírito Santo mostra caminhos”

Sobre a necessidade da exigência falou, também, D. Nuno Brás na assembleia paroquial, realizada por ocasião da Visita Pastoral à Vigararia de Loures-Odivelas. Advertindo para o facto de que “Jesus Cristo deve aparecer, não apenas na vida de cada um mas, também, na vida da comunidade”, o bispo auxiliar concretiza: “É preciso que se perceba que a comunidade cristã é o rosto de Jesus Cristo”.

Mostrando confiança no Espírito Santo que “continuará a mostrar caminhos”, D. Nuno Brás dirigiu-se aos paroquianos de Santo Estêvão das Galés, alertando para o perigo “do mundo de hoje que é individualista, onde cada um vive para si mesmo, como uma espécie de vírus que tende a chegar até ao mundo que já não é urbano”. E isso, salienta, “traz consigo o ser individualista ao nível da fé. O viver a fé sem ser em comunidade também é exemplo desse individualismo”, refere.

 

Lugar aos jovens

Confrontado por um jovem para a questão: ‘O que fazer quando os jovens se afastam da Igreja?’, D. Nuno Brás responde: “É preciso ir buscá-los! Mas é preciso que não deixemos de nos interrogar sobre o que fizemos para os jovens se afastarem! Se calhar não fomos capazes de anunciar Jesus Cristo como devíamos; se calhar não somos as testemunhas que Jesus Cristo quer que sejamos; se calhar não mostrámos o que são as coisas centrais da nossa fé”. “Muitas vezes as pessoas afastam-se de Jesus por coisas secundárias. São coisas que têm o seu lugar mas nós só as podemos entender a partir do encontro com Jesus”, garante.

A presença dos jovens nas comunidades é importante, por isso diz D. Nuno Brás que “é preciso mostrar que os jovens têm, em cada comunidade cristã, um lugar único”. No entanto, não deixa de sublinhar a necessidade da exigência da fé. “É importante não facilitar. Não retirar em nada a radicalidade do Evangelho. No Evangelho não se fazem descontos, não há saldos!”.

 

Catequese e pais são desafio

Apesar de ser uma paróquia rural e envelhecida, Santo Estêvão das Galés conta com cerca de 80 crianças na catequese. Um número que o pároco caracteriza, à VOZ DA VERDADE, como desafiante. “Temos filhos de pais com uma vida muito complicada, onde os sábados são dias para trabalhar, de manhã até à noite, e o Domingo está muito disperso. Por isso, estamos a tentar criar as dinâmicas onde os pais vêm, sentem-se parte da comunidade e participando estão mais tempo”, referiu o padre Nuno Miguéis.

 

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Jornada Vicarial de Liturgia: D. José Policarpo lembra que a Palavra proclamada deve vir do coração

 

“Uma liturgia bem celebrada é uma coisa muito bela, mas a sua qualidade não é técnica, vem de dentro”, afirmou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, na passada sexta-feira, dia 4 de Maio, na paróquia da Ramada. Reunido com os responsáveis da liturgia das paróquias da Vigararia de Loures-Odivelas, o Patriarca de Lisboa relevou três dimensões da Liturgia: o ser memória, sacramento e louvor. Assinalando que aquilo em que o cristão acredita procura “viver e transformar em celebração comunitária de louvor”, D. José Policarpo lembrou que “a leitura da Palavra de Deus é uma das maneiras de reavivar esta memória e de contribuir para alimentar no coração de quem celebra a memória das palavras de Jesus”. Nesse sentido deixa o alerta aos que são leitores na celebração: “Se a Palavra não está no nosso coração, quando eu leio dificilmente a vou reavivar”.

Recordando que a liturgia é acto celebrativo e “oração da Igreja”, o Patriarca de Lisboa lembrou que “quem celebra é a Igreja Povo do Senhor”, e “a liturgia não é um conjunto de atitudes pessoais”. “O sujeito da celebração é a Igreja e por isso quanto mais eu tiver a consciência dessa participação na Igreja, mais eu estou preparado para celebrar”, afirmou.

Segundo D. José Policarpo, “a liturgia é das expressões da Igreja aquela que realiza a harmonia e síntese da nossa vida”. Consciente de que o “perigo da falta de unidade na vida das pessoas é muito grande”, o Cardeal-Patriarca considera que “a liturgia é sempre momento de síntese e de unidade. Ela unifica o passado e o presente da nossa vida. Ela é síntese de diversas dimensões da nossa vida presente: o amor, a beleza… por isso a liturgia deve ser bela e não é uma acção que se faça para ‘despachar’”, observa.

O Patriarca de Lisboa salientou, ainda, que “há no cristão a exigência da santidade, de uma fé confessada e sincera, que precisa de ser concretizada na vida”. “O cristão precisa de dizer com humildade e firmeza: ‘eu creio’”, e viver de acordo com o que se proclama”. Por isso, recorda D. José Policarpo, “a liturgia pede-nos como atitude principal a confiança do abandono”. “Hoje estou mais convencido de que é mais fácil amar Deus do que percebê-lo. Se coloco a prioridade em tentar percebê-lo, estrago tudo”, comenta observando, também, que “na relação com Deus é primordial sentirmo-nos amados”. “A partir daí o nosso amor é uma resposta. A resposta de quem se sente amado é amar”.

D. José Policarpo encontrou-se na noite de sexta-feira com os responsáveis da liturgia das paróquias da Vigararia de Loures-Odivelas, um grupo formado recentemente e que é acompanhado pelo padre Nuno Miguéis, pároco de Santo Estêvão das Galés. Em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE, este responsável explicou que este grupo “nasce da necessidade de, organizados, dar melhores respostas na formação dos leigos, e da vontade expressa dos bispo e dos párocos de cuidar mais destes aspectos. Servirá para desafiar nas comunidades locais e nas famílias este gosto pela verdade e pela beleza da fé, expressa em momentos e situações que são liturgia”, concretizou.

 

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Programa da semana da Visita Pastoral à Vigararia de Loures-Odivelas

15 de Maio: Pastoral Familiar; Cardeal-Patriarca | Póvoa de Santo Adrião | 21h30

17 a 19 de Maio: Visita Pastoral a Santo Antão Tojal e São Julião do Tojal

15 a 20 de Maio: Visita Pastoral a Odivelas

15 a 20 de Maio: Visita Pastoral a Póvoa de Santo Adrião

20 de Maio: Encontro da Catequese; D. Nuno | Santo António dos Cavaleiros | 16h00

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