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Sudão e Sudão do Sul em guerra por causa do petróleo
“Ninguém escuta os gritos dos inocentes?”
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Têm sido dias difíceis para os cristãos em África. Entre o Sudão e o Sudão do Sul está em disputa uma região rica em petróleo e os cristãos, que vivem no norte, sentem-se encurralados. Na Nigéria e no Quénia, bombas deixam rastos de sangue durante celebrações religiosas. A Fundação AIS apela à oração. Por eles.

 

Domingo passado, a Nigéria e o Quénia foram sobressaltados pelas notícias de bombas que explodiram durante celebrações religiosas cristãs. Dezenas de pessoas foram mortas e muitas mais ficaram feridas. Ao mesmo tempo, na disputada região petrolífera entre o Sudão e o Sudão do Sul continuam a escutar-se os tambores de guerra.

Muitas vozes se ergueram já contra este estado de coisas. No caso concreto do Sudão, poderemos estar perante uma situação gravíssima com centenas de milhares de cristãos que vivem no norte e que se encontram literalmente encurralados dentro de um país que combate o seu…

É preciso parar com os combates imediatamente. O alerta foi lançado há dias por Christine du Coudray, responsável internacional da Fundação AIS para os assuntos de África. “Não podemos esquecer ou negligenciar este novo conflito. Temos todos o dever de, através das nossas orações, apelarmos para o fim deste confronto, para o impedirmos de ganhar ainda mais dimensão”, afirmou Christine. Porém, tudo indica que a guerra vai continuar.

 

Populações encurraladas

Para já, após os primeiros bombardeamentos, que já causaram largas centenas de mortos entre militares de ambos os países e populações civis, há um enorme receio em todos os que vivem na região fronteiriça, disputada pelos exércitos de ambos os países. “Nas montanhas de Nuba, as crianças desatam a fugir e começam logo em pranto mal escutam o ruído dos motores dos aviões”, afirma a responsável internacional da Fundação AIS que está a acompanhar em permanência este conflito. “As populações civis têm estado a ser bombardeadas, havendo muitos mortos e feridos com gravidade. Será que ninguém escuta os gritos destes inocentes?”, pergunta Christine du Coudray.

 

Financiar a guerra

Mas o risco de o conflito se generalizar é elevado, pois essa parece ser a vontade do Presidente sudanês, Omar Hassan al-Bashir. O seu Governo estabeleceu medidas de austeridade visando aparentemente financiar um conflito maior com o Sudão do Sul. As autoridades de Cartum ordenaram à administração civil a redução do consumo de combustíveis para atender às necessidades das forças armadas. Os funcionários públicos deverão ceder dois dias de salário ao exército, assim como a administração e as empresas estatais cederão uma parte do seu orçamento para apoiar o esforço bélico.

 

A ajuda da Igreja

O rebentar do conflito armado entre os dois países provocou já uma fuga maciça de populações, havendo centenas de desalojados, pessoas que abandonaram as suas casas e que agora precisam de ajuda. No entanto, o Governo do Sudão, a Norte, continua a impedir que organizações não-governamentais possam distribuir alimentos ou construir campos para os refugiados. Por isso, o papel da Igreja, dos sacerdotes e das religiosas que continuam no Sudão e no Sudão do Sul, é essencial.

 

Conflito sangrento

Observadores internacionais estimam que este novo conflito na região pode vir a revelar-se ainda mais sangrento do que a guerra civil de 1983 a 2005, que causou mais de dois milhões de mortos e muitos milhões de desalojados.  É o caso da Caritas Internacional que já afirmou temer “trágicas consequências” para a região se o conflito não cessar rapidamente.

 

Regiões em disputa

O Sudão do Sul separou-se do Sudão em Julho passado, após um referendo a favor da independência. Foi o culminar do Acordo de Paz Global de 2005, que acabou com duas décadas de guerra. Até agora, porém, as áreas de contenção que incluem a demarcação da fronteira, o status das áreas disputadas em Abyei, Kordofan Sul e Nilo Azul e os direitos sobre o petróleo não foram resolvidos. Segundo a Caritas, os ataques no Sudão contra os cristãos, como o saque da Igreja Presbiteriana Evangélica em Cartum há alguns dias, são profundamente preocupantes. Recorde-se que cerca de 500 mil sudaneses do sul vivem no Sudão.

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