A FEC – Fundação Fé e Cooperação apresentou o perfil do voluntário missionário. Segundo dados revelados por este estudo, nas últimas duas décadas já partiram mais de 4 mil voluntários em missão.

 

O voluntariado missionário caracteriza-se por ser realizado, na maioria, por jovens do sexo feminino, não casadas e com curso superior. A conclusão é apresentada pela Fundação Fé e Cooperação (FEC) num estudo intitulado ‘Voluntariado Missão e Dádiva’, dado a conhecer no passado dia 26 de Abril, em Lisboa. Segundo este estudo realizado em parceria com a Escola Superior de Educação Paula Frassinetti, e com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, 75% dos missionários são do sexo feminino, cerca de 80% solteiros e titulares de um curso superior (70%). Na maioria (43%) são jovens com idades compreendidas entre os 26 e os 35 anos, e as áreas de maior proveniência são Lisboa, Aveiro, Porto e Braga. De entre uma amostra de 137 entrevistas, quase 90% dos inquiridos afirmam professar uma religião e desses praticamente 70% declararam encontrarem-se envolvidos activamente em um ou simultaneamente em vários organismos, instituições ou grupos da religião ou Igreja que professam.

 

Voluntariado missionário é, na maioria, católico

O mesmo estudo debruça-se, ainda, sobre as instituições que proporcionam voluntariado missionário, e a partir de uma amostra de 37 respostas conseguidas verifica-se que a maioria dessas instituições é de origem católica (75%) onde se integram congregações religiosas, Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) IPSS ou instituições diocesanas.

Os países alvo da acção do voluntariado missionário, são preferencialmente os PALOP, destacando-se, entre estes, um maior investimento em Moçambique e Angola com uma actuação predominante na área da educação, alfabetização e formação.

Segundo este estudo que procurou analisar também as motivações dos voluntários, verifica-se que “a vivência da fé cristã parece ser decisiva” para essa motivação, onde 91,9% dos inquiridos considera que esta acção “é importante para si mesmos”. 79.5% referem que “dar e retribuir é tão importante como receber e 51.8% implicaram-se neste voluntariado de forma espontânea -, dirigem-se ao outro, enquanto outro”. Destes inquiridos, 94.2% consideram-se voluntários missionários porque acreditam que, desta forma, estão a dar atenção a necessidades concretas de uma comunidade de pessoas, enquanto 96.4% refere que é importante ajudar os outros. 74.4% sente-se responsável pelo outro, “seja ele quem for”.

 

Cristo é luz orientadora

De acordo com o estudo realizado, o aumento dos voluntários “pode ser justificado não só pelo interesse intrínseco que este tipo de missão desperta, como por serem áreas em que, cada vez mais, as instituições têm vindo a actuar”.

Para o voluntário cristão, a vivência da fé motiva e estimula a sua acção e constitui uma luz orientadora, sendo Jesus Cristo “a expressão máxima e paradigmática da forma como deve ser estabelecida e vivida a relação de dádiva”.

O estudo conclui, ainda, que “fruto da relação de dádiva estabelecida no terreno”, os voluntários “sentem-se pessoas diferentes e mais resilientes após o regresso, aprendendo a enfrentar as dificuldades, a ter mais confiança e a superarem-se a si próprios”.

 

Suscitar a reflexão

Do ponto de vista da sustentabilidade dos projectos em curso no terreno de intervenção dos voluntários, “os resultados dos inquéritos confirmam que é graças à existência das organizações nos locais de intervenção que a acção de voluntariado se prolonga e se efectiva, permanecendo o impacto real da acção do voluntário no período da sua estadia, ainda por apurar em toda a sua extensão”.

Segundo os responsáveis, os resultados apresentados neste documento pretendem ser um contributo de qualidade, cientificamente fundamentado, para a discussão nacional e internacional sobres as diferentes realidades e experiências de voluntariado, em particular o voluntariado internacional de inspiração religiosa – o voluntariado missionário.