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Crise
Esperança para tempos difíceis
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Perante a actual crise financeira e económica, provocada pelo défice orçamental e pela dívida pública dos países da União Europeia, a Igreja tem vindo a alertar para as consequências nefastas que as medidas de austeridade impostas pelo Governo para resolver o problema do défice irão ter sobre as pessoas mais vulneráveis.

 

Os cristãos têm estado na linha da frente na provisão de auxílio material e espiritual aos mais afectados, aos desempregados, aos sem abrigo, aos idosos e doentes abandonados. Em Portugal, as instituições de solidariedade social, grande parte delas ligadas à Igreja, têm sido o único porto seguro para muitas famílias e indivíduos que de um momento para o outro se viram incapazes de satisfazer as suas necessidades básicas. Com o aumento do desemprego, cortes nos salários e aumento do custo de vida prevê-se que muitas mais pessoas irão cair na pobreza. Através do Fundo Solidário, já foram ajudadas milhares de famílias a saldar as suas contas de electricidade, gás e renda de casa. Responsáveis eclesiais e de instituições sociais soaram o alarme para um iminente esgotamento desses apoios.

O orçamento de Estado para 2012 que, foi aprovado na generalidade, é considerado o mais duro e austero desde que há democracia em Portugal. Não negando a necessidade de austeridade e contenção por parte de todos os cidadãos para resolver o buraco financeiro em que caímos, este orçamento atinge duramente os mesmos de sempre e os mais remediados, que constituem a classe média. Os detentores de riquezas e as grandes fortunas saem incólumes.

A Igreja, «perita em humanidade», está interessada numa reflexão sobre as causas que conduziram a tal situação, quer no plano nacional, quer no plano mundial, e procura soluções para uma saída da actual crise. Claro, o contributo cristão não será de ordem técnico ou político mas sim de carácter ético e humano.

 

Reforma do sistema financeiro

Nesta linha, o Conselho Pontifício Justiça e Paz da Santa Sé querendo dar o seu contributo publicou uma nota intitulada “Para uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal”. O texto propõe uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional mediante a criação duma autoridade pública global que regule os mercados financeiros e exerça controlo sobre o movimento de capitais e regulamente as actividades bancárias e financeiras. Esta autoridade mundial deveria abranger todos os povos e estaria destinada a servir o bem comum mundial.

Uma outra medida que o documento sugere é a da taxação das transacções financeiras, um imposto que seria útil para «promover o desenvolvimento global e sustentável segundo princípios de justiça social e da solidariedade, e poderia contribuir para a constituição de uma reserva mundial, para apoiar as economias dos países atingidos pela crise». Esta ideia tem feito caminho nos círculos económicos e na sociedade civil. Muito recentemente, a própria ONU defendeu a criação urgente de um imposto sobre o comércio internacional de divisas que possa financiar o combate às alterações climáticas e à pobreza extrema.

 

Reserva moral

Esperamos que em tempos de crise, a nossa sociedade se torne mais solidária e que a actual conjuntura difícil dê azo a uma maior criatividade e inovação na procura de soluções para os problemas mais prementes. Os cristãos são chamados a ser «luz e sal da terra», uma espécie de reserva moral numa época conturbada e causadora de desânimo. É este apelo que os bispos portugueses lançam na sua última mensagem «Esperança em tempo de crise». Os líderes católicos querem que a igreja seja «um sinal de presença» através do exercício da «solidariedade activa» nas instituições sociais, da defesa da dignidade da pessoa humana, do bem comum, da subsidiariedade e da solidariedade, e na partilha das alegrias e esperanças, das tristezas e angústias dos concidadãos.

texto pelo Pe. António Carlos Ferreira – membro da CJP - CIRP
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