Domingo |
À procura da Palavra
“Começar de novo…”
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DOMINGO I DO ADVENTO Ano B
“Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro;
somos todos obra das vossas mãos.”
Is 64, 7


Advento tem o sabor do novo. Quando tantas coisas parecem falar-nos de fim, de fechar das contas, de tempos difíceis e problemas declarados insolúveis, é urgente acreditar que a esperança não é palavra vã. Não a expectativa imediata, fruto de promessas e ilusões, em que se quer o melhor sem sacrifícios nem trabalho, mas a esperança que é a sombra dos passos de quem se afadiga com as suas mãos a moldar o mundo. Sim, o novo não significa destruir o que está feito, mas aperfeiçoá-lo, começar de novo um passo adiante, maravilhar-se com a imensa capacidade de renovação que Deus colocou em cada pessoa!

Num painel de azulejos, em Maiorca, descreve-se o ofício do oleiro de um modo picaresco: “Oficio noble y bizarro/entre todos el primero/pués en la industria del barro/Dios fué el primero alfarero/y el hombre el primer cacharro”. Às vezes deixamos de acreditar que não somos obras acabadas, que ninguém é perfeito e estamos a caminho, que a grandeza se mede pela capacidade de mudar. Por isso desconfio de muitas generalizações quando se trata de pessoas: os adolescentes não são todos iguais, os políticos não querem todos “um tacho”, os presos não são todos um perigo para a sociedade. “Rotular” as pessoas pode ser uma forma de nos distanciarmos, de resistir à sua possibilidade de renovação. Esquecemos que o barro pode amolecer e ser de novo moldado, e há sempre esperança para quem não morre antes do tempo.

“Começar de novo / e contar contigo /vai valer a pena / ter amanhecido...”, é o refrão de uma canção brasileira da Simone que repito, baixinho, muitas vezes. Quando os esforços parecem não dar fruto, quando o passado teima em prender os passos, e o horizonte está envolto em nevoeiro, é preciso dizer: começar de novo! Quando as mudanças também dependem de nós, quando não nos podemos desculpar com os outros e sabemos que não estamos sós, Alguém nos diz ao ouvido: começar de novo!

É preciso humildade (a condição de sermos terra onde se semeia e barro que se molda) para nos colocarmos nas mãos de Deus, e vencer a tentação de nos julgarmos perfeitos. Ou a de pensarmos que não há nada a fazer! O “tudo ou nada” com que tantos regem a sua vida pode produzir alguns heróis, mas deixa muitos esmagados ao longo do caminho. Espantam-me aqueles que vivem uma “espiritualidade da mudança” feita de avanços e recuos. Acreditam que “nunca” é uma palavra contrária ao sonho de Deus. E que todas as tentativas contribuem para esse sonho. O Advento diz-nos que há sempre mais a fazer, mais a mudar, mais a recriar! Estamos dispostos a este recomeço?

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