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“O Evangelho não é só para mim, é para todos”
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O Papa Francisco recordou que “a mensagem cristã é para todos”. Na semana em que lançou um livro dedicado ao presépio, o Papa celebrou o Dia Mundial dos Pobres, insistiu que a guerra é “sempre, sempre, sempre uma derrota” e reforçou que os abusos sexuais dentro da Igreja não podem ser encobertos nem silenciados.

 

1. O Papa Francisco voltou a insistir que “Jesus deseja que o seu Evangelho seja para todos”, porque “Cristo nasceu, morreu e ressuscitou por todos”. “Ninguém é excluído”, assegurou, na audiência-geral de quarta-feira, 22 de novembro. Na Praça de São Pedro, durante a catequese, Francisco lembrou que “evangelizar é um dever” e recordou a ‘Evangelii Gaudium’, onde escreveu que “todos têm direito de receber o Evangelho” e que “os cristãos têm o dever de o anunciar sem excluir ninguém”. “Quando Deus escolhe alguém é para amar todos”, referiu. “O Evangelho não é só para mim, é para todos. Não o esqueçamos”, terminou.

Cerca de uma dezena de palestinianos empunhou, no final da audiência-geral no Vaticano, cartazes com imagens da Faixa de Gaza e outros com a palavra ‘genocídio’, denunciando, deste modo, a situação que se vive na Palestina. O episódio aconteceu cerca de duas horas depois de Francisco se ter encontrado com duas delegações de familiares de palestinianos e israelitas que estão a sofrer com o conflito no Médio Oriente. O encontro ocorreu antes da audiência publica de quarta-feira, na Casa Santa Marta. No final da audiência-geral, o Papa voltou a insistir no pedido de oração pela paz, lembrando, em particular, o conflito na Ucrânia e também o de Gaza. “Esta manhã, recebi duas delegações, uma de israelitas que têm familiares como reféns, em Gaza, e outra de palestinianos, que têm parentes prisioneiros em Israel. Sofrem muito e ouvi como sofrem as duas partes”, revelou Francisco. “As guerras fazem isto, mas aqui fomos para lá da guerra, isto já não é guerra, isto é terrorismo. Por favor, vamos em frente, pela paz. Rezem pela paz, rezem muito pela paz”, prosseguiu. “Que o Senhor ponha a sua mão, ali, e nos ajude a resolver os problemas e não a prosseguir com paixões que, no fim, matam tudo. Rezemos pelo povo palestino, rezemos pelo povo israelita, para que a paz venha. A minha bênção para todos”, rematou.

 

2. O Papa escreveu um livro dedicado ao presépio, lançado em Itália a 21 de novembro, em que aborda as várias “personagens do Natal” e a representação do nascimento de Jesus, iniciada em 1283, por São Francisco de Assis. “Por duas vezes quis visitar Greccio [Itália]. A primeira vez para conhecer o lugar onde São Francisco de Assis inventou o presépio, algo que também marcou a minha infância: na casa dos meus pais em Buenos Aires, esse sinal do Natal nunca faltava, antes mesmo da árvore”, escreve Francisco, na introdução do livro ‘O meu Presépio’.

Foi nesta cidade ligada a Francisco de Assis que, em 2019, o Papa assinou a carta ‘Sinal Admirável’, sobre o significado e a importância do presépio. “Senti uma emoção especial que emanava da gruta, onde se pode admirar um fresco medieval que retrata a noite de Belém e a noite de Greccio, colocadas pelo artista como se estivessem em paralelo”, relata o Papa, destacando que “o mistério cristão gosta de se esconder no que é infinitamente pequeno”. “A encarnação de Jesus Cristo continua a ser o coração da revelação de Deus”, indica, apontando a pequenez como “o caminho para encontrar Deus”. “Salvaguardar o espírito do presépio torna-se uma imersão saudável na presença de Deus, manifestada nas pequenas coisas quotidianas, às vezes banais e repetitivas. Saber renunciar ao que seduz, mas leva a um caminho mau, a fim de compreender e escolher os caminhos de Deus, é a tarefa que nos espera”, salientou.

O livro ‘O meu Presépio’ é lançado em Portugal pela Lucerna.

 

3. Na Missa que celebrou para assinalar o Dia Mundial dos Pobres, a 19 de novembro, o Papa lamentou “as inúmeras pobrezas materiais, culturais e espirituais do nosso mundo, as existências feridas que povoam as nossas cidades, os pobres tornados invisíveis, cujo grito de dor é sufocado pela indiferença geral duma sociedade atarefada e distraída”. Na Basílica de São Pedro, Francisco também não esqueceu “os que estão oprimidos, cansados, marginalizados, as vítimas das guerras e aqueles que deixam a sua terra arriscando a vida”, bom como “os que estão sem pão, sem trabalho e sem esperança”. “Ponhamos em circulação a caridade, partilhemos o nosso pão, multipliquemos o amor! A pobreza é um escândalo”, considerou.

Neste dia, o Santo Padre manteve a tradição de almoçar e conviver com centenas de pobres, na Sala Paulo VI.

 

4. Com acontece em todos os Domingos, no final da oração do Angelus, na Praça de São Pedro, o Papa condenou a guerra. “Continuemos a rezar pela martirizada Ucrânia e pelas populações da Palestina e de Israel. A paz é possível! É preciso boa vontade. A paz é possível! Não nos resignemos à guerra. E não esqueçamos que a guerra é sempre, sempre, sempre uma derrota. Só ganham os fabricantes de armas”, lembrou.

Francisco renovou ainda a sua proximidade à população do Myanmar “que infelizmente continua a sofrer por causa da violência e de abusos” e disse que reza “para que não se desencorajem e confiem sempre na ajuda do Senhor.”

 

5. Os abusos sexuais são “uma realidade dolorosa”, assinalou o Papa, no passado sábado, 18 de novembro, indicando as três ações a tomar: “proteger, ouvir e curar”. Numa audiência com representantes das dioceses da Conferência de Bispos Italianos, Francisco acrescentou que “nenhum silêncio ou encobrimento pode ser aceite na questão do abuso”. “Esta matéria não é negociável. É importante buscar a verdade e restaurar a justiça entre a comunidade eclesiástica”, frisou.

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