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Celebração da Dedicação da Sé e agradecimento a D. Américo Aguiar
“O seu nome ficará ligado, para sempre, a um dos momentos históricos mais marcantes vividos pelo Patriarcado”
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O Patriarca de Lisboa agradeceu a “dedicação” e “capacidade de irradiar alegria e esperança” de D. Américo Aguiar, antigo Bispo Auxiliar de Lisboa nomeado Bispo de Setúbal, que se despediu da diocese na celebração da Dedicação da Sé Patriarcal. D. Rui Valério destacou ainda a importância do mais recente cardeal português na JMJ.

 

A celebração do aniversário da Dedicação da Sé, a 25 de outubro, foi também de agradecimento a D. Américo Aguiar, que o Patriarca considerou o “rosto eclesial” da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023. “A Catedral também é sinal e fator de unidade e de comunhão. Por isso, aqui reunidos em Cristo, elevamos ao Senhor o nosso louvor pela dádiva do ministério presbiteral e episcopal que o Senhor D. Américo Aguiar viveu e exerceu na Igreja de Lisboa. Agradecemos a sua dedicação e capacidade de irradiar alegria e esperança. Enquanto rosto eclesial da JMJ Lisboa 2023, o seu nome ficará ligado, para sempre, a um dos momentos históricos mais marcantes vividos pelo Patriarcado”, destacou D. Rui Valério, na homilia da Missa.

Bispo Auxiliar de Lisboa desde 1 março de 2019, D. Américo Aguiar, de 49 anos, foi nomeado Bispo de Setúbal, pelo Papa Francisco, no passado dia 21 de setembro. Pouco mais de um mês depois, o Patriarcado de Lisboa agradeceu ao mais recente membro português do Colégio Cardinalício. “Caro D. Américo, continuaremos a caminhar juntos na comunhão e no serviço ao Povo de Deus”, assegurou o atual Patriarca de Lisboa, na presença do antecessor e agora Patriarca Emérito, o cardeal D. Manuel Clemente, do Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Joaquim Mendes, e de muito clero que quis, desta forma, despedir-se de D. Américo Aguiar.

 

“Criados para a relação com Deus”

Na Missa no aniversário da Dedicação da Sé, o Patriarca de Lisboa tinha começado por sublinhar que a “marca preferencial” do Templo é “de índole relacional”. “Com Deus, acima de tudo, mas também, partindo dessa fundamental união, com os outros – para a formação de um só povo –, e com o mundo – para o reconhecimento de todos sermos obra do mesmo Criador”, explicou, acrescentando que “foi este sentido que inspirou a construção de um lugar, de um espaço que, tal como o povo que nele se reunia, também este é especial, distinto de todos os outros lugares, reservado para aqueles momentos e aquelas expressões de maior ligação com o Senhor”. “Podemos mesmo dizer, de maior intimidade com Ele, como o culto, a liturgia, a oração, os sacrifícios, os ritos… Também esta Catedral, nossa Igreja-mãe, evidencia o aspeto essencial da nossa identidade: somos seres criados para a relação com Deus e para a comunhão com todos os seres humanos e com o mundo natural”, salientou D. Rui Valério, que terminou a sua homilia convidando ao encontro com Cristo, na Sé: “Tal como um filho não hesita em ir ao encontro da sua mãe para lhe apresentar as aflições do seu coração, também nós nos sentimos impelidos a entrar na Igreja-Mãe em busca de conforto para os nossos sofrimentos, à procura de respostas para os nossos dilemas, em demanda de luz para as noites da vida. A pormo-nos no caminho da Comunhão para celebrar a gratuidade da vida e da salvação, para louvar e agradecer o infindável dom da graça, para estar com Cristo e, n’Ele e por Ele, oferecer a nossa vida e o nosso amor. Será esta porventura a forma mais profética de hoje olhar para a nossa Catedral”.

 

Gratidão

Antes da celebração na Sé, D. Américo Aguiar começou por assinalar que as pessoas são o “mais importante” e destacou os “sentimentos de gratidão” que tem por Lisboa, desde setembro de 2015, quando chegou a esta diocese para a Rádio Renascença, e, depois, em março de 2019, como o Bispo Auxiliar. “Eu é que estou agradecido, eu é que estou grato, a todos os homens e mulheres, a todas as pessoas de boa vontade, com quem me cruzei durante estes anos. É sempre isso que levamos no coração, no nosso coração de gratidão, é a homenagem, é a bênção, podia fazer aqui um elenco tão grande de pessoas e instituições que em todos estes anos, com quem trabalhámos e de modo especial na preparação e na vivência da Jornada Mundial da Juventude, que não me canso de dizer obrigado a ‘todos, todos, todos’, como diz o Papa Francisco”, resumiu, em declarações à Agência Ecclesia.

O cardeal D. Américo Aguiar salientou, neste contexto, que “é uma gratidão transversal” a todas as profissões, ao Estado, aos privados, à sociedade civil, aos voluntários, às famílias de acolhimentos e “aos magníficos jovens” que em todo o país, em Lisboa, Setúbal e Santarém “foram os acolhedores principais da Jornada Mundial da Juventude”.

O Papa Francisco nomeou D. Américo Aguiar como novo Bispo de Setúbal a 21 de setembro, colocando fim ao período vacante em que a diocese se encontrava desde início de 2022. “Agora rumo à margem sul feliz e contente, contando com a gratidão, contando com a amizade porque a Igreja está em todas as latitudes e longitudes, e nós continuamos todos a ser pedras vivas, desta Igreja”, considerou o então bispo eleito, na véspera da tomada de posse, marcada para o dia seguinte, 26 de outubro. Uma data que evoca o dia de ordenação episcopal do primeiro bispo da diocese sadina, D. Manuel Martins, em 1975, que tal como D. Américo era natural de Leça do Balio. “Estou ansioso que chegue o dia que há 48 anos foi vivido pelo meu conterrâneo, D. Manuel Martins, e é esta herança, esta memória, esta gratidão, esta homenagem e esta continuidade: D. Manuel Martins, D. Gilberto, D. José Ornelas e agora eu, e, depois, nos próximos 100 anos, tantos outros. Não estou nada nervoso, não sei quem é que disse isto, mas gosto desta expressão: ‘Estou com saudades do futuro’”, salientou D. Américo Aguiar, a menos de 24 horas da tomada de posse da Diocese de Setúbal.

 

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Na celebração da Dedicação da Sé, o Patriarca de Lisboa não esqueceu os que não têm casa. “Também hoje, assim como em tantos outros momentos da história, a referência à habitação é um dos mais dramáticos problemas enfrentados pela cidade e pela sociedade em geral, particularmente pelos mais pobres e pelos jovens”, observou D. Rui Valério.

 

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No final da celebração da Dedicação da Sé, o Patriarcado de Lisboa ofereceu a D. Américo Aguiar uma imagem de Nossa Senhora da Graça, do século XVIII. O antigo Bispo Auxiliar de Lisboa, que foi eleito Bispo de Setúbal, recebeu, assim, uma imagem da padroeira da sua nova diocese. “Muito obrigado a todos, todos, todos. E desculpem qualquer coisinha…”, referiu D. Américo Aguiar, ao receber o presente das mãos do Deão do Cabido e Vigário Geral da diocese, cónego Francisco Tito.

 

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“Vamos juntos para salvar um que seja”

Na Missa de entrada solene, o novo Bispo de Setúbal garantiu que chega à diocese “sem programa, nem decisões”. “Trago o coração totalmente disponível para irmos até ao fim do mundo, se for preciso. Vamos juntos para salvar um que seja. Se chegar ao fim da minha presença em Setúbal, daqui a 30 anos, e tiver salvo uma pessoa, está resolvido”, considerou D. Américo Aguiar. Na Sé de Setúbal, na tarde de dia 29 de outubro, o cardeal lembrou ainda a guerra na Ucrânia e na Terra Santa – mostrando um conjunto de balas vindas da Ucrânia, que lhe ofereceram na sua visita ao país – e pediu a paz no mundo. “Continuamos a matar pessoas na Ucrânia, a matar pessoas na terra de Jesus. Não estamos contra ninguém, nem contra palestinianos, nem contra israelitas. Queremos a paz”, sublinhou, dizendo ainda que “quem sofre” com os conflitos armados “são sempre os mesmos: as crianças, as famílias os idosos e os pobres”.

 

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“Descobrir os sonhos de Deus para este amado povo de Setúbal”

Na tomada de posse, na Sé de Setúbal, a 26 de outubro, D. Américo Aguiar citou o antigo Bispo do Porto falecido em 2017. “D. António Francisco dos Santos, quando chegou ao Porto, dizia que, com todos, desejava saber os sonhos de Deus para o Porto. Pois eu replico exatamente isto: com todos, com cada um de vocês quero descobrir quais são os sonhos de Deus para este amado povo de Setúbal. Ninguém se sinta dispensado. Nem um cardeal, tem a possibilidade de impedir, de barrar que qualquer um de vocês abrace Cristo vivo. E por isso ninguém se sinta dispensado, ninguém tenha vergonha de acolher no seu coração o anúncio de Cristo vivo. É isso que eu vos trago e é isso que espero encontrar no coração de todos e de todas. Estamos juntos neste caminho, dando continuidade ao que foi feito pelo senhor D. Manuel Martins, pelo senhor D. Gilberto, pelo senhor D. José Ornelas e dando continuidade a esta bonita história que vamos escrevendo uns com os outros no coração de cada um e no coração de Deus”, anunciou.

O novo Bispo de Setúbal agradeceu ainda ao antigo Administrador Diocesano, padre José Lobato, e a “todos aqueles que, nas mais diversas tarefas, garantiram que a diocese acontecesse”. “Podia ter sido diferente? Podia. Mas foi como foi. E foi como foi graças ao empenho, à dedicação e entrega destes sacerdotes. E permitam-me que vos diga: os nossos sacerdotes são heróis nacionais, são benfeitores da humanidade. A maioria dos nossos sacerdotes merece a nossa gratidão, a nossa oração e a nossa bênção. Muito obrigado, a cada um de vocês”, frisou D. Américo Aguiar.

 

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Dedicação da Sé e agradecimento a D. Américo Aguiar

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