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“A guerra é sempre uma derrota. Irmãos, parem, parem!”
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O Papa Francisco lançou um novo apelo sobre a situação no Médio Oriente. Na semana em que disse, em entrevista, não querer “guetos” de refugiados na Europa, o Papa esteve ao telefone com o presidente norte-americano para falar dos conflitos mundiais, pediu para acabar a guerra e para “nunca fecharmos os olhos às tragédias humanas”.

 

1. O Papa Francisco voltou a pedir a libertação dos reféns e a entrada da ajuda humanitária nos territórios da Palestina. Neste apelo, o Santo Padre, também não esqueceu outros focos e dramas de guerra. “Penso sempre na grave situação na Palestina e em Israel. Encorajo a libertação dos reféns e a entrada da ajuda humanitária em Gaza”, afirmou, no final da audiência-geral de quarta-feira, 25 de outubro. “Continuo a rezar pelos que sofrem, a esperar percursos de paz no Médio Oriente, na martirizada Ucrânia e nas outras regiões feridas pela guerra”, acrescentou.

O Papa recordou a iniciativa de oração, jejum e penitência que ele próprio convocou para a sexta-feira seguinte, dia 27 de outubro, e confirmou que, às 18h00 desse dia, presidirá na Praça de São Pedro a um momento de oração para implorar a paz no mundo.

No encontro público semanal, durante a catequese dedicada aos santos Cirilo e Metódio, evangelizadores dos eslavos, Francisco deixou um pedido especial aos fiéis de língua portuguesa: “Neste tempo, não deixemos que as nuvens dos conflitos escondam o sol da esperança. Entreguemos, antes, a Nossa Senhora a urgência da paz, para que todas as culturas se abram ao sopro de harmonia do Espírito Santo”.

 

2. “É preciso ultrapassar preconceitos por parte de quem os acolhe e os próprios refugiados devem esforçar-se e abrir-se a um novo contexto cultural”, considera o Papa Francisco. O drama da integração dos refugiados na Europa mereceu, uma vez mais, uma reflexão do Papa, numa entrevista aos jornalistas Francesca Ambrogetti e Sergio Rubin, cujo conteúdo integral foi publicado na terça-feira em Itália, no livro ‘Não estás só. Desafios, respostas e esperanças’.

Numa antecipação desta entrevista, o diário italiano La Stampa revela a preocupação do Papa quanto à integração dos refugiados. “Tudo depende de como é feita e como a convivência é fomentada. O problema na Europa é que se estão a formar guetos de imigrantes em algumas cidades”, considera o Papa. Entre as preocupações de Francisco está o facto de os jovens que vivem em guetos frequentarem “um terreno fértil para sofrerem uma lavagem ao cérebro”. O Papa interroga-se sobre “que futuro pode ter um jovem quando, ao procurar emprego, vê todas as portas fechadas na cara, pelo simples facto de ter origens diferentes”.

O Santo Padre sabe que o desafio é complexo, por isso, admite que “é preciso ir além dos preconceitos e os próprios refugiados devem-se abrir a um novo contexto cultural sem perderem as suas tradições, que são um enriquecimento”. Mas, apesar da complexidade acrescenta: “Compreendo certas cautelas por parte dos cidadãos e também a prudência das autoridades dos países de acolhimento que, em alguns casos, são plausíveis. [Mas] dito isto, parece-me uma atitude irracional passar de um certo medo ao terror e fechar as fronteiras. Por que não sentamos e analisamos como podemos agir em prol da integração? E por que não estabelecemos também quantos podemos integrar?”. No atual contexto, Francisco reconhece que “a ideologização do elemento religioso é um problema e representa uma perversão da religiosidade porque o Islão é uma religião de paz e a maioria dos seus membros são pacíficos”.

O Papa lamenta que, sempre que alguém se refere ao Islão, muitos dizem “ou é um terrorista ou é um muçulmano”, e aproveita para elogiar a sã coexistência entre cristãos e muçulmanos “em alguns países africanos”.

 

3. O Vaticano informou que houve um telefonema de 20 minutos entre o Papa Francisco e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A conversa, no Domingo, 22 de outubro, centrou-se nas “situações dos conflitos no mundo e sobre a necessidade de identificar percursos de paz”. A breve mensagem do Vaticano não refere quem tomou a iniciativa de telefonar.

 

4. O Papa Francisco manifestou a sua dor e preocupação pelo que se passa em Gaza e voltou a repetir um veemente apelo para se pôr fim à guerra. “Estou muito preocupado e triste. Rezo e estou próximo de todos aqueles que sofrem, dos reféns, dos feridos, das vítimas, das suas famílias”, disse, no final da oração do Angelus, no Praça de São Pedro, no passado Domingo, 22 de outubro. “Penso na grave situação humanitária em Gaza. E dói-me que o hospital anglicano e a paróquia ortodoxa grega também tenham sido atingidos nos últimos dias”.

Francisco renovou o seu apelo para que se abram espaços, para que a ajuda humanitária continue a chegar e que os reféns sejam libertados, acrescentando que toda a guerra que há no mundo, incluindo o que se passa na Ucrânia, é uma derrota. “A guerra é sempre uma derrota. É uma destruição da fraternidade humana. Irmãos, parem, parem!”, suplicou.

 

5. O Papa deslocou-se à Praça de São Pedro, na tarde de dia 19 de outubro, para rezar pelos migrantes e refugiados. Acompanhado pelos participantes do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano, Francisco presidiu um momento de oração em que todos foram convidados a rezar “pelos que perderam a vida ao longo das diversas rotas migratórias, pelas suas famílias, por aqueles que sobreviveram, e por todos os refugiados e migrantes que ainda estão a caminho”, na esperança de que “o seu sacrifício e a sua dor sirvam de alerta para nunca fecharmos os olhos e o coração às tragédias humanas”. Na ocasião, o Santo Padre não esqueceu a necessidade que o mundo tem de paz. “Onde houver conflitos, que as armas sejam silenciadas para deixar espaço ao diálogo e à reconciliação”, rezou.

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