Lisboa |
Patriarca de Lisboa encontra-se com jovens universitários
“A Jornadas foram a Igreja, foram um Alguém”
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Menos de três meses após a Jornada Mundial da Juventude, o Patriarca de Lisboa esteve reunido com jovens universitários e escutou o que a JMJ significou para cada um deles. Num encontro durante a Missa das Universidades, D. Rui Valério considerou que “as Jornadas deixaram de ser coisas vividas, acontecimentos”. “As Jornadas, para nós, foram Cristo”, garantiu.

 

No primeiro encontro com jovens universitários, após a Jornada Mundial da Juventude, o Patriarca de Lisboa falou de “um tesouro”. “Todos nós que nos encontramos aqui possuímos e temos um tesouro dentro de nós próprios. É o tesouro que nos foi dado pelo Espírito Santo, em forma de intuição, em forma de sonho, em forma de perspetiva, talvez em forma de desejo, de mensagem, quem sabe sob forma de alguma revolta, de algum conformismo, não sei… Não sei qual é a forma que o tesouro que está em ti tem, mas sei que te foi comunicado, foi aí depositado pela luz e pela força do Espírito Santo”, começou por salientar D. Rui Valério.

Na noite de dia 19 de outubro, no salão da Igreja de São João de Deus, na capital portuguesa, após a celebração da Missa e do jantar partilhado, o Patriarca convidou os jovens ao testemunho. “Vivemos um tempo único, certamente único, que foi a Jornada Mundial da Juventude. Foi um autêntico Pentecostes. Aliás, se nós, por simples exercício espiritual – não académico, mas espiritual –, ficássemos na narração que hoje era feita pelos Atos dos Apóstolos e a aplicássemos a Lisboa dos dias 1 a 6 agosto, aquilo bate tudo certo: todos reunidos, oriundos de todos os lugares e o Espírito Santo foi sob a forma de sopro e de fogo – e era agosto, ainda por cima! – e foi derramado sobre cada um de vós. E aqui estamos, agora, para revelar esse tesouro”, recordou.

D. Rui Valério disse mesmo acreditar que “não há, neste momento, praticamente ninguém em Lisboa que não tenha capacidade para partilhar o que foi a Jornada em termos de experiência, não em termos somente de evento, mas em termos de experiência interior”. “Os jovens foram agraciados com uma coisa ainda mais especial. Há pessoas que falam do que foi, do que aconteceu, mas os jovens possuem uma outra coisa, que é o tesouro precioso. Acreditem-me: a chave, a resposta, a indicação, está em vós. Vocês não podem ficar com isso sozinhos. É um património de todos nós”, considerou o Patriarca, convidando estão os jovens universitários a darem testemunho do que viveram na JMJ Lisboa 2023.

 

‘O que foi a JMJ para ti?’

Foram mais de vinte jovens e menos jovens que, espontaneamente, testemunharam ao Patriarca de Lisboa, em dois, três minutos, o que foi a Jornada Mundial da Juventude para cada um deles. Leonor foi a primeira a levantar-se e disse ter percebido que “Cristo é o centro unificador” de toda a sua vida. “Impressionou-me a adoração do Santíssimo. Veio mesmo uma pergunta que trago até hoje: ‘Que mistério é este que faz com que um milhão e meio de pessoas se cale perante um pedaço de Pão’”, contou. Já Catarina confidenciou que os dias de JMJ mudaram a sua “consciência de Cristo”. “Tentei encontrar Cristo nas coisas pequenas que me eram propostas. Não estive nas Jornadas para ver o Papa, mas para ser mais de Cristo”, apontou. Outro jovem destacou também “o momento de adoração no Parque Tejo”. “Cada um arriscou dizer ‘sim’ a Cristo”, considerou, enquanto um outro ‘jovem’, de 55 anos, partilhou o sonho de que “todas as criaturas se deixem alcançar pela misericórdia do Pai”.

Zé Maria trabalhou no COL (Comité Organizador Local), onde “reinava a santidade, mas também a eficiência”. “A Igreja em Portugal tem boas mãos que vale a pena usar”, salientou. Um outro jovem, que integrou o COP (Comité Organizador Paroquial), disse que, nos dias de JMJ, viu a Igreja como “um espaço onde cabem todos e onde todos trabalham em conjunto”. “E isso passa muito pela intergeracionalidade”, aferiu. Uma religiosa lembrou palavras do Patriarca de Lisboa, na homilia da Missa de entrada solene, de que “a JMJ foi essencialmente o desconfinamento espiritual da humanidade”. “Em Lisboa, pudemos dizer que a espiritualidade não é reserva de casa, é do âmbito público. Somos seres espirituais”, assegurou.

Os testemunhos iam-se sucedendo, de forma natural, com um jovem universitário a sublinhar como “o futuro da juventude de Lisboa há de passar por encontrar um horizonte comum, por fazer caminho em conjunto”. “Temos de tornar belo o rosto da Igreja para fora”, manifestou, sendo seguido por um jovem que referiu que na Igreja “não há barreiras linguísticas”, há “uma língua comum”. “A língua da Igreja é a do silêncio, como se viu no Parque Tejo”, lembrou. João, estudante universitário de fora de Lisboa, foi outro dos jovens que se levantou e testemunhou como durante a JMJ percebeu que só ganha a sua “vida” quando a dá “aos outros”. “Em cada residência de universitários, em cada núcleo de estudantes, temos de fazer coisas pelos outros e não sempre para os da mesma bolha, pelos nossos amigos, pelos da Igreja”, aconselhou.

Um seminarista sublinhou que “o desafio da JMJ é tornar semente, para se tornar raiz”, enquanto Alexandre, que esteve no COP de Arruda dos Vinhos, manifestou como a Jornada “foi uma porta para termos novos jovens, mas também casais e adultos na paróquia”. Estar “ao serviço” foi um termo bastante utilizado nos testemunhos. “Cada um de nós, ao estar ao serviço, permitiu que muitos se encontrassem com Cristo”, apontaram alguns. Para outro jovem seminarista, “Cristo continue a interessar ao coração do homem”. “A Igreja só tem isto para dar, e isto é tudo. Cristo está vivo e a Igreja não se pode cansar de dizer isso”, salientou, sendo secundado por uma jovem que participou nas terceiras Jornadas: “A JMJ é uma oportunidade muito bonita de encontro verdadeiro com Jesus. Os meus pais não são católicos, mas a minha mãe foi à Vigília no Campo da Graça e agora começa a fazer perguntas”.

Após um jovem pedir ao Patriarca “mensagens de esperança” que “ajudem a testemunhar Cristo nas realidades quotidianas”, a noite de testemunhos terminou com uma religiosa Franciscana Hospitaleira a destacar que a JMJ “é a maior invenção do século XX e devia ficar escrito no Guiness”.

 

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Passar de “Igreja de animação para Igreja missionária”

Após cerca de uma hora a escutar “a maravilhosa partilha” dos jovens e menos jovens, o Patriarca de Lisboa considerou que a diocese “está agora” a “entrar numa fase sucessiva de continuidade e de esperança”. “Com os vossos testemunhos, de repente, as Jornadas deixaram de ser coisas vividas, acontecimentos, e passaram a ser pessoas. Isso significa que há aqui um dinamismo de vida. O Verbo faz-se carne, um rosto humano”, assinalou D. Rui Valério, reforçando que “a memória viva é aquela memória que é feita de pessoas”. “Vou insistir muito nisto: para nós, as Jornadas já não são só acontecimentos. Já não nos contentamos em dizer ‘foi muito bom, foi muito bom’, mas a Jornadas, para nós, foram Cristo! É Cristo. As Jornadas, para nós, foram comunhão, foram a Igreja, foram um Alguém”, apontou.

Num salão cheio de jovens universitários católicos, o Patriarca lembrou que a humanidade, “uma distante, outra próxima, uma que se deixou interpelar, outra que nem tanto” é “mais um dom que Deus nos está a proporcionar”. “Amanhã, quando falares do que foi a JMJ, já não irás falar de uma experiência vaga mas daquela Pessoa: Cristo que veio ao meu encontro, que esteve comigo, que me tocou, que me falou no silêncio, que ouviu o meu silêncio e que me falou no sorriso de um homem vestido de branco, que não teve medo de se pôr a caminho, não teve aquele receio, aquela vergonha, aquele acanhamento de se passear perante nós numa cadeira de rodas – aquilo até era um contraste espetacular: de um lado, a juventude, que é força, que é vida, que é pujança; e do outro lado, um idoso, em cadeira de rodas, que em tudo dependia. E foi assim que Cristo veio ao meu encontro. E esteve ali. Um Cristo que, tal como o Papa Francisco dizia a cada instante, necessita de ti”, apontou. “O nosso futuro, o amanhã, é com essa Pessoa: Jesus Cristo”, acrescentou.

Para responder a este Cristo que “enche e preenche” e “convida ao compromisso, ao envolvimento”, D. Rui Valério desafiou a uma ação de evangelização. “Mesmo quem esteve distante, ausente de tudo aquilo que se passou em Lisboa, traz em si uma palavra a dizer sobre o que foi a Jornada. Do que estamos à espera para ir ao encontro desses irmãos e dessas irmãs para os ouvir também a eles? Aquilo que aconteceu esta noite connosco, vamos multiplicar isso, vamos conquistar almas para Jesus Cristo, para o bem, para a verdade, para o belo, para o bom e para o uno. Imaginem organizarmos aqui, em Lisboa, umas cinco ou seis equipas, com quatro ou cinco de nós, e ir bater aos prédios, sem vergonha, e convidar as pessoas a virem dizer o que acharam, o que viveram. Acreditem-me: será uma ocasião para aproximar pessoas de Jesus Cristo. E quem sabe se não há aqui um modo para verdadeiramente deixarmos de ser uma Igreja de animação para passarmos a ser uma Igreja missionária”, desafiou o Patriarca de Lisboa.

 

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“Que seja um grande ano académico, de desafios e conquistas!”

A tradicional Missa das Universidades, que assinala o início do ano académico, foi este ano presidida pelo novo Patriarca de Lisboa. No final da Eucaristia, D. Rui Valério entregou, a cada representante de curso das diferentes faculdades, um símbolo com as cores da sua escola. A celebração, na Igreja de São João de Deus, foi promovida pelo CeUC - Pastoral Universitária de Lisboa e, além da Missa, houve a habitual ‘feira’ das realidades ligadas à Pastoral do Ensino Superior, um snack com tempo de partilha e uma conversa dos universitários com o Patriarca de Lisboa. “Que seja um grande ano académico, de desafios e conquistas! Deus está sempre connosco!”, garantiu o CeUC, na sua página no Facebook (www.facebook.com/ceuc.pu.lisboa).

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