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Crisma na Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa
“Cristo precisa de vocês agora!”
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A Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa, no coração da cidade, é uma das três com este orago que há no mundo e tem o estatuto de embaixada. O Cardeal-Patriarca de Lisboa crismou 18 membros desta comunidade francófona (16 jovens e dois adultos), deixando um convite ao “serviço” na Igreja.

 

Uma “grande alegria”. É desta forma que o reitor da Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa explica como a ‘sua’ comunidade francófona viveu a visita do Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, no passado dia 16 de abril, Domingo da Divina Misericórdia. “Receber, na nossa paróquia, o Cardeal-Patriarca de Lisboa no âmbito do Crisma de 18 membros da nossa comunidade foi vivido com grande alegria. Somos uma comunidade bastante modesta em número, composta maioritariamente por estrangeiros de várias nacionalidades que têm a língua francesa em comum, razão pela qual muitos se sentiram tocados pela presença do Patriarca. Creio que todos os membros puderam sentir a sua profunda preocupação pastoral pela nossa comunidade de expatriados”, considera, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o padre Hubert de Balorre.

O sacerdote francês, de 54 anos, sublinha que, embora alguns membros “já morem em Portugal há muito tempo”, a “maioria só fica em Lisboa durante alguns anos”, ou “só chegou recentemente”. “Deste modo, esta foi a primeira vez que a maioria deles conheceu o senhor D. Manuel Clemente. Os crismandos e suas famílias ficaram, sobretudo, impressionados com a sua grande bondade, as suas palavras encorajadoras e a sua capacidade de pôr todos à vontade”, resume o reitor.

 

Pequena França em Lisboa

Incardinado na Diocese de Bayeux e Lisieux, o padre Hubert chegou ao nosso país ao abrigo da Convenção entre a Conference des Évêques de France (Mission et Migrations - Communautés catholiques francophones dans de monde) e o Patriarcado de Lisboa. “Cheguei a Lisboa em maio do ano passado, vindo de uma diocese muito marcada pela figura de Santa Teresinha do Menino Jesus, uma vez que foi nesta diocese que Santa Teresa viveu: a diocese de Bayeux e Lisieux na Normandia”, salienta.

Ao chegar a Lisboa, há quase um ano, a “prioridade pastoral” foi estar ao serviço da comunidade, sem deixar de olhar para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023. “A prioridade pastoral era assegurar a continuidade das atividades da comunidade, que tinham sido postas à prova pela ausência por razões de saúde do seu anterior pároco durante quase um ano, e sobretudo convidá-la a avançar, projetando-se particularmente para as Jornadas Mundiais da Juventude: a Igreja de São Luís dos Franceses é como uma pequena França aqui em Lisboa, é um ponto de referência para todos os francófonos que participarão nestas Jornadas”, lembra o padre Hubert.

 

Comunidade dinâmica

Bruno Duthoit será, porventura, um dos membros mais antigos desta comunidade francófona de São Luís dos Franceses em Lisboa. “Esta é uma comunidade que está sempre em movimento e sempre em mudanças. Porque há muitos franceses que vêm cá por dois, três, quatro anos – se calhar, por 10 anos –, mas que depois saem de Portugal para continuar a carreira profissional. Se esta paróquia é dinâmica, é porque as pessoas mudam muito. Obviamente que há pessoas que estão cá há 30, 40 ou 50 anos, mas há uma renovação muito regular das pessoas. Isto obriga toda a gente a ser inventiva, a ter ideias. O que se fazia há dois anos, este ano já não se faz, e não é porque estava mal, mas sim porque outros chegaram com outras ideias. Está sempre tudo em movimento. É uma comunidade muito dinâmica e super ativa”, explica este francês, de 52 anos, ao Jornal VOZ VERDADE.

Natural de Valenciennes, perto de Lille, no norte de França, Bruno Duthoit chegou ao nosso país em 1994 e lembra que a comunidade junta não só católicos de França, mas também de países africanos francófonos. “Temos uma comunidade africana que vem do tempo do padre Jean Duranton, o nosso primeiro reitor. Eles estavam à procura de um sítio onde pudessem viver a fé em francês e o padre Jean disse-lhes: ‘Vocês são cá bem-vindos!’. Hoje em dia, acolhemos todos os que são francófonos e ‘francofilhos’. Ou seja, temos na paróquia alguns portugueses que não têm especial ligação a França, mas que gostam do francês, gostam obviamente da comunidade e vivem a fé connosco”, assinala este engenheiro civil, que veio para Portugal por 16 meses e está cá… há 29 anos!

A comunidade de São Luís dos Franceses promove diversas iniciativas de ajuda aos mais necessitados. “No Natal e na Páscoa, realizamos em conjunto com a paróquia vizinha de São Domingos”, explica Bruno. Os responsáveis da catequese propõem às crianças e jovens “diversas ações socais”, em que “toda a comunidade é convidada a participar”. “Quando houve a explosão em Beirute, no Líbano, e como França tem história com este país, decidimos ajudar uma paróquia de Beirute. Este ano, voltámos a ajudar a mesma paróquia que ainda está com grandes necessidades”, destaca este leigo.

 

“Hoje, inicia-se tudo”

Durante a semana, de segunda a sexta-feira, a Missa em francês na Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa é celebrada às 18h30. Aos Domingos, é às 11h15, e também às 10h00. “A catequese começa com a Missa. É uma celebração mais juvenil e, pelas 11h00, começa então a catequese propiamente dita”, refere Bruno, salientando que são “cerca de 150” as crianças e jovens na catequese. “Há muitas famílias jovens que estão cá e que também têm crianças”, justifica.

O grupo que foi crismado pelo Cardeal-Patriarca tinha 18 elementos: 16 jovens e dois adultos. “Eles têm um grupo, que se reúne regularmente com o padre Hubert e com casais. São encontros que permite continuar a falar da fé, da vivência com Jesus, com perguntas muito abrangentes”, explica. Sobre a celebração com o Cardeal-Patriarca de Lisboa, Bruno Duthoit destaca as palavras de D. Manuel Clemente na homilia: “Deus conta com cada um deles. Agora, vocês são crismados, não é para ficarem sentados. Cristo precisa de vocês agora! A Igreja precisa de vocês. Não é por serem crismados que acabou tudo. Como com qualquer sacramento, hoje inicia-se tudo”.

 

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Comunidade de São Luís dos Franceses em Lisboa

www.saint-louis-des-francais.org 

 

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“Caloroso acolhimento”

O que mais tem gostado da experiência pastoral em Lisboa?

Tenho a sorte de ser responsável por apenas uma igreja e uma comunidade, o que é atualmente bastante raro para um padre francês. Isto torna-me muito disponível e permite-me dedicar-me inteiramente à evangelização: resumidamente, dar Jesus, torná-lo conhecido e amado, e colocar-me à disposição do maior número de pessoas possível, visitando as famílias e pessoas que o solicitem. É igualmente uma grande alegria poder interagir com os sacerdotes de Lisboa que são indulgentes com o meu baixo nível de português e têm a gentileza de me falar em francês: podemos assim partilhar sobre os nossos respetivos ministérios e estes momentos de amizade sacerdotal são para mim muito preciosos. Estou muito grato pelo caloroso acolhimento que todos me têm dado.

Padre Hubert de Balorre, reitor da Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa

 

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Os três desafios da JMJ para a comunidade de São Luís dos Franceses

A comunidade da Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa está também a preparar-se para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que a capital portuguesa vai receber de 1 a 6 de agosto. Segundo o reitor, a preparação para a JMJ Lisboa 2023 “baseia-se em três pontos principais”. “Queremos, antes de mais, convidar os jovens da comunidade a participar plenamente e, para tal, formar um grupo específico à nossa comunidade. Em segundo lugar, convidar as famílias que possam a disponibilizar alojamentos para a equipa organizadora da JMJ em França quando chegarem a Lisboa este verão. Finalmente, contamos facilitar ao máximo o acolhimento dos diversos grupos que passarão pela nossa igreja durante a semana da JMJ, mobilizando os paroquianos para estarem tão disponíveis quanto possível”, explica o padre Hubert de Balorre.

Ao entrarmos na Igreja de São Luiz dos Franceses em Lisboa, dois cartazes, colocados no adro, um à esquerda e outro à direita, lembram a todos, na língua francesa, que o Papa está a chegar para a JMJ: ‘Pas besoin de traverser les mers pour voir du nouveau monde’ (‘Não há necessidade de cruzar os mares para ver um novo mundo’) e ‘Pas le même maillot, toujours la même passion’ (‘Não é a mesma camisola, sempre a mesma paixão’).

 

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Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa

A história da Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa, situada junto ao Coliseu dos Recreios, remonta à Idade Média, quando o Rei Luís XV de França (1710-1774) soube do terramoto de Lisboa de 1755 e enviou um ministro para reconstruir o templo. Hoje, esta igreja no coração da cidade é uma das três igrejas de São Luís dos Franceses no mundo: uma em Roma, outra em Madrid e esta em Lisboa, que tem o estatuto de embaixada.

 

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O saudoso ‘frère Jean’

O padre Jean Duranton foi o primeiro reitor da Igreja de São Luís dos Franceses em Lisboa. Foi em 1994 que o sacerdote da Diocese de Meaux chegou a esta comunidade francófona no Patriarcado. ‘Frère Jean’ (‘Irmão Jean’), como era carinhosamente tratado por todos, faleceu em dezembro de 2010, vítima de um AVC. “O padre Jean Duranton marcou profundamente a comunidade. Homem de grande cultura e uma enorme abertura de espírito, o ‘frère Jean’, como o nomeávamos, contribuiu para o crescimento de todos na fé e na Igreja. A sua ausência repentina abalou fortemente a comunidade”, recordava um texto do Bureau du Conseil Pastoral da Comunidade de São Luiz dos Franceses, publicado no Jornal VOZ DA VERDADE de julho de 2014 (VV_4132).

Nascido em 17 de outubro de 1927 e ordenado sacerdote em 1952, o padre Jean Duranton concedeu, em junho de 2009, uma entrevista ao semanário do Patriarcado (VV_3897) onde lembrou que veio para Lisboa “um pouco por engano”. “No contexto de trabalhos com o Conselho da Europa e com a Unesco, conheci a rede mundial de comunidades francófonas católicas no mundo e ofereceram-me a possibilidade de ser padre em Viena, Moscovo, Roma ou Lisboa. Escolhi Lisboa e não estou arrependido. A comunidade reúne umas centenas de pessoas, há atividades variadas, mas a mais importante parece-me ser a aproximação à Bíblia”, respondia, então, o sacerdote francês.

 

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Casado com uma portuguesa, Teresa Margarida, que conheceu nas Equipas de Jovens de Nossa Senhora, Bruno Duthoit é pai de dois rapazes, “já formados”, de 25 e 24 anos – um em França e outro em Portugal – e uma rapariga “que vai fazer 20 anos e está a estudar Medicina em França”.

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Crisma na Igreja de São Luís dos Franceses (Lisboa)
texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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