Lisboa |
COR - Curso de Orientação Religiosa
“Estar frente a frente com Jesus”
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O COR - Curso de Orientação Religiosa chegou a Portugal há cerca de 23 anos e, desde então, tem “transformado a vida” de muita gente que, com esta experiência, “descobre Cristo”. É um “encontro pleno com Jesus”, diz uma jovem, enquanto um pároco do Patriarcado garante que o COR é “um excelente instrumento de evangelização”.

 

“O COR - Curso de Orientação Religiosa é um encontro onde conseguimos descobrir Jesus, efetivamente. É uma tradução de Jesus: Jesus é amor, Jesus é alegria, Jesus é paz, e o COR é um encontro onde nós podemos viver tudo isso. E como vivemos tudo isso, transforma a nossa vida, faz com que consigamos estar frente a frente com Jesus: consigo tocar Jesus, consigo ouvir Jesus, consigo ver Jesus. O COR transforma a nossa vida”. As palavras, ao Jornal VOZ DA VERDADE, são de Ana Isabel Martins de Jesus da Cruz, de 47 anos, e que desde há 23 é a responsável pelo COR na paróquia de Odivelas, a primeira do Patriarcado de Lisboa a receber esta experiência, no ano 2000, impulsionada pelo padre brasileiro João Sopicki, então pároco.

Ana Isabel assume-se como “fruto do primeiro COR em Odivelas”, após o qual o pároco, pertencente aos padres Palotinos, a desafiou a coordenar este movimento. “O padre João era um homem de visão e queria que nós nos encontrássemos cada vez mais com Jesus. Ele percebeu que o COR traz uma fluorescência muito grande à Igreja. A comunidade de Odivelas foi renovada pelos encontros do COR. Os responsáveis da catequese, os ministros da comunhão, os leitores, etc., muitos, são frutos do COR”, refere esta leiga, que nasceu em Angola e veio com os pais para Lisboa quando tinha três meses e que diz ter tido “uma educação religiosa numa família não praticante”. “O COR também mudou a minha vida”, garante.

 

Dinâmica ‘secreta’

O Curso de Orientação Religiosa nasceu dos Cursilhos de Cristandade. “No Brasil, os responsáveis perceberam que os Cursilhos eram difíceis, porque eram três dias em que as pessoas tinham de dormir, tinham que pagar e, de certa forma, condensaram a estrutura do Cursilho, em termos de ideias daquilo que é o ‘corredor’ do encontro com Jesus, e condensaram-no num sábado à tarde e num Domingo”, explica esta responsável. Ana Isabel diz “não poder revelar pormenores do encontro, nem o que lá acontece”. Ainda assim, confidencia que o COR “começa no sábado à tarde, por volta das 14h00, e prossegue no Domingo, durante o dia inteiro – mas sem dormida”. “Tem sempre um diretor espiritual, sacerdote, que acompanha o encontro, e há um tempo de oração, de formação, de partilha – que também é importante para nos construirmos –, entre outras coisas, e termina com a Missa de encerramento, em que convidamos aqueles que já fizeram anteriores COR’s”, revela. “Somos um encontro aberto. Recebemos toda a gente”, frisa.

Nos primeiros anos, a paróquia de Odivelas fazia “cinco, seis COR’s por ano pastoral”. Hoje, organizam dois: um em outubro-novembro, que procuram que “seja de Jovens, a partir dos 15 anos”, e outro em fevereiro-março, “para Adultos”. “O COR tem este target de primeiro anúncio, que por vezes acaba por não ser de primeiro anúncio para quem já está na Igreja, mas acaba por reacender a fé e dar uma visão nova sobre as coisas de Deus”, considera. “É um trabalho que alicerça muita a comunidade. Não podemos perder o foco do primeiro envio da Igreja: ‘Ide e anunciai’”, acrescenta.

 

Ajudar a vida cristã

O maior COR na paróquia de Odivelas, “ainda no tempo do padre João Sopicki”, teve 127 jovens. “Foi maravilhoso”, diz Ana Isabel. Em média, os encontros têm entre 50 a 60 pessoas. “No final do COR, todos são convidados a dizer ‘Sim’, como Maria. Lançamos desafios e deixamos pistas para a vida cristã”, refere esta responsável, sublinhando que “só se faz o COR uma vez na vida”. “Depois disso, podem fazer o trabalho de coordenação de um COR, porque é sempre uma pessoa diferente a organizar”, elucida.

Casada e mãe de três filhas, de 17, 6 e 4 anos, Ana Isabel refere que a filha mais velha, Sara, fez o COR no ano passado. “Foi maravilhoso, foi um encontro muito bonito. Ela era uma jovem que, após o Crisma, estava a começar naquela fase do ‘não vou à Missa’, porque na escola está rodeada de gente que não vai. Agora, mesmo quando não está connosco, vai à Missa sozinha. É um fruto do COR”, assegura esta mãe, lembrando que, na paróquia de Odivelas, procuram que os jovens do Crisma “passem pelo COR”. “É uma experiência que ajuda muito a vida cristã”, termina.

 

Experiência “incrível”

Christel Gomes, hoje com 33 anos, fez o COR em 2006, em Sintra, então com 15, 16 anos. “O fim-de-semana do COR foi uma das experiências mais incríveis e mais marcantes de vivência da fé cristã que tive até hoje. Já se passaram alguns anos, mas foi um marco na minha vida”, testemunha Christel, ao Jornal VOZ DA VERDADE. “Eu era uma miúda, mas lembro-me de ter vivido o COR, de absorver tudo o que estava a viver; mas, acima de tudo, a recordação que mais guardo com carinho, no meu coração, é a oportunidade para estarmos frente a frente, num encontro pleno, com Jesus. É de facto um fim-de-semana em que isso é claramente visível. Ninguém que faz o COR deixa de dizer isto”, garante esta jovem. Tal como Ana Isabel, Christel refere “não poder contar” como se desenrola o Curso de Orientação Religiosa, mas traça uma imagem. “Como me disseram, o COR é como uma laranja: temos de ir de coração aberto, para podermos desfrutar desta laranja, seja ela amarga, doce, sumarenta ou com menos sumo. Temos mesmo de ter esta disponibilidade, o coração aberto, para recebermos algo, que sabemos que vem de Jesus, mas não sabemos bem o que é”, explica.

Após fazer o COR, Christel manteve “uma grande vivência cristã”, sempre ligada à paróquia de Sintra, participando no coro, no grupo de jovens, na catequese. Anos mais tarde, em 2012, é convidada para organizar o primeiro COR do Algueirão. “Foi aí que começou a minha grande viagem no COR. Fazer o COR é algo muito importante, mas organizar um COR é mesmo muito marcante. É um fruto espiritual na nossa vida”, conta, referindo “já ter ajudado a organizar mais de 15”. Christel namorou depois com um rapaz de Algueirão, “que também já tinha feito o COR”, casando em 2014, sendo agora esta a sua paróquia. “Tem sido uma grande vivência numa comunidade que me acolheu”, salienta. “Costumamos dizer que há um a.C., antes de Cristo, e um d.C., depois de Cristo, mas também há um a.C. antes de COR e um d.C. depois de COR, porque, de facto, o COR é algo que marca e que muda a nossa vida para sempre. É mesmo um grande encontro com Cristo!”, assegura Chrsitel Gomes.

 

“Um novo ânimo”

Pároco de Tornada e de Salir do Porto, o padre Samuel Pulickal considera que a chegada do COR às suas paróquias “foi providência de Deus”. “Uma senhora de Odivelas tem familiares em Salir do Porto e, na altura da Páscoa de 2021, o casal veio à Missa e, no final, falou-me do COR. Eu não sabia o que era o movimento, mas como íamos organizar um retiro para os jovens que iam ser crismados, avançámos”, conta o sacerdote indiano, ao Jornal VOZ DA VERDADE. O primeiro COR destas paróquias da Vigararia de Caldas da Rainha-Peniche aconteceu então em junho desse ano e os frutos não se fizeram esperar. “Foi uma experiência maravilhosa! Mesmo com as pessoas com receio, após o confinamento, foi possível fazer uma ação de evangelização que suscitou bons frutos. Os jovens, que estavam dispersos, a partir daquele momento ganharam orientação, criaram um grupo de jovens e assumiram compromissos: alguns são catequistas, outros estão no coro e todos estão a preparar-se para a Jornada Mundial da Juventude”, refere, satisfeito, o padre Samuel.

Através dos catequistas, “que também aderiram ao COR”, tem sido possível “chegar aos pais das crianças da catequese”, que assim se têm “aproximado”. No último ano e meio, têm sido organizados diversos COR, paroquiais e interparoquiais, com Salir de Matos e Coto, e, a partir desta experiência, as paróquias “ganharam um novo ânimo”. “Isso é que é fantástico”, diz. “É preciso criar alguma dinâmica de primeiro anúncio para todos. Achamos que as pessoas que colaboram nas paróquias são pessoas de muita fé, mas a partir de certa altura percebemos que é preciso evangelizar estas pessoas que têm fé. O COR é um excelente instrumento de evangelização neste sentido”, garante o pároco de Tornada e de Salir do Porto.

 

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Fazer do COR um movimento da Igreja?

A coordenadora do COR na paróquia de Odivelas acredita que esta experiência “está a caminho de ser um movimento da Igreja”. “Fizemos o desafio ao Patriarcado de Lisboa para olhar para nós, porque começamos a ter muitos pedidos de sacerdotes, e assim teríamos uma estrutura organizada para podermos ajudar outras paróquias”, explica Ana Isabel, responsável na paróquia raiz onde esta experiência chegou a Portugal. “Quando alguém quer um COR, vem ter connosco”, lembra.

Nos últimos anos, realizaram-se COR’s em paróquias como Arroios, Sintra, São João das Lampas, Cascais, Colares, Óbidos, Algueirão, Bobadela, Runa e, mais recentemente, Tornada, Salir do Porto, Salir de Matos e Coto. “Nós, leigos cristãos apaixonados por Nosso Senhor, precisamos de ajuda para trazer o COR para as paróquias. Sem os padres, é muito difícil. O desafio que deixaria aos sacerdotes é que coloquem esta estrutura a funcionar nas suas paróquias. Não precisa de ser seis vezes por ano, basta uma ou duas, e vão ter frutos nas suas paróquias. Há padres que se queixam que não têm catequistas ou leitores, pois este é um encontro que dá fruto espiritual, um fruto sério, bonito, que compromete as pessoas. A nossa paróquia foi renovada com o COR e outras paróquias estão também a ser renovadas por estes encontros”, assegura esta responsável.

Informações: 916683271 ou geral.cor.pt@gmail.com

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por COR - Curso de Orientação Religiosa
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