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Roma
“Discernir requer sobretudo uma relação filial com Deus”
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O Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses, sobre o discernimento. Na semana revelou a intenção de oração para setembro, o Papa teve um encontro inédito com quase 200 cardeais de todo o mundo, foi a Áquila e deixou uma pergunta aos novos cardeais.

 

1. O Papa iniciou um ciclo novo de catequeses, sobre o tema do discernimento. “Discernir é um ato importante que diz respeito a todos, pois as escolhas são parte essencial da vida, pois nelas se concretiza o nosso projeto de vida e a nossa relação com Deus”, explicou, durante a audiência-geral de quarta-feira, 31 de agosto. Na Sala Paulo VI, no Vaticano, Francisco destacou que, “à luz das imagens – tiradas da vida quotidiana – que Jesus utiliza no Evangelho, o discernimento apresenta-se como um exercício de inteligência, aptidão e vontade”. “Discernir é algo exigente, mas é indispensável para viver e requer conhecimento próprio, isto é, que eu saiba qual é o bem para mim no momento e situação em que me encontro, mas requer sobretudo uma relação filial com Deus, que é Pai e não nos deixa sós, que está sempre disposto a aconselhar-nos, encorajar-nos e a acolher-nos, mas que nunca impõe a Sua vontade, pois Ele quer ser amado, não temido, e o amor só se vive quando há liberdade”, garantiu.

Neste encontro público semanal, o Papa destacou ainda o Tempo da Criação. “Amanhã [quinta-feira, dia 1 de setembro] celebraremos o Dia Mundial de Oração pela Criação, e o início do Tempo da Criação, que terminará a 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis. Que o tema deste ano, ‘Ouve a voz da Criação’, possa fomentar em todos um compromisso concreto para cuidar da nossa casa comum”, desejou, não esquecendo a violência no Iraque: “Acompanho com preocupação os violentos acontecimentos ocorridos em Bagdad nos últimos dias. Peçamos a Deus em oração que conceda a paz à população iraquiana. No ano passado tive a alegria de a visitar, e senti de perto o grande desejo de normalidade e convivência pacífica entre as diferentes comunidades religiosas que a compõem”.

 

2. ‘O Vídeo do Papa’ de setembro, com a intenção de oração que o Santo Padre confia à Igreja através da Rede Mundial de Oração do Papa, convida a rezar “para que a pena de morte, que atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, possa ser abolida nas leis de todos os países do mundo”. O Santo Padre assinala que “a pena de morte não oferece justiça às vítimas, mas encoraja a vingança”. “A pena de morte é inadmissível”, garante.

 

3. O Papa Francisco teve a reunião com a mais ampla participação de cardeais do mundo no seu pontificado, e deixou um alerta. “A Palavra de Deus hoje desperta em nós admiração de estar na Igreja, a admiração de ser Igreja! Voltemos a esta admiração inicial, batismal! E é isso que torna atraente a comunidade dos crentes, primeiro para si e depois para todos: o duplo mistério de ser abençoado em Cristo e ir com Cristo ao mundo. E essa admiração não diminui em nós com o passar dos anos, nem diminui com o crescimento das nossas responsabilidades na Igreja. Graças a Deus não. Fortalece-se, torna-se mais profunda. Estou certo de que é assim também para vós, queridos Irmãos, que entrastes a fazer parte do Colégio Cardinalício”, disse o Papa, na homilia da Missa a que presidiu na Basílica de São Pedro, no encerramento de dois dias de debate com 197 cardeais, sobre a reforma na Cúria Romana, a 29 e 30 de agosto.

 

4. Numa breve visita à cidade italiana de Áquila, a 28 de agosto, o Papa encontrou-se com familiares das vítimas do terramoto e manifestou proximidade à comunidade, reunida na Praça da Catedral. “A memória é a força de um povo, e quando essa memória é iluminada pela fé, esse povo não fica prisioneiro do passado, mas caminha no presente voltado para o futuro, mantendo-se sempre ligado às raízes e valorizando as experiências passadas, boas e más”, referiu Francisco, num breve discurso. “A vossa gente de Áquila mostrou um caráter resiliente que, enraizado na vossa tradição cristã e cívica, permitiu resistir ao impacto do terramoto e iniciar imediatamente o corajoso e paciente trabalho de reconstrução”, acrescentou, visitando depois o interior da Catedral, de cadeira de rodas e com a cabeça protegida por um capacete, onde observou o nível de destruição causada pelo terremoto, que impede ainda hoje os fiéis de entrarem naquela igreja.

 

5. O Papa pediu aos novos cardeais que sejam homens de zelo apostólico, “animados pelo fogo do Espírito para cuidar corajosamente das coisas grandes e pequenas”. Na homilia que proferiu durante o Consistório, que se realizou na tarde de 27 de agosto, na Basílica de São Pedro, Francisco recordou aos novos purpurados que “um Cardeal ama a Igreja, sempre com o mesmo fogo espiritual, tanto nas grandes questões como nas pequenas; tanto no encontro com os grandes deste mundo, como com os pequenos, que são grandes diante de Deus”.

O Papa destacou o exemplo do antigo cardeal Secretário de Estado, Agostinho Casaroli. Um diplomata “famoso pelo seu olhar aberto para apoiar, com diálogo sábio, os novos horizontes da Europa depois da ‘Guerra Fria’ – e Deus não permita que a miopia humana volte a fechar aqueles horizontes que ele abriu!”, acrescentou Francisco. “Mas, aos olhos de Deus, são igualmente valiosas as visitas que ele fazia regularmente aos jovens detidos em uma prisão juvenil em Roma, onde era chamado de ‘Padre Agostino’”, afirmou. O Santo Padre apontou ainda para o exemplo de um outro cardeal, o vietnamita Van Thuân, que no século XX sofreu atrocidades em várias prisões comunistas no seu país e passou 13 anos em cela de isolamento solitário.

Com o Colégio Cardinalício com 132 cardeais eleitores, Francisco concluiu com uma pergunta desafiante: “Ele chama-nos pelo nome, olha-nos nos olhos e pergunta a cada um: ‘Posso contar contigo?’”. O Papa Francisco presidiu ao oitavo Consistório do seu pontificado, em que criou 20 novos cardeais, 16 dos quais com menos de 80 anos, que podem votar na eleição do seu sucessor.

Após o Consistório público ordinário, o Papa Francisco e os 20 novos cardeais visitaram o Papa emérito, no Mosteiro Mater Ecclesiae. Numa nota, a Sala de Imprensa da Santa Sé diz que os novos cardeais visitaram Bento XVI para uma “breve saudação”.

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