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“Deus não se assusta com os nossos pecados”
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O Papa Francisco convidou à “revolução da ternura”. Na semana em que enviou ajuda às Filipinas e aos migrantes na fronteira Polónia-Bielorrússia, o Papa mostrou-se solidário com vítimas de cheias no Brasil, aprovou o lema do Jubileu de 2025 e garantiu, em entrevista, estar “próximo” dos pais que sofrem em todo o mundo.

 

1. O Papa Francisco garantiu, na audiência-geral de quarta-feira, que Deus não se assusta com os pecados de cada um. “Vamos colocar isso na nossa cabeça: Deus não se assusta com os nossos pecados, é maior do que os nossos pecados. É pai, é amor, é terno. Não se assusta com os nossos pecados, erros e quedas, mas assusta-se com o fechamento do nosso coração – isto sim, faz Deus sofrer – e com a nossa falta de fé no seu amor”, assegurou o Papa, no dia 19 de janeiro. “Todos nós temos contas para resolver, mas fazer as contas com Deus é algo belíssimo, porque nós começamos a falar e Ele abraça-nos. É a ternura de Deus”, acrescentou.

Para o Papa, esta “revolução da ternura” é fundamental para se ter uma nova forma de entender e aplicar a justiça, que deve dar esperança a quem é punido. “Sem esta ‘revolução da ternura’, corremos o risco de permanecer prisioneiros numa justiça que não permite erguer-se facilmente e que confunde a redenção com castigo”, observou Francisco, acrescentando: “É justo que quem errou pague pelo próprio erro, mas é ainda mais justo que quem errou possa redimir-se do próprio erro. Não podem existir condenações sem ‘janelas’ de esperança, que permitam um caminho para uma vida melhor”.

No encontro público semanal, na Sala Paulo VI, no Vaticano, o Papa lamentou ainda a destruição causada pela erupção de um vulcão submarino nas ilhas de Tonga, que deu origem a um tsunami na região. “O meu pensamento vai para as populações atingidas nos últimos dias pela erupção do vulcão submarino, que provocou elevados danos materiais. Estou espiritualmente próximo de todas as pessoas atingidas, implorando a Deus que alivie o seu sofrimento”, afirmou Francisco.

 

2. O Papa Francisco enviou uma contribuição de 100 mil euros à Igreja das Filipinas, para ajudar o país asiático a minimizar as consequências do tufão Rai, que segundo fontes das Nações Unidas atingiu cerca de oito milhões de pessoas em 11 regiões, causando extensos danos materiais. “A quantia será enviada à Igreja local e destinada às dioceses mais afetadas pelo desastre a serem utilizadas em trabalhos assistenciais. Pretende-se que seja uma expressão imediata do sentimento do Santo Padre de proximidade espiritual e incentivo paterno para com as pessoas e territórios afetados”, refere o comunicado do Vaticano. O documento acrescenta que “esta contribuição, que acompanha a oração em apoio à amada população filipina, faz parte da ajuda que está a ser ativada em toda a Igreja Católica e que envolve, além de várias Conferências Episcopais, inúmeras organizações de caridade”.

O Papa decidiu também enviar uma contribuição de 100 mil euros “a favor dos grupos de migrantes bloqueados entre a Polónia e a Bielorrússia e em auxílio da Cáritas Polaca para enfrentar a emergência migratória na fronteira entre os dois países, devido à situação de conflito que já dura há mais de 10 anos”.

 

3. O Papa mostrou-se solidário com as vítimas das cheias no Brasil. No passado Domingo de manhã, 16 de janeiro, depois do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano, Francisco pediu força aos que estão a prestar socorro. “Exprimo a minha solidariedade com os que sofreram com as fortes inundações em diversas regiões do Brasil nas últimas semanas. Rezo em particular pelas vítimas e pelos seus familiares e por aqueles que perderam a casa. Que Deus dê forças aos que prestam o seu socorro”, rezou. As cheias provocaram dezenas de mortes e deixaram sem casa 30 mil pessoas. O estado de Minas Gerais foi o mais afetado, mas a Bahia também foi atingida. No total, foram afetadas mais de 600 mil pessoas.

 

4. ‘Peregrinos de esperança’ é o lema do 27.º Jubileu ordinário da história da Igreja, em 2025. O lema foi aprovado pelo Papa Francisco, que confiou a organização do evento ao presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, D. Rino Fisichella. Em entrevista a um canal de televisão italiano, o arcebispo italiano revelou que “a preocupação do Papa é que o Jubileu de 2025 seja preparado da melhor maneira possível”. “Há muito trabalho a ser feito”, sublinhou, defendendo que “é fundamental ter um sólido impacto preparatório” e “criar uma máquina organizadora eficiente”. O acolhimento dos peregrinos para o Ano Santo é uma das prioridades, uma vez que são esperados milhares de fiéis em Roma.

 

5. O Papa Francisco deixou uma mensagem aos pais que sofrem em todo o mundo. A entrevista aos media do Vaticano, divulgada no passado dia 13 de janeiro, tem como tema principal o recente Ano de São José, concluído a 8 de dezembro de 2021, e nela o Papa explica que o mesmo foi convocado em função do momento difícil que se estava a viver. “Pensei que num momento tão difícil tínhamos necessidade de alguém que pudesse encorajar-nos, ajudar-nos, inspirar-nos, para entender qual é o modo correto para saber enfrentar esses momentos de escuridão. José é uma testemunha luminosa em tempos sombrios. Eis porque era correto dar-lhe espaço neste momento, para poder encontrar o caminho”, explicou o Papa. Francisco sente-se “muito próximo ao drama daquelas famílias, daqueles pais e mães que vivem uma dificuldade particular”, agravada sobretudo pela pandemia, e disse acreditar que “não seja um sofrimento fácil de ser enfrentado o de não conseguir dar pão aos filhos e de se sentir responsável pela vida dos outros”.

Na entrevista, o Papa volta a alertar para o drama da guerra e dos refugiados. “Penso em tantos pais, tantas mães, tantas famílias que fogem das guerras, que são rejeitadas nas fronteiras da Europa e não somente, e que vivem em situações de dor, de injustiça e que ninguém leva a sério ou ignora deliberadamente”, sublinhou. “Gostaria de dizer a estes pais, a estas mães, que para mim eles são heróis, porque encontro neles a coragem daqueles que arriscam as suas vidas por amor aos seus filhos, por amor às suas famílias”, acrescentou, lembrando que “também Maria e José experimentaram este exílio, esta provação, tendo de fugir para um país estrangeiro por causa da violência e do poder de Herodes” e que “esse sofrimento deles os torna próximos destes irmãos e irmãs que hoje sofrem as mesmas provações”. “A todos eles e às suas famílias, gostaria de dizer que não se sintam sós! O Papa sempre se lembra deles e, na medida do possível, continuará a dar-lhes voz e a não se esquecer deles”, garantiu.

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