Lisboa |
Centro Social e Paroquial do Bombarral celebra 75 anos
“Uma casa de companhia e paz”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa considera que os centros socais paroquiais “são, sobretudo, um lugar de companhia”. Presente na comemoração dos 75 anos do Centro Social e Paroquial do Bombarral, a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, deixou uma mensagem de “profundo agradecimento” à instituição que “tem mudado a vida a muita gente”, e que, “oportunamente”, se passará a chamar Centro Social Padre Fernando Diogo, segundo revelou o pároco.

 

São 14h30, de dia 18 de outubro, e estamos a cerca de meia hora da Missa festiva do 75.º aniversário do Centro Social e Paroquial do Bombarral. No adro da igreja matriz, um grupo de utentes do lar desta instituição desce, ao seu ritmo, os degraus do pequeno autocarro que os trouxe para a celebração. Maria das Mercês Cardoso, de 89 anos, é das mais sorridentes e é cumprimentada por muitos bombarralenses. É residente do lar há quase cinco anos e não podia faltar à festa. “Vai fazer cinco anos, no dia 7 de dezembro, que estou no lar”, diz, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Açoriana, casou e veio com o marido – também ele natural das ilhas – para o Bombarral “há muitos anos”. “Talvez nos anos 50, e por aqui fiquei”, conta. “O meu marido era empregado no Externato Académico do Bombarral, que depois passou para o Patriarcado”, esclarece. A sua ligação à instituição começa precisamente com o cônjuge. “O meu marido esteve no lar sete anos e eu ia lá todos os dias! No início, tinha menos gente e era mais calmo”, observa. Atualmente, é utente desta obra da Igreja. “Começo a sentir o peso do cansaço, por isso é que tenho que estar no lar. Tenho um filho que está no Canadá e outro que está na Lourinhã”, justifica. Sobre o dia a dia na instituição, Mercês destaca os “muitos trabalhos a fazer”. “Todos os dias, temos um dia para lembrar, seja o dia do idoso ou outro qualquer, e fazemos qualquer coisa sobre esse assunto. Temos mesmo muitos trabalhos”, refere, satisfeita. Muito do tempo no lar é também passado em oração. “Costumamos rezar muito. No princípio, eu rezava o terço na capela. Já quando ia visitar diariamente o meu marido, rezávamos o terço à terça e à sexta-feira. Agora, com isto da pandemia, as coisas são diferentes e vemos o terço na televisão, na Canção Nova, e rezamos assim”, conta. “E as Missas também”, termina Maria das Mercês Cardoso, uma utente do lar do Centro Social e Paroquial do Bombarral.

 

“Magnífica aventura da caridade”

Esta obra da Igreja, fundada há 75 anos pelo então pároco do Bombarral, padre Fernando Diogo, tem hoje, além do lar e do centro de dia, as valências de creche e pré-escolar e também o CLDS - Contrato Local de Desenvolvimento Social. No início da celebração desta efeméride, o Cardeal-Patriarca de Lisboa agradeceu a “todos os que levam por diante esta magnífica aventura da caridade”. “Que o Centro Social e Paroquial do Bombarral continue assim, atento, preciso e eficaz a acudir às necessidades daqueles a quem assiste”, desejou D. Manuel Clemente.

Na sua homilia, o Cardeal-Patriarca destacou depois a importância da companhia. “O que aconteceu aqui, de melhor, nos 75 anos de vida deste centro foi essa companhia, o estar perto. Em primeiro lugar, daqueles que mais precisavam de apoio – e recordamos como começou, aqui, esta obra de bem fazer, a casa de trabalho, para que as jovens que não tinham passassem a ter e que, depois, também soubessem cuidar dos seus filhos. Era preciso acompanhar esta situação e foi dessa perceção que nasceu a resposta do Centro Social do Bombarral, a que depois se acrescentou aquilo a que nós chamamos valências, desde os mais pequeninos até àqueles que são pequeninos há mais tempo”, recordou. “Acompanhemos. A companhia é muito necessária, muito precisa e tão importante! E estas casas são casas de companhia. Um centro como é este do Bombarral é sobretudo um lugar de companhia”, acrescentou.

Perante vários utentes da instituição, dos mais novos aos mais velhos, D. Manuel Clemente sublinhou também a importância da paz. “Onde nós chegarmos, que chegue a paz. A vossa casa, o vosso centro, que seja um lugar de paz, como realmente é, onde as pessoas se sintam bem, por fora, com certeza, em toda a sua parte física, mas que por dentro se sintam em paz”, desejou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, assegurando a sua presença “com muita alegria e envolvimento” na celebração festiva, para “agradecer a Deus esta obra do Centro Social e Paroquial do Bombarral”. “75 anos de companhia e 75 anos de paz”, terminou.

 

“Mudar a vida a muita gente”

Presente na Eucaristia dos 75 anos do Centro Social e Paroquial do Bombarral, a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social começou por “dar os parabéns” à instituição e manifestar o seu “profundo agradecimento” pela “resposta às comunidades” neste tempo de pandemia. “À semelhança do que aconteceu em todo o país, o Centro Social do Bombarral esteve na primeira linha a responder a quem precisava, quando precisava, onde precisava, mostrando como este dinamismo do setor social, de estar onde as pessoas precisam, é o modelo que temos, cada vez mais, de reforçar e garantir que acontece da melhor forma”, apontou Ana Mendes Godinho, na breve cerimónia protocolar, destacando a “missão” e “visão de serviço aos outros” da instituição da Igreja. “Estes são tempos de uma enorme mobilização de todos nós. A pandemia também nos ajudou a recentrar as nossas prioridades e a perceber que nós temos mesmo de acelerar do ponto de vista das respostas à comunidade, seja no combate à pobreza – que nenhum de nós pode aceitar como uma fatalidade –, seja nas respostas ao desafio demográfico, mas também a garantir aos nossos jovens que este é mesmo um país para viver e que tem condições para terem crianças”, sublinhou a ministra.

Para Ana Mendes Godinho, o Centro Social e Paroquial do Bombarral “tem marcado a sua presença permanente” e tem “criado condições para mudar a vida a muita gente”. “Este centro social é um exemplo de como o setor social é a melhor forma de como a sociedade civil e o Estado se organizam, em conjunto, para mobilizar recursos, para servir os outros. São 75 anos de serviço, uns aos outros, na comunidade”, realçou.

A Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social terminou a sua intervenção com uma “mensagem de profunda esperança”. “A parceria entre o Estado e o setor social tem de ser, cada vez mais, aprofundada, para que possamos servir melhor as pessoas. Como dizia o senhor D. Manuel, o bem tem pressa. A esperança que vivemos neste momento é a de garantir que fazemos o bem mais depressa e chegamos mais rapidamente às pessoas. Muitos parabéns ao Centro Social e Paroquial do Bombarral por colocar sorrisos em cada uma das pessoas que serve e por colocar sempre o serviço dos outros como o bem prioritário que nos move”, terminou a responsável do Governo com a pasta da solidariedade social.

 

Engrandecer o Bombarral

Antes, tinha falado o presidente da Câmara Municipal do Bombarral que reconheceu “o mérito” do padre Fernando Diogo que, pela “sua dedicação, empenho e dinâmica”, contribuiu para “o engrandecimento do Bombarral”. “Importa recordar hoje as suas preocupações de cariz social que o levaram a criar respostas para as problemáticas sociais que encontrou nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial, com especial enfoque nas crianças. Soube envolver a altruística juventude bombarralense”, lembrou Ricardo Fernandes, na cerimónia protocolar, destacando que “os cuidados de higiene e médicos e o fornecimento de refeições completas às crianças atestam o espírito inovador e solidário” da instituição.

O autarca sublinhou que esta obra social da Igreja esteve “sempre atenta à realidade social e às necessidades” da população. “Sempre exemplo a realçar a criação de um lar para a terceira idade, na década de 70”, apontou. “Ao celebrar os seus 75 anos, o Centro Social e Paroquial do Bombarral e os seus atuais responsáveis continuam na primeira linha das respostas às emergências sociais deste concelho”, acrescentou.

Ricardo Fernandes deixou ainda “uma palavra” para “a primeira presidente da casa, a dona Elvira Mil-Homens, recentemente falecida, com 100 anos”, e assegurou que a instituição poderá “sempre” contar com a ajuda do município. “Poderão sempre continuar a contar com a Câmara Municipal do Bombarral para que a obra que o padre Fernando Diogo lançou para todos nós possa continuar a crescer e a ser motivo de orgulho para esta terra que se quer de progresso e qualidade de vida”, assegurou o autarca bombarralense.

 

Fraternidade aberta a todos

A cerimónia protocolar foi inaugurada pelo presidente da direção do Centro Social e Paroquial do Bombarral, que começou por anunciar que a instituição vai mudar de nome [ver caixa], para depois sublinhar que a obra teve início com uma atividade que considera “ser profética”, dedicada “à dignificação da mulher nas suas diferentes dimensões”. “Quanto bem tem realizado, ao longo destas décadas, neste nosso oeste interior, nem sempre lembrado e valorizado”, frisou o cónego Mário Pais.

Para o futuro, a instituição deseja “continuar esta fraternidade social”, sempre “a fazer pontes, como nos fala o Papa Francisco no seu documento chamado ‘Fratelli tutti’, ‘Todos irmãos’”. “Diz o Santo Padre: ‘Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não excluiu ninguém e uma fraternidade aberta a todos’. Assim desejamos que continue a ser esta obra, nesta vila e concelho”, terminou o pároco e presidente da direção do Centro Social e Paroquial do Bombarral.

 

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Centro Social Padre Fernando Diogo

O presidente da direção do Centro Social e Paroquial do Bombarral anunciou que, “oportunamente”, a instituição vai mudar de nome. “Damos graças pelas bodas de diamante do nosso centro social que passará, oportunamente, a chamar-se Centro Social Padre Fernando Diogo”, anunciou o cónego Mário Pais, na breve cerimónia protocolar, durante a Eucaristia do 75.º aniversário. “Agradecemos a Deus o sonho que o padre Fernando Diogo deixou brotar como semente no seu coração, por inspiração do Espírito Santo”, acrescentou o sacerdote, pároco do Bombarral.

Natural de Santa Isabel, em Lisboa, onde nasceu a 27 de março de 1918, o padre Fernando Diogo foi ordenado sacerdote a 6 de julho de 1941 e, a 19 de setembro desse ano, é nomeado pároco do Bombarral e Roliça, ficando até 1956, ano em que assume as paróquias da Chamusca e Pinheiro Grande, atualmente pertencentes à Diocese de Santarém. O sacerdote faleceu a 8 de março de 2011, a poucos dias de completar 93 anos. Junto à Casa de São José, onde se encontram as valências de creche e pré-escolar do Centro Social e Paroquial do Bombarral, está colocado um busto do padre Fernando Diogo, fundador desta obra, numa homenagem da instituição bombarralense que vai, oportunamente, passar a ter o seu nome.

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