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A Igreja e as novas tecnologias, por A. Pereira Caldas
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Numa altura e num mundo em que a Comunicação Social se assume, mais e mais, como um verdadeiro quarto poder, com todas as vantagens e inconvenientes que ser poder acarreta, numa altura também em que as novas tecnologias da informação abrem portas e perspectivas há bem pouco tempo inimagináveis, a mensagem de Bento XVI ganha foros de enorme oportunidade e importância.
Seria, de facto, impensável que a Igreja não aproveitasse ao máximo as quase ilimitadas capacidades que o mundo digital coloca ao seu dispor, como instrumentos valiosíssimos ao serviço sobretudo do apostolado, no trilho de uma nova evangelização, necessária como pão para a boca nos dias conturbados – complexos, caóticos, insólitos – que fazem este nosso tempo cada vez mais secularizado.
Quer dizer, num plano mais pragmático, que, como sublinha o Papa, “o mundo digital oferece ao sacerdote novas possibilidades para exercer o seu serviço à Palavra e da Palavra”.
E aqui merece especial relevo o universo de destinatários a que a Igreja se dirige. Naturalmente, é nos jovens que as novas tecnologias encontram uma receptividade mais entusiasta – o que significa que, ao servir-se desses meios para difundir a sua mensagem, é à juventude que o anúncio do Evangelho chega mais facilmente e, o que é fundamental, dentro da matriz dos seus interesses. Isto é, a mensagem vai ao encontro dos jovens, sem ser necessário que eles a procurem. E é pelos jovens que passa, em grande parte, o futuro da Igreja.
Há, no entanto, riscos que é preciso ter em conta. A Internet é um espaço multifacetado onde cabe tudo ou quase tudo. Assim como pode ser usada para o bem, também o pode ser – e em igual medida – para o mal. Muitas vezes insidiosamente. E, sem que se dê por isso, o verdadeiro mistura-se com o falso, a realidade desfaz-se em ficção, os valores invertem-se ou reciclam-se noutros “valores” que minam as estruturas fundamentais do homem e das sociedades. Há, pois, que se estar atento. E estar atento implica que se tenha conhecimentos técnicos suficientes para se saber, no momento certo, separar o trigo do joio – e sair do “jogo”. Ou, por outras palavras, e literalmente falando, libertar-se da “rede”…
Mas, particularmente no que se refere à Igreja, há outro perigo – e na sua mensagem, Bento XVI chama para ele a atenção. Diz o Papa que “a divulgação dos multimédia e o diversificado espectro de funções da própria comunicação podem comportar o risco de uma utilização determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a Internet como um espaço a ser ocupado”.
Tem razão o Papa. Este é um risco real que tem de ser evitado. Como acentua, “aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica (…)”. Significa isto que é essencial que os sacerdotes saibam usar com verdadeiro sentido evangelizador os meios técnicos que estão à sua disposição, mas sem esquecer, antes assumindo, que tais meios deverão servir sobretudo para sublinhar ou ilustrar a palavra – a palavra que é, sempre e em todas as circunstâncias, insubstituível.
Poder-se-á concluir, então, que as novas tecnologias de informação são, hoje, para a Igreja instrumentos poderosos que não podem deixar de ser usados. Com prudência, no entanto, e na certeza de que, por muito sofisticados que sejam, não passam de produtos do engenho e do génio humano. Que jamais substituirão o homem.
Afinal, são simplesmente técnica…
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