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?A vida é bela? (Maria Susana Mexia)

O amor à verdade deve levar-nos a procurar uma informação veraz e não parcial. Todo o saber exige um esforço decidido e um exercício permanente de liberdade pessoal que deverá ser tanto maior quanto mais adverso for o ambiente em que vivemos.

Num mundo onde reina a confusão e a falta de um saber coerente existe uma lacuna para se poder compreender e ultrapassar os problemas éticos, novos e velhos, com que tropeçamos, diariamente, no ambiente que nos rodeia.

Nada se conquista com discussões, agressividade e mau humor. Só a clareza, a precisão e o saber, advindo duma maior formação da consciência moral, podem ser o guia e a bússola da nossa vida e da dos outros, quando nos é solicitada a possibilidade de participar democraticamente a favor dos destinos do nosso povo, pelo qual também somos responsáveis.

A dignidade da pessoa humana implica a busca do bem comum, cada qual deve preocupar-se em suscitar e sustentar instituições que melhorem as condições de vida do homem e que não facilitem a morte previamente planificada.

O mistério da vida preside e existe no momento da concepção e o embrião já revela a existência de um novo ser com um património genético próprio, único e irrepetível, com capacidade para evoluir, num processo contínuo, conservando sempre a mesma identidade até que a morte o leve.

O nascituro é portador de todas as potencialidades que ainda não se actualizaram mas, se nada nem ninguém o impedir, hão-de vir a desenvolver-se ao longo do seu crescimento e formação.

Ele é também merecedor de toda a protecção que lhe advém pelo simples facto de ser uma pessoa humana e, o respeito pela vida, é o principal fundamento da ética.

Sabemos que despenalizar ou legalizar não resolve o drama do aborto clandestino ou não, a luta contra esta situação deve antes passar por um planeamento equilibrado da fecundidade, por um apoio decisivo aos progenitores (futura mãe e pai) para quem a maternidade/paternidade é difícil ou até mesmo dramática.

Este será, seguramente, um tempo propício para rever e fortalecer com o nosso conselho e ajuda todos os que, em momentos mais difíceis podem sentir-se tentados a seguir a solução aparentemente mais fácil, não esquecendo que evitar a tragédia do aborto é contribuir para uma cultura de vida, de amor e de solidariedade, para com os que mais precisam, e não de rejeição ou destruição egoísta de toda a riqueza que a primavera da vida transporta, mesmo quando ela se apresenta mais cinzenta ou tempestuosa.

A vida não se compra nem se vende, é um dom que se acolhe, é um bem que se partilha e que, antes de desabrochar, já potencia toda a riqueza e mistério que nos envolve e transcende. Ela é um valor em si própria pelo que merece ser respeitada, preservada e conservado no seu todo de humano e divino que a torna tão ampla e tão bela.