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Liberalização do aborto ? 3 anos após (por Isilda Pegado, Presidente Fed. Port. pela Vida)
Desde há 3 anos que em Portugal o aborto passou a ser livre, a pedido da mulher e pago pelo Serviço Nacional de Saúde.

De 1984 a 2007 muitos foram os que se bateram contra tal lei. Foram 23 anos de uma longa e gloriosa luta pela defesa da Vida, e da dignidade Humana. Foi feita com muito amor, respeito e alegria. Hoje vemos muitos dos nossos jovens, os nossos filhos, com certezas e convicções inabaláveis perante as questões da Bioética e em concreto da defesa da Vida.

Não fazemos as contas ao perder e ao ganhar porque sabemos que estamos no lado certo quando defendemos a Vida. Mas enche-nos o coração quando ouvimos o relato de um deles que na aula de “Ética Médica” ou de “Introdução ao Direito” perante o relativismo e o claudicar dos colegas (e de professores) foram capazes de dizer “a vida humana começa na concepção” ou “todos temos de proteger e defender todas as vidas humanas”. Também eles, hoje, no meio académico, têm um trabalho difícil. Mas têm uma frescura que vem, sabe lá se daquela história, desabrochar numa evidência de arrasar montanhas. Há 20 anos, há 10 anos ou há 5 anos não pensámos nesta dimensão do trabalho que era feito. A nós cabe-nos fazer, os resultados cabem a Outro.

Por isso, com o coração cheio desta alegria dizemos – vale a pena!

Por outro lado, há 3 anos alguns cantaram vitória quando em Fevereiro de 2007 em Referendo o Aborto foi liberalizado. Três anos depois o que vemos? O Gabinete de Estudos da Federação Portuguesa pela Vida fez a recolha e tratamento dos dados oficiais (fornecidos pela Direcção Geral da Saúde) do aborto em Portugal. Pode ser consultado em www.federacao-vida.com.pt. Os dados são chocantes. Mais de 53.000 crianças abortadas. Mais de 50% das mulheres que abortaram ou são estudantes ou desempregadas. Mais de 50% das mulheres que abortaram têm escolaridade acima do 10.º ano de escolaridade.

O aborto tornou-se um método contraceptivo.

Como nos dizia um Pastor Evangélico à dias no XIV Congresso de Profissionais de Saúde Evangélicos - “pergunto-me o que tenho andado a fazer? Eu e talvez os meus colegas. Tratamos de muitas questões cuja importância pode ser questionada. Mas esta, está dentro da nossa Igreja e talvez a tenhamos ignorado” E continuou – “Temos muito a agradecer aos Católicos por durante todos estes anos terem tomado em mãos este serviço ao Senhor”. A beleza desta ecuménica aventura está de facto na raiz que a suporta – A dignidade de toda a Vida humana.

Falar de Direitos Humanos neste início do Séc. XXI é falar de uma aventura que há 2000 anos o Filho do Carpinteiro ousou começar e que hoje se escreve fundamentalmente nas questões da Bioética.

Hoje os mais pequeninos são aqueles que têm menos de 5 centímetros de comprimento, são aquelas que abandonadas à sua sorte são forçadas ao aborto, são aqueles que em fim de vida e com poucas forças se autoflagelam com a pergunta – o que estou eu a fazer aqui?

No próximo dia 27 de Novembro o Papa propõe-nos que se olhe para a “Vida Nascente”. Grande é a expectativa.

Podíamos viver num outro Tempo, mas não era a mesma coisa…